terça-feira, abril 01, 2008

EU TE AMO! COROA DE SONETOS 181

2525

Teu barco... E assim chegamos num remanso

Depois de temporais, várias procelas

O quanto em teus caminhos eu alcanço

A paz, em sentimentos me revelas...

Teu barco... Navegando em mar imenso

Abarco as esperanças que me trazes

No quanto em nosso amor, eu quero e penso

A vida se transforma em tantas fases...

Teu barco... Pensamento libertário

Encontra nesta praia a mansidão.

O amor um bem supremo e necessário

Invade em calmaria o coração...

Teu barco... E assim eu sempre posso ver

Depois da tempestade, o alvorecer...

2526

Depois da tempestade, o alvorecer

No qual em luz suprema eu acredito

Pensando toda noite poder ter
Carinho de quem amo; necessito

Falar de tanta glória e do prazer,
Que encontro junto a ti, amor bonito.
Quem dera se eu pudesse merecer
E ter tanta alegria como rito.

pensando neste amor que não tem fim,
cultivo belas flores no jardim.

Nos braços deste amor eu me agiganto.

Sabendo que encontrei felicidade

Vivendo agora em plena liberdade

Eu quero o nosso amor em belo encanto.

2527

Eu quero o nosso amor em belo encanto,
Seguindo os passos belos, reluzentes,
Coberto pela glória, em raro canto,
Trazendo os dias sempre mais contentes,
Amor vai nos cobrindo com seu manto,
Deixando bem distantes penitentes

Momentos de tristeza que passei,
Rompendo uma alvorada em luz intensa,
De todas as estradas que cruzei
Encontro nos teus braços recompensa,
Amor é nosso lema e nossa lei,
Ternura que se faz, assim imensa.

Vivendo o nosso amor tenho o que quis
E grito ao mundo inteiro: eu sou feliz!

2528

E grito ao mundo inteiro: eu sou feliz!

Outrora vislumbrara a paz suprema.

Pensando ter comigo o que mais quis

Rompendo com passado cada algema.

Correntes e grilhões já esquecidos

Deixados para trás... Pura ilusão

Miragens embelezam os tecidos?

Aos poucos a ruína toma o chão.

Quem dera se eu pudesse. Quem me dera...

Não tenho outro caminho, sigo só.

O vento que trazia a primavera

Estorna a fantasia e deixa o pó.

A vida preparando esta surpresa:

À noite a solidão, trama a tristeza

2529

À noite a solidão, trama a tristeza
Que faz de nossa vida merencória.
Porém amor espalha tal beleza
Que tudo se reverta em plena glória.
Levados pela forte correnteza,
Deixemos que o amor mude esta história.

Fazendo deste canto qual um hino
Rendendo uma homenagem ao amor.
Futuro mais brilhante descortino,
No peito que se faz tão sonhador.
Bebendo deste amor, eu me alucino,
Diante deste verso embriagador.

A noite solidária vem e tece,
Um sonho que jamais alguém esquece...

2530

Um sonho que jamais alguém esquece

Deixando suas marcas sobre nós.

Amor que com certeza me enlouquece

Tomando com firmeza nossa voz.

À fantasia sempre ele obedece

Atando os mais distantes, ledos nós.

Meu canto como fora alguma prece

Renega o sentimento mais atroz.

Encontro nos teus olhos sedução

A força magistral destes faróis,

Caminho a se buscar e nos propor

Além de simplesmente uma ilusão

Tomando em claridade os arrebóis

Tu sabes quanto eu quero o teu amor.

2531

Tu sabes quanto eu quero o teu amor,
E nisso uma certeza já se faz.
Deitar e repartir nosso calor,
Numa emoção que a vida sempre traz,
Fazendo deste canto, encantador,
Trazendo para a noite calma e paz.

No leito deste rio, feito em sonho,
Navego até chegar à fortaleza,
Mostrando em cada verso o que proponho,
Deitar minha alegria em tal beleza,
Descendo com meu barco, vou risonho,
Levado pelo amor em correnteza.

Viagem que em teus braços, determina,
Amor em perfeição quase divina...

2532

Amor em perfeição quase divina

Expressa um sentimento mais profundo,

O quanto te desejo enfim, menina

Não deixo de pensar um só segundo.

Nas mãos carrego as flores, deixo espinhos

Não vejo mais as trevas do passado.

Deitando em nosso amor tantos carinhos,

Dos olhos deslumbrantes, encantado.

A jóia diamantina que tu trazes,

Ourives dos meus sonhos, deusa e Diva,

Vontades e desejos mais tenazes

Amor tão verdadeiro não nos priva.

Minha alma em teus carinhos vai tão rica

O gozo do prazer nos santifica.

2533

O gozo do prazer nos santifica

Nem mesmo uma tristeza contradiz

Amor que na verdade gratifica
A quem se entrega ao sonho mais feliz.


Felicidade enfim personifica
E mostra nos teu colo o bem que eu quis.
A cada novo dia se edifica
O mundo mais audaz que já prediz


Futuro deslumbrante nos teus braços,
Atando bem mais forte os nossos laços

Vivendo em alegrias, sem descanso.

Audácia tantas vezes bendizia

Além do que pensara em fantasia

De um raro amanhecer eu me afianço.

2534

De um raro amanhecer eu me afianço

Num canto que se mostre mais singelo

Eu quero no teu colo o meu remanso,
Fazendo desta noite um sonho belo,


Contigo um infinito logo alcanço
E todo o meu prazer já te revelo
Falando deste amor, não me canso,
Meu corpo no teu corpo assim atrelo


E bêbado de luz, vou caminhando
Seguido a cada noite te buscando

Colhendo no canteiro a bela flor

Quem dera um beija-flor pudesse ser

Bebendo em tua boca este prazer

Tocado pelo vento deste amor

2535


Tocado pelo vento deste amor
Que traz em cada verso uma emoção,
Outrora tão somente um sonhador,
Entrego-me aos apelos da paixão
Mergulho nos teus braços, teu calor
E sinto neste vento, um furacão.

O mundo não descansa sempre gira,
Perfeito e deslumbrante carrossel,
Eternamente acesa, a bela pira
Trazendo para nós, amada, o céu.
Meu sonho nos teus braços já se atira,
Bebendo em bela fonte, o doce mel

Que torna a nossa vida mais feliz,
Amor em explosão, tudo o que eu quis...

2536

Amor em explosão, tudo o que eu quis

Depois de soçobrar em tempestades.

Clareia em alegrias o céu gris

Traduz com perfeição felicidades.

Navego meu olhar pelas cidades

Deixando no passado a cicatriz

Permito vislumbrar em claridades

O quanto esta esperança já me diz.

Dos erros cometidos, nem mais sombra

Nem mesmo a solidão algoz assombra

Quem faz destes prazeres o seu cais.

Viceja no meu peito esta emoção

Fazendo a mais sublime tradução:

Sonhos de amor, delícias sensuais.

2537

Sonhos de amor, delícias sensuais,
Palavras e vontades que se tocam.
Querendo de teu corpo sempre mais,
Meus olhos em desejos já se alocam
E buscam neste Porto um belo cais,
Voando em liberdade se deslocam

Atravessam os mares, vão além.
Beijando a tua boca, poesia.
Encontram nos teus braços doce bem
Que tantas vezes, juro, assim queria.
O vento em fantasia sempre vem,
Trazendo em cada verso esta alegria

Que mostra a liberdade em pensamento,
Beijando a tua boca, o manso vento...

2538

Beijando a tua boca, o manso vento

Permite que se trace um bom futuro

Tornando verossímil pensamento

Nos braços de quem amo; eu me depuro.

Por vezes expressar amor eu tento,

Cevando em esperança um chão mais duro.

Se às vezes solitário eu mesmo invento

Um tempo que não seja tão escuro

Navego em oceanos mais bravios

Olhares se perdendo, vãos, vazios.

Um dia em fantasia amor alcanço.

Quem sabe um timoneiro possa crer

Tomando em suas mãos ao bel prazer,

Teu barco. E assim chegamos num remanso...

EU TE AMO! COROA DE SONETOS 180

2511

Contando vaga-lumes, tu atrelas

Teus sonhos em meus sonhos, companheiros

Estrelas salpicadas são mais belas

Sentidos entranhando, verdadeiros.

Qual fossemos parceiros dessa sanha

Pensamos alcançar eternidade.

Partida se mostrando agora ganha

No quanto uma alegria nos invade

Coleto cada rastro feito em luz,

Vagando por teus braços sou eterno.

Aonde a fantasia me conduz

Jamais sei solidão nem mais hiberno

No amor nosso destino, eu mesmo traço,

Meu coração seguindo cada passo.

2512


Meu coração seguindo cada passo
Que fazes nesta estrada mais audaz
Tu sabes que eu te quero e não disfarço
Te quero, na verdade muito mais.

Sou teu, apenas isso, meu amor.
Atrás de teus caminhos, acho o meu.
Deitar-me do teu lado, em teu calor,
Amor quando é demais, me convenceu

Do dia que promete ter teu sol
Ardendo em minhas costas, prazeroso,
Deixando uma tristeza em arrebol,
Encontro um canto, leve e mavioso

Nas águas de Iracema, na alva areia,
Desfila radiante esta sereia...

2513

Desfila radiante esta sereia

Desnuda em minha cama, deslumbrante

O fogo de teu corpo me incendeia

O mundo se transforma neste instante.

De toda antiga insânia, a sensatez

Traduz a mais sublime liberdade,

Amor que sem pecados já se fez

Permite reviver a mocidade.

Nos toques mais sutis, bocas ferinas,

Nos beijos mais audazes, paz suprema.

Enquanto com carinhos me dominas

Não vejo mais sequer algum problema

Um mundo fascinante se recria,

Nos braços de quem amo; tal magia...

2514

Nos braços de quem amo, tal magia
Que faz o dia vir iluminado,
Entornas nos teus passos, poesia,
Deixando em cicatriz, bem demarcado


Prazer de estar em tua companhia,
Vivendo nosso sonho, apaixonado

Realizando assim, a fantasia:

Seguir sempre contigo, lado a lado.

Urgindo ser feliz te quero agora,
Ungido pela luz que em ti, aflora

Encanto que este sonho propicie.

Sabendo desta lua enciumada

Eu peço e até suplico a ti, amada

Não deixe que esta noite nos vigie.

2515


Não deixe que esta noite nos vigie,
Escondo-me em teu corpo, e me protejo
Na sede de viver que propicie
As fontes da alegria e do desejo.
E nos esconderijos que amor crie
Deitar felicidade em tanto beijo.

Percorro teus caminhos e concebo
Um vale em emoção e sentimento.
Prazer que assim te dando, eu já recebo
Distante da tristeza e do tormento.
Tomado de carinho, então percebo
Tocando a minha pele, o manso vento.

Regalos desta vida a me mostrar,
O quanto é necessário e bom amar...

2516

O quanto é necessário e bom amar

Deveras a canção jamais negou.

Depois de tanto tempo procurar

A vida num momento te encontrou.

Na barca de meus sonhos teu sorriso

Demonstra em maravilha, ancoradouro

Já tendo em minhas mãos o que eu preciso

Percebo no teu corpo o meu tesouro.

Tu és a redenção, disso estou certo,

Depois dos desenganos no caminho.

O céu que tantas vezes vi coberto

Permite este luar onde me aninho.

Deixando no passado a minha cruz

Amor em tanto amor se reproduz...

2517

Amor em tanto amor se reproduz

Num sonho magistral eu me aprofundo

Amor que é feito em fogo, força e luz,
Não deixa o pensamento um só segundo.


Aos rastros que tu deixas, me conduz,
Vagando no infinito, ganho o mundo.
A roupa transparente em corta-luz
Dos
sonhos e desejos já me inundo


E perco, num momento, a lucidez
Tomado por total insensatez.

Desejos e vontades que viciam.

Durante a noite escura, imersa em trevas

Beleza e claridades, lumes cevas,

Teus olhos são estrelas que me guiam

2518


Teus olhos são estrelas que me guiam
Levando o pensamento bem distante,
Estrelas que divinas já luziam

Tornando o meu caminho fascinante

Momentos mais sublimes propiciam

as horas que te vi, no mesmo instante,
Prazeres e vontades refletiam,
Corcel de uma emoção vai, galopante

Cruzando pelo espaço, qual cometa,
Na jura que se fez, vera e dileta

Tomando em maravilhas o arrebol

Persigo cada passo que tu dás,

Sabendo deste amor em tanta paz,

Seguindo a nossa estrada para o sol.

2519

Seguindo a nossa estrada para o sol,
Que mostra em brilho raro o bom caminho,
Meu coração te busca, um girassol
Que nada poderá fazer, sozinho.
Teus olhos me servindo de farol,
Clareiam divinais, o nosso ninho.

Quem dera se pudesse, um cavaleiro,
Seguindo num galope, passo a passo,
Até chegar ao sonho derradeiro,
Que encontro, mais feliz, no teu abraço.
Tomando em cada brilho, o verdadeiro
Sentido que se empresta ao vero laço

Do amor que emoldurou eternidade
Nas telas divinais: felicidade...

2520

Nas telas divinais: felicidade

Molduras meus desejos, ritos vários.

Insânia se transforma em claridade

Momentos tão sublimes, necessários.

Mudando este cenário em que vivi,

Decifro teus enigmas, sigo em frente

Chegando ao paraíso vejo em ti

O amor que em alegrias se pressente.

Não tendo outro caminho ou solução

Descubro o meu prazer em rica fonte

Vencendo desta forma a solidão

Percebo um raro lume no horizonte

Não vejo nem mais sombras, pois renego,

Destas dores antigas que carrego.

2521


Destas dores antigas que carrego,
Depois de tanto tempo em solidão,
Nos braços de quem amo, enfim navego,
Tocado pela força da paixão.
Quem fora, antigamente quase cego
Percebe, nos teus olhos, a amplidão!

E faço deste amor, estrela guia,
Tramando um sol intenso em minha vida.
Dançando em emoção, a sinfonia
Que um dia pensei morta, assim, perdida.
Dourando o meu cantar em fantasia,
Luzindo uma esperança mais querida.

Vibrando de alegria, encontro em ti,
Amor que tantas vezes, persegui.

2522

Amor que tantas vezes, persegui

Perfeita tradução de maravilha.

Agora que encontrei, prossigo em ti

Fazendo de teu corpo minha trilha.

Andanças sensuais, sem ter fronteiras

Mergulho o meu desejo no teu porto.

Teus gozos se transformam nas bandeiras

Aonde em noite clara eu quero e aporto.

Concebo paraísos, peito aberto,

Refém desta loucura nada temo,

Caminho tantas vezes descoberto

Amor que se mostrando assim supremo

Estampa este cenário e sinto enfim

Tua nudez deitada sobre mim.

2523

Tua nudez deitada sobre mim,
Dois corpos que procuram por prazer
Na noite em fantasia, vão assim,
Vivendo esta alegria de querer
Colhendo em tua boca carmesim,
Loucuras e desejos. Quero ter,

Sentir em tua pele este arrepio,
Suave sensação de amor intenso.
Negando à noite imenso e duro frio.
Amor no qual- querida, sempre penso;
A cada novo sonho em desvario
Do
amor que tanto quero eu me convenço

Do quanto que eu desejo em cada gozo,
Certeza de um prazer delicioso...

2524

Certeza de um prazer delicioso

Iridescente dia se anuncia

Num toque com certeza fabuloso

A gente se entregando em alquimia.

Estrelas ejaculam raras luzes

E nelas a tiara de um prazer.

Caminho aonde em luas me conduzes

Permite num momento perceber

Em forma de delírio a sobremesa

Deitando nossos corpos, sede e fome,

O quanto se deseja, amor nos preza

Escuridão e treva, em brilhos some

Meu corcel libertário nas estrelas,

Contando vaga-lumes, tu atrelas.

EU TE AMO! COROA DE SONETOS 179

2497

Nas asas deste sonho eu me liberto

E bebo a fantasia do querer,

Aguando em esperanças o deserto

Concebo o que desejo e quero crer.

Decifro os teus sinais, caminho certo

Expresso com ternura o meu prazer

Portal do paraíso encontro aberto

A chave dos segredos; passo a ler.

Mistérios do passado, tuas sendas.

Ao mesmo tempo finges serem lendas

E quando me transtornam; sedução

Tu dizes que acertei em cheio o alvo

Porém eu só me encontro, assim, a salvo

Na massa em que se faz gostoso o pão.

2498

Na massa em que se faz gostoso o pão
Amassos e macias mãos velozes.
Em aço se fazendo tais algozes,
Adentram toda noite de verão

No quarto já fartando de emoção
Gemidos sussurrantes viram vozes,
Das calças lá se arrancam em caos coses
Fazendo um alvoroço em turbilhão.

Amor quando ouriçado faz fumaça
Parece tempestade sem ter freio.
Dançando em madrugada, plena praça

A mão invade a blusa e quer o seio.
Querida é bom viver, a vida passa,
Depois? Recordação virando esteio...

2499

Depois; recordação virando esteio

Não tendo quase nada do que fomos

O rio navegando em outro veio

Da fruta que tivemos, nem os gomos.

Guardando nos meus olhos teu retrato

Mentiras que somente o tempo diz.

O nó das ilusões quando eu desato

Prefere me dizer que eu fui feliz.

Saudade, na verdade já falseia

Mudando este cenário noutra vida

Enquanto a lua se mostrava sempre cheia

Toda esperança estava desvalida.

O quanto desvaria o coração

Um médico não mede, em precisão...

2500

Um médico não mede em precisão
Um
sentimento assim que é meio instável.
Remédio que se dá pro coração
Nem sempre na farmácia é encontrável.

Eu só sei te falar deste baião
Que fala de um sintoma demonstrável
Segundo já dizia Gonzagão
Amor é facilmente detectável.

Se enjoas da boneca e não quer chita
E todo o dia quer ser mais bonita
É fácil descobrir por que, menina.

Porém o tratamento, na verdade,
Sendo coisa da própria mocidade,
Não se encontra jamais na medicina...

2501

Não se encontra jamais na medicina

Sequer algo que possa traduzir

A chama que decerto se extermina

E ainda vai teimando em nos luzir.

Saudade maltratando em alvoroço

Pedaços do que fomos; coletando.

Se nela tantas vezes me remoço

Castelos dos meus sonhos desabando.

Ainda se mostrando como bóia

Não deixa que o naufrágio se perceba.

Depois de certo tempo é paranóia,

Desta água amarga a vida não mais beba,

Imagem do passado, decomposta,

Hormônios exalados, carne exposta.

2502

Hormônios exalados, carne exposta
Sangrantes os desejos e os carinhos.
Descubro tuas praias costa a costa
Invado tuas salas, escaninhos.

Arranco a carapaça em cada crosta
Sabores agridoces gins e vinhos
A mesa feita em cama sempre posta
Cabelos e destino em desalinhos.

Cativo deste amor que é redundante
Num círculo de fogo, vicioso.
Enredos que se formam num instante

Aonde a plenitude se completa
Repletos de nós mesmos, dor e gozo
Nos arcos onde somos também seta.

2503

Nos arcos onde somos também seta

Amor fazendo sempre confusão.

Quem dera se eu pudesse ser poeta

Talvez eu vislumbrasse solução.

Porém amor se torna sonho e meta

Deixando para trás a sensação

Da vida se mostrando mais completa

Embora traduzindo turbilhão.

Eu quero ser teu cais e teu saveiro

Vivendo este tormento alvissareiro

Em forças desiguais, somos mutantes.

Ao mesmo tempo enquanto tu não vens

Percebo as maravilhas das miragens

Nas bocas que encontrando; tão distantes.

2504


Nas bocas que encontrando, tão distantes,
salivas são trocadas, sem amor.
Quem dera se pudesse, por instantes
nelas perceber real calor.

Nos corpos misturados, cama e sexo,
apenas o prazer pelo prazer,
acordo, procurando qualquer nexo,
mas nada que permita-me entender.

Apenas tua face em cada rosto
espelhos onde busco mesmo a mim.
Quando em lençóis desejo cede, exposto,
mergulho sem limites, vou ao fim.

Depois da farsa inútil revelada,
desnuda, outra mulher... Não restou nada...

2505

Desnuda, outra mulher... Não restou nada

Daquela que se foi e quis voltar

Imagem nos meus olhos transtornada

Mentindo à fantasia nega o mar.

O quanto se demonstra disfarçada

Trazendo num momento um novo olhar

A boca que queria ser beijada

Mudando este cenário, faz chorar.

Depois de tanta festa, tempestades

Inundam com certeza o velho rio

Do quanto se mostrou em desvario

O rosto feito em mágoas não conquista

Saudade num momento ainda avista

Diademas estrelares, liberdades...

2506

Diademas estrelares, liberdades,
Orquestrando meus sonhos, passam breves,
Compotas de emoções, felicidades
Em cânticos noturnos, belos, leves...

Dos olhos de quem amo; claridades,
Palavras de carinho- eu peço- leves
Contigo para sempre – eternidades.
Que as dores nos maltratam como as neves.

Eu te amo, simplesmente e nada mais.
Sou teu parceiro, tenha esta certeza,
A vida se apresenta em tal leveza,

Que mesmo sendo um barco de papel,
Que enfrenta a correnteza até o cais
Iremos, libertários. Asas. Céu...

2507

Iremos, libertários. Asas. Céu,

Vagando constelares esperanças.

Por mais que a noite venha tão cruel

O quanto se percebem novas danças

Fazendo desse sonho um carrossel

Trazendo nos meus olhos as lembranças

De um tempo mais gostoso, estende em véu

As rotas colidindo em alianças;

O tempo de viver felicidade

Entende ser possível claridade.

E ao fogo deste jogo nos compele.

Assim seguindo a roto da alegria

Seguimos mesmo em simples poesia

Atados: braços, olhos, corpo e pele.

2508

Atados: braços, olhos, corpo e pele.
Sem limites, vivemos sem fronteiras.
Ao ato de te ter amor compele
Em magas sintonias, feiticeiras.

Querer o teu querer e nisso ver
Um dia mais alegre e mais contente.
Um jeito de se dar e ter prazer,
Domina o sentimento. Já se sente

A brisa da manhã beijando mansa
A boca tão gostosa de quem amo.
Amor ao perceber nos dá fiança.

No rastro de teus passos; sigo, amor.
E à noite toda vez quando eu te chamo
Invade-me, querida, o teu sabor...

2509

Invade-me, querida, o teu sabor

Rondando a minha boca, inebriante

Vertendo sobre nós perfeito amor

Estende tal tesouro, diamante.

A vida não permite descalabros

Tampouco as ilusões; se são ferozes,

Os dias solitários e macabros

Impedem dos caminhos mansas fozes.

Pecado é não poder seguir em frente

Vivendo sem ter nexo em falso rumo.

O vento da paixão quando envolvente

Expressa o que eu desejo e sempre assumo

Um mundo onde viver traduza calma,

Tocando em emoção penetrando alma...

2510

Tocando em emoção penetrando alma

Um vento benfazejo, ora promete

A plena calmaria que me acalma

Enquanto esta alegria se repete.

Eu vejo nos teus olhos, meu farol,

E sigo cada passo que tu dás,

Amanhecendo assim um raro sol

Permite que se entenda amor em paz.

Vencendo as intempéries, nada temo,

Nem mesmo se vier tal solidão.

Da barca dos meus dias, forte remo

Toando com firmeza e sedução

Sabendo deste rumo claro e certo,

Nas asas deste sonho eu me liberto.

EU TE AMO! COROA DE SONETOS 178

2483

O peito enamorado. Rondo estrelas

Vagando em busca deste claro sonho

Enquanto em alegrias tu atrelas

Beleza sem igual que ora componho.

Vicejas com sorriso a poesia

Traçando em flórea senda o meu caminho.

Na tela que tu teces já se cria

Remanso em placidez em que me aninho.

Sabendo deste encanto eu sempre insisto

Fazendo de meus versos instrumento

Aonde se perceba este benquisto

Desejo apascentando algum tormento.

As noites do teu lado são de galas,

Ouvindo o canto doce em que me falas...

2484

Ouvindo o canto doce em que me falas
Do amor que nos transforma em seres santos.
Tu deixas os problemas noutras salas
E mostras tão somente os alvos mantos.

Porém uma verdade nua e crua
Se mostra necessária nestes versos.
Se a vida para nós já continua
Eu te agradeço amada, pois diversos

Enganos que eu cometo dia a dia,
Omites por amor, dedicação.
A vida tão perfeita não seria

Se não houvesse em ti a claridade
E todo este poder de dar perdão
A quem tanto se engana, na verdade...

2485

A quem tanto se engana, na verdade

Jamais perdoará qualquer falseta

Amor quando não sonha liberdade

Um erro sem igual que se cometa.

Não vejo mais temores se estou certo

Do quanto que desejo estar contigo.

A cada novo engano eu sempre alerto

Tentando, tantas vezes, mal consigo.

Se eu tenho esta alegria de viver

Decerto em tua praia faço porto.

Não quero, novamente, me perder,

Nos braços de quem amo, um sonho aporto.

Os temporais se mostram verdadeiros

No vento que balança mil coqueiros

2486

No vento que balança mil coqueiros
Nas ondas deste mar, em alva areia,
Os sonhos se tornando verdadeiros
Ao canto esplendoroso da sereia.

No peito passarinhos em viveiros
Promessa
de hoje à noite em lua cheia
Os olhos desejosos seresteiros
Clamor que com calor nos incendeia

Amor que se reclama e me alucina
Matéria tão divina, prazer humano.
Distante do que sei ser desengano

Na boca a fruta doce e cristalina,
Nos olhos esperanças de outro plano
Delícia feita em beijo e cajuína...

2487

Delícia feita em beijo e cajuína

Na boca da morena mais audaz,

Desejo que guloso nos domina,

Durante a caminhada, satisfaz.

Beijando uma esperança, sigo alerta

Bebendo cada gota de suor,

A fome de viver cedo desperta

Sabendo deste encanto bem maior.

No quanto procurei e sei agora

Do amor que me tortura e que se salva,

Beleza desta noite nos decora

Vivendo a fantasia sem ressalva.

No corpo da princesa, sensual,

O vento se desdobra em vendaval

2488

O vento se desdobra em vendaval
Deixando
a calmaria já de lado.
A vida recobrando cada aval
Transtorna sem sentido figurado.

Teu canto mavioso e sensual
Convida para o sonho demarcado
Por gosto de ventura, sol e sal,
Mistura tango, dengo, samba e fado

Assim nós vamos soltos pela vida
Atados por um laço sempre forte.
Não quero ter a dor da despedida

Tampouco o triste fim em desamor.
Que a vida nos impeça cada corte
Trazendo o vendaval com destemor...

2489

Trazendo o vendaval com destemor

Eu faço deste encanto, tempestade.

Sabendo da importância desse amor

Vislumbro no final, felicidade.

Encontro em tuas mãos vários segredos

Enredos tão diversos, mesmo mote.

O vento balançando os arvoredos

Vontade que se expõe jamais se esgote...

Revendo cada passo tento a sorte

Mudando a direção do temporal.

Bonança não promete novo Norte

As alegrias fogem do embornal.

Olhando o teu olhar ora revejo

Meninos descobrindo o que é o desejo.

2490


Meninos descobrindo o que é o desejo
E toda insanidade que ele traz.
A mão audaciosa, o nosso beijo,
A noite e a solidão, o medo, a paz...

Os primeiros poemas, num versejo
Ingênuo, muito aquém de um verso audaz,
Porém com todo sonho que é capaz
Quem tem na vida um rápido lampejo

Do qual a mocidade se nutria,
As pernas tão distantes, o portão.
A dança, as febres loucas, fantasia.

Princesas e castelos, cavaleiros
No jogo fascinante da paixão

Decerto dentro em nós são verdadeiros...

2491

Decerto dentro em nós são verdadeiros

Os ritos generosos e gentis.

Bebendo em fanatismo tantos cheiros

O fogo da paixão nos faz feliz.

Embora tantas vezes se sonegue

Momentos de perdão; vamos em frente.

Vivendo esta emoção prossigo entregue

Buscando um novo dia que se invente.

Às vezes esta estrela que me guia

Perdendo seu caminho, aqui me deixa

E quando se demonstra fugidia

Não ouve dos meus sonhos qualquer queixa.

Além do que se mostra ou mesmo pensa

Eu procurei-te, embalde, em noite imensa,

2492


Eu procurei-te, embalde, em noite imensa,
Transido pelo frio que fazia
Nevasca dentro da alma, mais intensa.
Distante da alvorada longe o dia...

Sem nada que encontrasse que convença
Que inda pudesse ter uma alegria.
Do vento, o seu bafio qual ofensa
Batendo na janela, em melodia

Uníssona
ecoando o que senti,
Passando a noite inteira, eu vou sem ti
Cruzando as portas negras da saudade...

Porém ao sol nascer eu percebi
Que estavas de chegada, então sorri
Sentindo renascer a claridade...

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Sentindo renascer a claridade

Quem há de me negar imenso brilho?

Vivendo toda noite esta saudade

Caminho mais diverso, imerso eu trilho.

Dispersos pensamentos te buscando,

Estrela que se foi em trevas tantas.

Ao mesmo tempo sigo te cevando.

Tu sabes quando sempre já me encantas.

Meus olhos não se cansam; mesmo à toa.

Na moldura do céu querem faróis

Apenas o vazio ainda ecoa

Tornando silenciosos arrebóis...

Uma esperança algoz ora te caça

Na valsa que avança na noite que passa

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Na valsa que avança na noite que passa
Amor não disfarça já vem galopante
Azar é fumaça que vem num instante
Teu corpo aguardente, meu vício e cachaça

Eu quero comigo, teu beijo dengoso
Amor sem perigo, formato gentil,
Beijo delicado, querida é fogoso
Da cor do pecado, sabor mais sutil

A noite enveredo contigo do lado,
Balança arvoredo se mostra mais forte,
O vento chegando, molejo marcado
Carinhos trocando curando do corte

Que a vida nos trouxe num tempo esquecido,
Amor de verdade, caminho cumprido...

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Amor de verdade, caminho cumprido

Sentindo o vento manso da emoção

Embora tantas vezes repartido

Ainda sinto forte, o coração.

Batendo em descompasso vez em quando

Num alvoroço expressa o quanto quer

Por mais que inda perceba desabando

Deitando sobre os braços da mulher

Que às vezes foi rainha, noutras bruxa

Nas ondas deste mar vai e retorna

Enquanto a solidão por vezes puxa

Retorna da tempesta em água morna.

Mas vence no final e se deleita

Terçã nossa paixão, lembra maleita...

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Terçã nossa paixão, lembra maleita,

Queimando nesta febre interminável

À noite em mil loucuras quando deita

Demonstra este segredo indecifrável

É fácil perceber quanto eu te quero

Ao mesmo tempo finges não querer.

O amor que se pretende mais sincero

Não sabe sonegar qualquer prazer.

Mas tenta disfarçar, e até consegue,

Vitórias desencantam dores trama.

Depois do vendaval estou entregue

Deitando tais vontades, nossa cama.

E quando as fantasias me revelas,

O peito enamorado; rondo estrelas.