quarta-feira, fevereiro 24, 2010

25475

Vivendo sem ternura sigo ausente
Do que se traduzira uma esperança
Apenas a mortalha que me alcança
Enquanto a vida ao largo se apresente.

Por mais que outro caminho ainda tente
Ao vago do não ser o amor me lança,
E tendo em suas mãos sede e vingança
Retrata o que se mostra enfim demente,

A vida não desmente e da navalha
Conheço cada fio e sei a dor
Morrendo a cada ausência, cada falha

Enquanto uma ilusão tosca batalha
Teimando num momento encantador,
Terror a morte aumenta e ora amealha.

25474

Em águas cristalinas concebera
Imensa placidez, porém a vida
Que tanto me maltrata decidida
Expondo tão somente a frágil cera

Aonde com terror sempre acendera
Imenso fogaréu. Não se duvida
Do quanto é necessário que decida
O passo antes que o fim acontecera.

Gerando do vazio outro vazio,
Assim a minha vida ora desfio
E mostro estas feridas quais troféus

Medalhas que eu herdei de longos anos
Momentos de terror em desenganos
Cerrando da esperança os claros véus.

25473

Jamais repetiria os mesmos erros,
E neles refazendo a minha vida
Por tanto quanto audaz, já destruída
Apenas me restando vãos desterros,

Aonde preferira mais aterros
A sorte sem sentido, corroída,
Expressa uma alma atroz, mas decaída
Alheia às cordilheiras, montes, cerros.

E sendo sempre assim, vago e vulgar,
O mundo que desejo desbravar
Expressa no final um vão imenso,

E quando neste nada ainda penso
Retenho nos meus olhos esta imagem
Que agora se percebe qual miragem.

25472

Mandando para a puta que pariu
Quem tanto se mostrara inconseqüente
Por mais que a vida às vezes violente
Eu não quero ser vil nem ser servil

E assim o quanto quis se repartiu
E neste repartir tão divergente
Do quanto desejara que aparente
O mundo preparando um novo ardil,

Nas ansiedades tolas ser ou não
Ainda se mostrara uma questão
Que tanto me incomoda vez em quando,

Mas logo que este enigma decifrara
Não vou expor ao tapa a minha cara
Tampouco noutra face me ofertando.

25471

Espúrios pensamentos dizem tanto
E deles desfiando este novelo
Medonho com certeza o pesadelo
E nele se percebe o desencanto,

Aonde se pensara em outro canto,
Diverso do que agora posso vê-lo
Não tendo mais sequer por que nem pelo
O quadro se destrói em vão quebranto,

Assisto à derrocada desta frota
E nela a minha vida já se esgota
Mostrando ser o fim a solução,

E morto para os sonhos, não pretendo
Seguir como se fora um mero adendo
Na espreita das tempestas que virão.

25470

Sistemas tão diversos se mostrando
Aonde não se vê qualquer disfarce
E nele a vida quanto mais esgarce
Puindo este momento outrora brando,

E vejo se mostrando desde quando
A corja que inundara destroçar-se
Vivendo por viver sem esforçar-se
O templo que sonhara desabando,

E meras ilusões vencendo o prazo,
Somente me restando o fim e o ocaso
Aonde se pensara em horizonte,

Acordo entre as estranhas armadilhas
E quanto mais ao longe ainda brilhas,
Maior o meu terror, maior desmonte.

25469

Quão enfadonha vida se apresenta
A quem tentara a luz e não percebe
A imensa escuridão da dura sebe
Aonde se mostrara a violenta

Face desta insânia que aparenta
Momento de ternura, mas concebe
A fúria que deveras já me embebe
E dela a sorte inerte ora se ausenta.

Viver sem ter sequer noção do quanto
A vida poderia, mas enquanto
Houver alguma luz, não me sacio,

Esbarro nestas hordas do passado,
E o vento há tanto tempo desolado
Trazendo ao fim da vida imenso frio.

25468

Estúpida quimera, esta ilusão
Aonde desmembrando cada sonho
Percebo quanto mais me decomponho
A imensa e insofismável podridão

E nela as rapineiras fartarão
Prazeres que deveras um medonho
Fantoche que ora sou já não me oponho
E morto em vida espero a solução

Que possa me acalmar e trazer luzes
Aonde se mostrando velhas urzes
A cruz que no caminho agora sela

Destino deste inútil ser insano
Às turras com seu mundo vão, profano,
Abrindo para o ocaso, última vela.

25467

Pisando nos espinhos que espalhaste
Nas sendas onde outrora fui feliz,
A vida se transforma e já desdiz
Moldando tão somente este desgaste,

Perambulando à toa, velho traste
A sorte derrotando este infeliz
Mergulho nesta imensa cicatriz
Aberta no meu peito em vil contraste

Esbarro nos cadáveres dos sonhos
E bebo sanguinário estes medonhos
Resíduos do que um dia fora vida,

A carne decomposta, o olhar ausente,
A morte em tal delícia se pressente
Há tempos desejada e agora urdida.

25466

Podando as esperanças vale imundo
Aonde em tempestades encontrei
O mundo que deveras já tentei
E nele com certeza me aprofundo

Na ausência de alegria, um vão profundo
Tomando neste instante toda a grei
E a morte que deveras procurei
De um tolo coração tão vagabundo

Esgoto minhas forças e me perco,
As dores vão fechando assim o cerco
Não restando sequer algum sorriso

Mortalha que desenho a cada dia
E nela este terror que me sacia,
Do sangue que ora bebo e mais preciso.

25465

Estremecidos passos rumo ao nada
Esgares entre risos histriônicos
Os dias se mostraram catatônicos
E a boca que desejo; envenenada

Aonde se pensara nova estada
Os dias são deveras mais irônicos
E quando se fizeram desarmônicos
Traçaram o final, plena calada.

Atocaiados botes desta quem
Enquanto a sorte amarga me provém
Arrasta-se qual serpe em luz sombria,

Assíduos espetáculos de horrores,
O céu já não possui mais brandas cores,
No fogo que satânico envolvia.

25464

Nos ávidos caminhos das rapinas
A podre chama traz\ a morte em glória
E quando se pensara merencória
A faca entre teus dedos, me alucinas

E bebo destas sortes cristalinas,
E delas percebendo uma vitória
Deixando para trás torpe memória
As noites tão vulgares e ladinas.

Anseio o fim da festa em velas, pranto,
E quando perceber fatal encanto
Deveras encontrando o meu final,

A fúria desdenhosa deste tempo,
Audaz a se entregar ao contratempo
Nos olhos desta fera tão venal.

25463

Não poderia ao menos ter notado
As ânsias de um vulgar verme que tenta
Após esta ilusão feroz, sedenta
Tornando insuportável o velho Fado

Adentro os descaminhos, tanto enfado
E morto sob o fogo violento
Aonde se pudesse estar atento,
O mundo a cada dia destroçado,

E quando nas escórias eu percebo
O amor como se fosse algum placebo
Inútil nem sequer mais remedia

E deixando os cadáveres dos sonhos,
Os dias que inda restam tão medonhos
Matando qualquer forma de utopia.

25462

A podridão em faces mais vulgares
Estraçalhando o resto de uma vida,
Ao mesmo tempo enceta outra ferida
Deixando para trás tantos lugares

Aonde se erigiram meus altares
Na senda tantas vezes destruída,
Aporto novamente e sem saída
O barco se perdendo em vastos mares,

Assíduas ilusões já não contenho
E quanto fosse audaz o vago empenho
Medonhas artimanhas da cobiça

Vergando minhas costas sob o peso
E vendo este mesquinho ser surpreso,
A sorte preparando a vã carniça.

25461

O ocaso deste sonho feito em vida
Agarrando meus pés cruel quimera,
E além do que deveras não se espera
A sorte muitas vezes corroída

Mostrando a face amarga construída
Nos ermos da emoção, terrível fera
E quando esta paisagem degenera
A face num esgar já destruída.

Amedrontados olhos nada vêm
Procuro uma esperança, mas ninguém
Somente esta vontade de morrer.

E nela bebo enfim farto veneno,
E quando com delírios eu aceno,
A podridão invade todo o ser.

25460

Não quero a luz do dia refletindo
Nos olhos o que fora sonhador
E quando vejo a imagem decompor,
E o tempo em minhas mãos já se esvaindo,

O quanto se mostrara outrora infindo
Agora transgredindo o falso amor,
Ainda se percebe sem valor
O chão que sob os pés eu sinto abrindo.

Estúpidos fantasmas me rondando,
As águias se aproximam, turvo bando
Falcões entre os abutres e as daninhas,

A morte se tornando a redenção
E nela minhas dores cessarão
Traduzem o vazio que continhas.

25459

Aborta-se a esperança a cada dia
E trago este vazio, após o quando
Deveras noutro mundo transformando
O que esta realidade fantasia

Felicidade é frágil utopia
E dela sem defesas me afastando,
Inerte poesia desmontando
Jogral que a realidade enfim desfia,

As presas em mortalha transformadas,
As ânsias muitas vezes debandadas
Angustiosamente nada resta

Senão tal gosto amargo do não ser,
E a morte se aproxima e passa a ter
Papel fundamental na insana festa.

25458

Estar sempre contigo o tempo inteiro
Morrendo a cada dia mais um tanto,
A vida se transcorre em desencanto
Cenário se mostrando o derradeiro,

A morte se aproxima e nela vejo
Além da claridade terminal,
O gozo quase insano e sensual,
Fomentando em delírio tal desejo,

Anseio este momento como fosse
Infecta maravilha à qual me empenho,
E quando percebendo o que contenho,
A sorte no passado em agridoce

Caminho se traduz em nunca ter,
Somente esta vontade de morrer.

25457

Do quanto que este sonho já venero
Em meio aos dissabores tão freqüentes
Por mais que outros caminhos inda inventes
Contigo tudo aquilo que mais quero,

O amor sendo deveras tão sincero
Permite esta alegria em que presentes
Delícias entre gozos envolventes
Traduzem o prazer onde me esmero

E vendo as luzes várias deste encanto,
Aonde se pensara noutro tanto
Refaço a cada dia outra ilusão

Temendo os descaminhos não me ausento,
O mundo solitário e tão violento,
Nos braços deste amor a redenção.

25456

O meu amor foi sempre verdadeiro
E embora muitas vezes nada fale,
Por mais que novos sonhos eu escale
O nosso com certeza é o derradeiro,

Ainda que pensasse no canteiro
Aonde outra emoção inda se instale,
Nas mãos de tanta luz, o amor embale
Dos deuses o sobejo mensageiro,

Seria muito bom se prosseguíssemos
E novos caminhares conseguíssemos
Legando o sofrimento ao vão passado,

Assim nas mãos de um deus feito menino,
Enquanto nos teus braços me fascino
Escuto deste amor mais alto brado.

25455

Por vezes eu me calo e nada mais
Traduz esta esperança tão ausente
O amor que em desamor planta a semente
Conforme muitas vezes demonstrais

Não tendo na verdade em vossas mãos,
Significado algum para quem trai,
E assim a fantasia já se esvai
Matando em nascedouro belos grãos

E frutificando o ódio ao vão se lança
Deixando para trás ética e gozo,
O quanto se demonstra pavoroso
Levando para nunca a confiança

Transforma a nossa vida neste inferno,
Aonde se quisera amor eterno.

25454

É meu jeito, querida tão somente;
Por isso não se assuste se ao voltares
Mudanças nesta casa tu notares,
O amor nos torna pleno de repente

E quando outro caminho já se invente
Moldando no prazer nossos altares
Bebendo a imensidão de vários mares
E neles toda a glória é mais premente.

Viver estas fantásticas torrentes
E nela uma ventura que pressentes
Transformações diárias e constantes,

Aonde se fizera luz sombria,
O amor com toda força se irradia
Momentos com certeza deslumbrantes.

25453

Sem ter tua presença eu perco o cais
E abandonado ao vento, não mais creio,
Exposto aos vagalhões e vendavais,
Apenas nos meus olhos o receio

De um dia em que este amor diga jamais
E nele se desmancha o belo veio
Que tanto desejara e nunca mais
Eu saberei em paz, gozo e recreio.

Vasculho nas gavetas da memória
E vejo a mesma luz tão merencória
Que um dia fora a tônica de um sonho,

E quando relembrando a imagem estúpida,
Quimera que se fora mansa e cúpida
Agora traduzindo um ar medonho.

25452

Se o rumo não encontro novamente
Depois de ter perdido a lucidez
O quanto deste sonho se desfez
Deveras traduzindo esta semente

Que antanho se fez glória e agora ausente
Não deixa que se entenda este talvez
E nele tu não queres ou não vês
O fim do nosso amor, a dor pressente.

E quando não houver mais claridade
Apenas tão somente a tempestade
Estrondos mais funestos, noite fria

Recordarás de tudo o que eu te disse,
Ainda parecendo vã tolice,
Mas que aos meus tristes se desfia.

25451

Não deixe que este sonho chegue ao fim,
Jamais aceitaria este momento
Se nele encontro paz e assim me alento
Perceba tão somente por que vim

Dizer desta esperança, um estopim
Aonde mesmo em glória me atormento,
Não abandona nunca o pensamento
Que amor seja deveras de festim.

Esqueço os meus anseios em teus braços
E deles faço sempre fortes laços
Que possam permitir a caminhada,

Sabendo que me espera um claro sol,
Guiado por teus olhos, meu farol,
Tornando a minha vida iluminada.

25450

A seca em que se fez nossa lavoura
Não deixa-se notar uma esperança
E quando esta intempérie mais avança
Um corvo crocitando nos agoura,

Espero outra impressão que possa dar
À vida uma beleza mais suave,
Na audácia do vazio já se agrave
Tomando o meu canteiro e meu pomar,

Não posso mais viver esta ilusão
Tampouco quero amenas fantasias,
E quando o meu caminho em vão desvias
Momentos mais soturnos mostrarão

O quanto se perdeu nesta colheita,
Do amor que em luzes frágeis não se deita.

25449

Talvez na irrigação encontre enfim
A solução final para a aridez
Na qual uma esperança se desfez
Tomando com furor nosso jardim

E quando vejo o mundo dentro em mim
Moldado por cruel insensatez
Escondo-me da dor e sei, talvez
Aonde quis princípio veja o fim.

Assento o meu olhar neste horizonte
Bem antes que a tempesta já desponte
Toando com terror vozes profanas,

E sinto nos teus olhos a inclemência
Do amor que se mostrando em tal ausência
Traduz o quanto ainda tu me enganas.

25448

A chama que nos queima e que me doura
Transforma toda forma de poder,
Aonde se pudesse ter prazer
Mensagem mais feliz e duradoura,

Perpetuando a glória imorredoura
Do quanto se pensara sempre em ser
Além do que deveras possa ver
A vida nova luz em paz agoura

Estendo-me ao etéreo mundo aonde
A sorte se define e não se esconde,
Jogadas minhas cartas sobre a mesa,

Encontro no final desta viagem
Beleza sem igual rara paisagem
No amor que me prepara tal surpresa.

25447

Vencer as tempestades e quimeras
Depois das costumeiras derrocadas
Aonde se pensaram as estradas
A cada novo dia degeneras

E quando no sofrer decerto esmeras
E bebo deste etéreo e tenso nada,
A faca nos temores afiada
Refazem nos meus olhos outras eras.

Andara entre cometas, falsos astros,
A vida ao retirar de mim meus lastros
Deixando-me à mercê da própria sorte,

Naufrágios se tornando corriqueiros
Nesta aridez matando os meus canteiros,
Prenunciando enfim a minha morte.

25446

Deixando renascer as primaveras
Depois destes invernos tão ferozes,
E quando se percebem torpes vozes
De velhas conhecidas, tais quimeras

Além do que talvez ainda esperas
Momentos se tornando mais atrozes,
Sequer perceberia quais algozes
Mostrando suas garras, dentes, feras.

Horripilantes fardos, dores tantas
E nelas quanto mais queres e encantas
Infundes tal pavor negando a luz

À qual a fantasia nos conduz
Qual fosse uma falena suicida
Deixando no prazer, a própria vida.

25445

Trazendo novamente os madrigais
Aonde um menestrel se permitira
A crer no amor imenso, fúria e pira
Que agora num delírio transformais,

Vencendo a dor intensa e nunca mais
Em nós ressurgiria então esta ira
Que em turva insensatez consumiria
O gozo deste encanto em manso cais,

Servindo-vos de guia, este farol
Aonde se reflete cada sol
Dourando nosso belo amanhecer,

E ter-vos sempre ao lado, sem demora,
O amor quando na paz em luz se ancora
Resume-se deveras no prazer.

25444

Um sonho mavioso em dança e festa
Após os dissabores costumeiros,
Aonde se mostrassem mais inteiros
Delírios entre cores; mas não resta

Sequer uma alegria onde se atesta
Os sonhos tão reais e verdadeiros
Dos deuses os divinos mensageiros,
Deixando para trás noite funesta,

Assim eu poderia ver enfim
O renascer de flores no jardim,
Canteiro que cuidara com ternura,

Mas quando vejo a treva em que se faz
O passo mais dorido e tão mordaz,
Percebo que a agonia vã perdura.

25443

Eu vos amo e desejo muito mais
Que um simples e fatal momento atroz,
E quando escuto ao longe a vossa voz
Decerto noutras sendas derramais

O quanto se prepara em sensuais
Delírios, percebendo enfim em nós
O quão se fez do anseio tosco algoz
Além do que concebo e demonstrais,

Ansiava-vos em fontes radiantes
E quando vos bebesse em tais instantes
Medonho pesadelo saberia

Quem tanto se entregando ao mais profundo
Vivesse esta ilusão aonde inundo
Com gozo mais sobejo, a fantasia.

25442

Nesta alucinação que a sorte empresta
Diversos os matizes percebidos,
E os dias entre fúrias e libidos
Adentram pesadelos, várias frestas,

E quando se permitem novas festas
As ânsias entre os sonhos mal vividos
Delírios disfarçados permitidos
Assentam suas luzes e tempestas,

Assisto à derrocada deste insano
Amor que se mostrara em novo plano
Diverso do que outrora se fez canto,

E morto sem qualquer explicação
Desejo novas sendas que trarão
Ao menos um resquício de um encanto.

25441

Às coisas corriqueiras e normais
Porquanto vos entrego em voz suave
Por mais que a realidade ainda entrave
Momentos que deveras transformais

Em luzes que permitam novo cais,
Enquanto a fantasia desagrave
Astuciosamente expondo a nave
Aonde muitas vezes decolais.

Vagando por espaços mais sombrios,
Os dias em terríveis desafios
Seriam para vós mais verdadeiros

E deles entre nuvens e tempestas,
O amor promete além de meras festas,
Mas vejo os dissabores costumeiros.

25440

Tua presença amada é o que me resta
Exposto às mais diversas intempéries
As dores em terríveis, longas séries
Tornando minha vida mais funesta

E toda a solidão que ainda vejo
Nos sonhos, pesadelos corriqueiros
Amores entre nuvens, mensageiros
Da insânia que domina este desejo

Arcando com tamanhas ilusões
As tantas tempestades que ora trago,
O mundo sem carinho e sem afago
Que em falsas faces sinto quando expões

Mecânicas vorazes dilaceram
As esperanças tolas que me esperam.

25439

No som desta delícia em melodia,
O amor não saberia outro momento
E quando me tomando o pensamento
Deveras tanta coisa fantasia

O velho coração sem agonia
Vivendo finalmente o manso alento
E quando outro desejo agora invento
Percebo de teus olhos a magia,

Alquímico poder que ora se emana
E toda a sorte audaz e soberana
Invade o sentimento do poeta,

Aonde novos dias mostrarão
A paz sendo decerto a solução
Além de simplesmente rumo e meta.

25438

No canto que te faço é que me guio
E sei que poderei ter a esperança
Da eterna sensação de ser criança
Etéreo mais contente desafio

Descendo esta ilusão sobejo rio
Aonde toda a glória ora se lança
Nas mãos carrego o fogo da lembrança
E toda a fantasia; em paz, desfio.

Escuto neste vento a voz do amor,
Deveras muitas vezes sedutor
Caminho pelo qual felicidade

Mostrando-se deveras já desnuda,
Enquanto a minha estrada assim transmuda,
E toda esta alegria em luz me invade.

25437

No delicado beijo da alegria
Rondando uma esperança que não vem,
O quanto a minha vida segue aquém
Do todo que deveras quero e guia

O amor não sendo apenas utopia
Em si toda a verdade já contém
E dela novamente sou refém
Nas ânsias desta imensa fantasia

Aonde poderia ter a sorte
Do encanto que deveras me conforte
Mudando a direção de cada passo,

E sendo sem limites, a emoção
Caminhos mais pacíficos trarão
As ilusões que em luzes várias traço.

25436

No mundo bem mais justo em que me fio,
Encontraria a sorte benfazeja
Além de uma justiça se deseja
A caridade em glória; um desafio

Mudando o caminhar em que desfio
Os dias mais atrozes, que assim seja
Felicidade plena que se almeja
Deixando para traz o imenso frio

No qual se desenhara cada instante
Vivido sem a luz que deslumbrante
Permite ao caminheiro uma esperança

Utópica e insensata fantasia
Produto de um poeta e a poesia
Que aos mais diversos rumos já se lança.

25435

Vaidosas emoções amor desfila
E traz a cada passo outra esperança
Promessa de delírios na lembrança
Que tanto me seduz e ora perfila

Momentos onde a vida demonstrara
Felicidade extrema em farta paz,
E quanto mais feliz o amor nos traz
Caminho feito em glória imensa e clara,

Andejas ilusões, mares profundos,
Sincrônicos andares, noites belas,
E quando novos rumos me revelas
Encontro nos teus braços raros mundos

E neles eu desfio esta emoção
Qual fora um belo sol, pleno verão.

25434

O néctar dos desejos, dos amores
Bebido em tua boca neste instante
Tornando este momento deslumbrante
Um colibri sedento encontra as flores

Em luzes divinais e multicores
Matizes deste sonho que agigante
Um mundo já deveras fascinante
Sem medo e sem algias, sem rancores.

Audaciosamente invado a noite
E tendo esta emoção que agora acoite
Os sentimentos vários que carrego,

Ouvindo a voz do mar que se repete
Enquanto a maravilha já reflete
Um mundo feito em luz ao qual me entrego.

25433

Sentindo o teu perfume que se exala
Tomando neste instante a casa inteira,
Revendo cena bela e costumeira
Revejo-te deitada em minha sala,

Enquanto esta emoção deveras cala
O coração dos sonhos já se inteira
E sente esta ternura mensageira
Do dia mais feliz em rara gala,

Refaço a caminhada aonde um dia
Vestindo esta ilusão que se recria
No aroma que recende ao farto amor

Eu tenho nos meus olhos esta imagem
Fantástica beleza qual miragem
De toda uma alegria, refletor.

25432

Vivendo deste sol, diversas flores
Que tornam meu canteiro mais bonito,
E quando se transporta ao infinito
Seguindo descaminhos onde fores

Bebendo a fantasia dos albores,
Fazendo da esperança quase um mito,
O outrora sentimento mais aflito
Agora se permite em novas cores,

Receba com carinho tal mensagem
E dela percebendo esta paisagem
Na qual insiro amor, fato incisivo,

Saber das dissonâncias da ilusão
O encanto mesmo sendo temporão
É dele e tão somente que inda vivo.

25431

Qual fora em minhas mãos a borboleta
Esvaecendo em luzes tão profusas,
Enquanto minhas noites são confusas
E ao devaneio o sonho me arremeta,

A vida se mostrando qual cometa,
Em ondas tão diversas quando me usas
E sei que sendo teu, o quanto abusas
Um erro costumeiro que acometa

Quem tanto se tornando assim amada,
Já sabe desfiar cada segundo
E quando nos teus braços me aprofundo,

Aos poucos emergindo noutra estrada
Revoas e levando assim contigo
O amor que me condena ao desabrigo.

25430

Vivem nestas sombras mais atrozes
Diversas criaturas e percebo
Que quanto mais audaz mundo concebo
Escuto do passado torpes vozes,

Momentos de prazer? Meros algozes
Diversa fantasia em que me embebo
O amor jamais passou de algum placebo
Em meio aos desvarios mais ferozes,

Saber das desventuras que virão
Nas sendas tão obscuras da paixão
Invado descaminhos e me perco

Nas ânsias onde outrora imaginara
A luz mais deslumbrante, imensa e rara
Diversa deste escuro em tosco cerco.

25429

Bebendo deste mel farto que dás
Transcendo ao próprio sonho, vivo além
E quando os temporais ferozes vêm
Encontro em teu recanto tanta paz,

Outrora a vida fora tão mordaz,
E sei que muitas vezes sem ninguém
Sabendo o sofrimento que contém
A ausência de um querer, mesmo fugaz,

Mereceria ao menos um momento
Poeira devagar tomando assento
Vontade saciada em doce mel,

Contigo desvendando tais segredos,
Deixando no passado velhos medos,
Alcanço mesmo em solo, o imenso céu.

25428

Sequioso de teus lábios não me canso
De crer ser mais possível ter nas mãos
Momentos decisivos sem os nãos
Tornando o meu caminho bem mais manso,

E quando outros delírios eu alcanço
Percebo ter deixando imensos vãos
E neles sepultado belos grãos
Agora se aflorando em tal remanso,

Um sonhador se mostra mais capaz
E quando o sonho invade e satisfaz
Realidade muda o nosso fado,

É como se pudesse não dormir
Vivendo sem temor e prosseguir,
Continuo a sonhar, mas acordado.

25427

Junto ao seio de quem desejo agora
E sei que também quer mesmo desejo,
Um dia mais feliz inda prevejo
No quanto deste amor que nos devora,

E quando a fantasia se assenhora
E toma este cenário em azulejo,
O amor deveras belo e mais sobejo
Já sabe que não tem segredo ou hora,

E ancora-se deveras nos meus braços,
Depois de tantos dias tristes lassos
Os passos permitiram a chegada

À glória onde este gozo propicia
Além de simplesmente uma alegria,
Belíssima fulgor tomando a estrada.

25426

Uma bela visão que me domina
Enfeitiçando o olhar e o pensamento,
O encanto que no encanto eu incremento
Transforma esta emoção em rica mina,

E vendo esta beleza cristalina
E nela me lançando, sinto o alento
Que tantas vezes quero, sempre tento,
E sei que a cada dia mais fascina,

Expondo em cada verso esta emoção
Eu sei que novos dias me trarão
A redentora paz que necessito,

Outrora muitas vezes mais aflito
Buscando qualquer porto, ancoradouro,
Agora em raios fartos eu me douro.

25425

Se abrindo sobre nós a lua plena
Tocando nossos corpos com seu brilho,
E quando em tal delírio maravilho
Caminho que decerto me serena

Cigana fantasia diz da amena
Beleza sobre a qual ainda trilho
Vagando pelo espaço, um andarilho,
Que à própria solidão já se condena,

Vestindo a claridade prateada
Da rara deusa nua, tão amada,
Vencendo os meus momentos de terror,

Eu sei que finalmente encontraria
Nos braços da mulher a estrela guia
Levando aos descaminhos deste amor.

25424

Pudesse adormecer ao lado teu
E ter as mesmas luzes que ora emanas,
Manhãs deveras raras, soberanas
Deixando para trás a treva e o breu,

O amor que neste amor tanto se deu
Por mais que se pensassem tão profanas
Loucuras onde a dor em paz enganas
Vivendo sem temor o que escolheu

Caminho redentor em plena glória
Aonde se traduz sem ter vanglória
A imensidão soberba do amanhã

Envolto em claridade e perfeição
Tramando estas belezas que virão
Negar melancolia tão malsã.

25423

As ondas derramando sobre a areia
Diversos caracóis, conchas e estrelas,
Vontade de poder enfim contê-las
Nas ânsias deste encanto, uma sereia

Que tanto me conquista e me incendeia,
Nas doces ilusões, poder vivê-las
E quando tais delícias percebê-las
O amor vai penetrando em cada veia,

E assim inebriado sonhador,
Num canto que se faz transformador
Adentra as emoções claras, sutis,

E pode finalmente em mansa voz,
Deixando para trás o medo atroz
Dizer-se neste instante mais feliz.

25422

Sonhara com enlevos e ternuras
Mudando a direção dos turvos dias
Além do que sobejas fantasias
As sendas mais felizes que procuras,

E quando na verdade mais querias
Momentos de prazer, mortas torturas
Deixando no passado as amarguras
E as noites sem ninguém, deveras frias,

Assisto ao caminhar de quem desejo
E nele a cada passo outro lampejo
Da luz que se irradia deste olhar,

Sonhando com teus beijos e carinhos,
Os passos que darei jamais sozinhos,
E um novo mundo agora, desvendar.

25421

Amor ao recender aos sonhos tantos
E neles traduzir o que se quer
Aonde uma esperança traz encantos
Desejos delicados da mulher

À qual se permitindo claros mantos
Transcende ao próprio amor e se puder
Traduz com elegância velhos cantos
Beleza que jamais se fez qualquer,

Argúcia em voz macia, conquistando
Deveras um caminho bem mais brando
E tudo se transforma e me serena

Na força incontestável deste fogo
Aonde muito além do simples rogo,
Quem vence traz palavra mais amena.

25420

Aragens tão diversas vida e morte,
Ausência do querer e ter comigo
O amor que se mostrasse mais amigo
E a paz num raro enlevo que conforte,

Por mais que tantas vezes seja forte
Vencer os dissabores não consigo
E mesmo quando envolto em vão perigo
Não tenho nem pressinto melhor sorte.

Amar e ter apenas o vazio
Resposta costumeira, desafio
Ao qual já não consigo responder,

Apenas o silêncio me transporta
Além deste momento em que a comporta
Fechada não permite se escorrer.

25419

Meus pés enfrentam tantos pedregulhos
E sei que na verdade não teria
A paz que muitas vezes a alegria
Demonstra com paixão, raros orgulhos

Nas ânsias dos desejos, os mergulhos
Nesta água mesmo turva, atroz e fria,
A sorte se lançando mostraria
O encanto de sereias e marulhos,

Extraviando barcos, perco o cais,
E quanto se procura por venais
Caminhos que deveras desconheço,

Não posso sonegar esta querência,
E quando se aproxima da demência
A vida se lançando sem tropeço.

25418

Pisando nas entranhas deste sonho
Audaciosamente nada temo,
E quando novamente aqui me algemo
Pensando num instante mais medonho,

A força que perdera recomponho
E vivo a liberdade, encontro o remo
Navego contra as ondas, medos cremo
Aos demos de minha alma, já me oponho

E contrapondo assim cada momento
Por mais que o prosseguir se mostre lento
Atento nada perco, nem desfaço

Os passos rumo à luz que ora nos guia,
Vibrando nesta mesma sintonia
Jamais demonstrarei qualquer cansaço.

25417

Vontade remodela esta quimera
Que outrora infernizara a minha vida,
Aonde se perpetra a despedida
O amor sonegaria a primavera,

E quanto mais se quer, deseja e espera
A história noutra cena ressurgida
A poesia invade a fria ermida
E com calor e paz já nos tempera,

Vestindo de emoção tal frialdade
Bem antes que esta sanha se degrade
Vencer os vários medos, prosseguir

Sabendo deste sol a clarear,
E o dia que deveras vai mostrar
O redentor refúgio no porvir.

25416

A mente clareada pelo sonho
Que tantas vezes traz felicidade
E mesmo em outro rumo rompe a grade
E traz este Eldorado que componho

Usando deste barco aonde ponho
A luz que me permita a liberdade
Alçando a imensidão que tanto agrade
Tornando o meu caminho mais risonho,

Perpetuando a voz de uma esperança
Que contra vendavais, peleja e avança
Tornados e tempestas desconhece,

Nas mãos este timão que nos transporta
Abrindo com certeza qualquer porta,
Nas teias deste amor que a vida tece.

25415

Se não houvesse mais a claridade
Que tanto nos impele e propicia
Caminho pelo qual a fantasia
Deveras nos encontra e quando invade

Por mais que tolha cedo a liberdade
Expressa esta emoção em raro dia,
Ouvindo estes acordes, melodia
Entranha dentro da alma; ansiedade.

Vestindo a transparência de quem ama,
Mantendo bem distante medo e drama
Seguindo em direção ao raro sol

Que a noite em lua imensa anunciara
Numa manhã brilhosa, mansa e clara
O amor vai dominando este arrebol.

25414

À fantasia tanta glória e luz
Bastante que deveras a permita
Enquanto tão fugaz; louca e bonita
Ao mesmo tempo dói e nos seduz,

Ansiosamente exposto em raros nus
O sonho aonde a sorte em vão palpita
Trazendo em suas sanhas a pepita
Que quando lapidada reproduz

Diamantino gozo da esperança
À qual a nossa vida já se lança
Após tantos tormentos, desvario.

E quando percebendo ao meu alcance,
Enquanto no vazio já se lance
O amor em luzes fartas eu recrio.

25413

Minha vontade expressa em poesia
Traduz novos anseios que bem sei
Deveras modificam cada lei
Aonde uma ilusão atroz se guia

Mergulho no silêncio e na ardentia
O fogo dominando toda a grei,
Além do pensara, imaginei
A vida que em belezas ressurgia,

Retrato de um amor que se desnuda
Uma alma outrora amarga e quase muda
Ao se envolver em luz, deveras tanta,

Renasce e neste instante se percebe
A claridade intensa desta sebe
E esta alma, antes calada, agora canta.

25412

Amor movendo os astros nos traria
Além de simples cores, belos raios,
A lua se espraiando e em seus desmaios
Deitando sobre o mar: alegoria,

E quando se percebe tal beleza
A vida refletindo imensidão,
Momentos mais felizes mostrarão
Ao fim do caminhar, farta grandeza

E quando me percebo em fina areia,
Tocado pelas ondas sob a lua
Uma alma em transparência continua
E enquanto em maravilhas se incendeia.

Volvendo o grande amor que um dia eu quis
Eu posso finalmente ser feliz.

25411

Em toda esta leveza que eu queria
Apenas encontrei mais dissabores
Aonde se pudesse sem rancores
Viver com emoção tal alegria,

Minha Alma noutro rumo seguiria
Tocada pelos raios dos albores
Seguindo cada passo aonde fores
No amor que tantas vezes me inebria.

Sentir o teu perfume e ser teu par
Sabendo desde sempre onde encontrar
Os rastros que deixaste pelo chão,

Na espreita de um momento mais feliz,
Provando deste entanto quero o bis
Que enfim raros prazeres nos trarão.