quinta-feira, maio 25, 2006

SÃO PAULO

São Paulo, não te conheço, mas tento te conceber. Nesse teu vai e vem, nessas suas ruas gigantes, avenidas, sangrando pelo teu corpo.

No Rio e nas marginais que te atravessam e te conhecem por inteira.

Marginais, marginais do Tietê, de suas tietes, de teus túneis e viadutos.

Marginais te sangrando e te cortando, mostrando teu coração.

Coração aberto, exposto, vivo e latejando.

Nas favelas e vilas, nas periferias e avenidas.

Nos teu trânsito, no teu tráfego, no teu tráfico. Na dor de todos, no ardor da vida esvaindo-se em sangue.

Em tantos entretantos, de todos os Santos, dos teus braços abertos, mas nem sempre gentis.

És mais que tudo, todos os brasis, todos os brasões, os diferentes e coincidentes amores,

Mineiros, goianos, paraibanos, sergipanos, anos e anos te fizeram, mas nunca te concluirão nem te conhecerão por inteira, por veias e artérias.

Pulsando tresloucada e desvairada, desvaíndo-se desviada de tantas promessas de muitas remessas, de ti para o estrangeiro.

Estrangeiros te adotam e te comportam no cora, na coragem, na carne espoliada, na pele arranhada, na vida abandonada a esmo.

No torresmo a milanesa com ovo frito do “pedreiro” Adorinan, o mesmo da maloca e do velho Arnesto, nada ficou?

Deixa-me saber de ti, velha cidade, Capital do Brasil, locomotiva, tantas vezes sem rumo, sem nexo, com o sexo explorado, o medo, a angústia, o vazio e o pleno.

Na tua garoa, na tua marcha para o terceiro e quarto milênio, mas com os tentáculos suburbanos periféricos, presos, atados ao passado, ignóbil escravidão, marginais...

Nas marginais, teus marginais e tuas damas, teus barões e “mariposas” se entrelaçam e nem se percebem.

Atropelada Iracema, não a de Alencar do mar distante e inerente, em teus Santos e profanos.

Também ela não olhou ao travessar as ruas, e foi atropelada pelo tempo, pelos olhos sem sentido de tantos para quem a “assistência” nunca vem, nem veio, quiçá virá.

São Paulo perdoa este desconhecido, que sem ter te conhecido, sem nunca ter te encarado, te imagina. Misteriosa e bela, ao mesmo tempo assustadora.

Amo-te, dentro do que se pode entender como amor a uma estranha, fascinante e vária, multitemática e emblemática, alucinada e lunática.

Permita-me estar na cena de sangue no bar da Avenida São João...

E me desculpe por querer tocar nas cenas de sangue que padeces, sem o romantismo de outro Paulo, não Santo, mas Vanzolini.

Entre tantos paulos, concebes variedades múltiplas e tantas vezes incompreensíveis para quem não te conhece.

Por isso perdoe esse estrangeiro que nunca poderá te conceber, por seres totalmente inconcebível.

Nas tuas “Panaméricas de áfricas utópicas” do seu “novo quilombo de Zumbis” me dê um rumo que não seja o que fazem de ti nessa hora.

Velha Senhora, te desejo Paz e, se isto for impossível, que o verde dos olhos se espalhe na tua plantação, abandonando os vermelhos dos teus olhos...

ECT - CARTA ENVIADA A UMA DELEGACIA DE SÃO PAULO

“Doutor me desculpe esse meu desabafo, sou uma mulher brasileira, trabalhadora, pobre e honesta.
Tenho quatro filhos, eu sei que é muito, o pessoal todo me diz isso, mas não foi por querer não, eu tinha tido até vontade de ter menos, mas ao remédio de evitar, muitas vezes não tinha no posto e dinheiro pra gastar, o senhor sabe como é...
Pois bem, dos meus meninos, o mais novo era o melhor deles, doutor. Menino bom, bom filho, bom irmão.
Os outros até que não falo nada, a menina embuchou novinha, tava com 15 anos, o pai, sei lá... Acho que era meio bandido, mas agora não tenho mais certeza não, seu doutor.
Morreu, segundo eles falam, numa troca de tiros.
Eu sei que ele usava droga, acho que era maconha, mas não tenho certeza não.
Tudo bem, tava no caminho errado, mas meu filho doutor...
Meu filho tinha só 19 anos, estava estudando, fazia um curso pra torneiro mecânico, era trabalhador, menino bom seu doutor.
Eu costumo rezar todos os dias para Nossa Senhora Aparecida proteger o menino, eu sou muito católica, batizei todos eles ali na Igreja do Bairro.
O Padre é muito amigo da gente, moço novo, seu doutor.
Eu sei que meu menino, nessa terça feira foi trabalhar, como todo dia ele faz. Trabalha muito pra poder ter dinheiro pra comprar aquela moto, era o sonho dele, a moto e a namorada.
Moça bacana, família simples como a minha, gente honesta e humilde, seu moço.
O irmão dela trabalha na polícia e eu sei que eles ganham pouco, eu sei da dificuldade de ser policial aqui em São Paulo.
Mas, doutor, eu já estava imaginando o que ia acontecer, bem que eu falei para ele: Renato, não vai hoje na casa da Patrícia não, a situação está complicada.
Eu tinha visto, na televisão, aquela covardia que tinham feito com os policiais, seu doutor, achei aquilo tudo muito ruim.
Ainda bem que o irmão da Patrícia está bem, não houve nada com ele não.
Bem que eu falei pra ele, ”meu filho, não deixa sua mãe nervosa não, fica em casa...”.
Mas o senhor sabe como é moço jovem né doutor? Namorada morando perto é difícil segurar a saudade. Depois da aula ele cismou de passar na casa da menina, ela me disse que foi só pra d ar uns beijinhos e dizer boa noite.
Depois disso, seu moço, não tive mais notícia dele não.
Os colegas dele dizem que viram a moto dele jogada no chão e depois ela sumiu.
Ela e ele, meu menino.
Os cadernos dele ainda estavam no chão e a tinta que estava na capa seu doutor, não era aquela azul que ele usava não.
Era de um vermelho forte e, engraçado, manchava todas as folhas brancas, ainda não preenchidas da vida e do futuro do meu filho, seu doutor.
Qualquer notícia que o senhor tiver dele, por favor, me chama, eu me chamo Maria das Dores, moro aqui na rua..., número...
Por favor, doutor, não esqueça de mim não, eu espero no dia das mães do ano que vem poder estar com o meu menino, e que as folhas do caderno possam estar escritas com o azul e não com essa tinta vermelha e esse vazio de agora.
Muito obrigada por tudo. Dessa sua criada Maria das Dores"

CRÔNICAS - MANCEBÔ

Falando no Padre Nonato, me recordo de outro fato ligado, no mínimo inaudito.

Contou-nos o bom clérigo que, um dos principais auxiliares de sua Igreja, lá em Visconde do Rio Branco, havia, para escândalo da conservadora sociedade da época, arranjado uma amante.

Tal fato se espalhara na pequena cidade como se fosse uma bomba de efeitos avassaladores.

Todas as beatas comentam, na surdina, tal fato, o que deixava Dona Dinha, esposa do nosso personagem, em palpos de aranha.

Muitas vezes, quando ela chegava, as rodas de conversa se esvaziavam o que a deixava sem graça.

Várias vezes, essa senhora já tinha ido ao confessionário e, em prantos, solicitava ajuda ao amigo Padre Nonato.

Esse, sem querer criar muito atrito, já que a situação era deveras delicada, resolveu, num dos seus sermões e sendo extremamente cuidadoso, conversar de uma forma mais sutil com seus fiéis.

Ao começar sua homilia, o querido sacerdote saiu-se com essa:

“Queridos fiéis, por um desses acasos, fiquei sabendo que, aqui entre nós, um dos mais caros e importantes fiéis, cometeu um pecado terrível: amancebou-se! E, continuando a falar, disse da gravidade do fato etc e tal.”

Pois bem, ao final da missa, eis que o Don Juan aproxima-se do altar e, elogiando o sermão agradece ao padre.

Esse, sensibilizado pelo efeito causado ao fiel, pergunta-lhe qual a providência que o mesmo iria tomar, após tal fato.

No que, surpreendentemente, o mesmo responde:

-Uai seu Padre, deixa o menino nascer primeiro que eu vou batizar ele com o senhor, e vou colocar aquele nome bonito que o senhor disse.

Surpreso, Padre Nonato, vendo que o fazendeiro não entendera nada perguntou-o então que nome era esse.

A resposta pronta – Uai, sô esse tar de Mancebô!

A AUTO CRÍTICA DE CÉSAR MAIA, QUEM DIRIA

César Maia diz que pesquisas são favoráveis a Alckmin
Publicidade

da Folha On-line

O prefeito do Rio de Janeiro, César Maia (PFL), afirmou que as pesquisas eleitorais divulgadas ontem são "excelentes notícias" para o candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin. Ambas as sondagens mostraram que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, virtual candidato à reeleição, ganharia já no primeiro turno se as eleições fossem hoje.

Para Maia, as pesquisas indicam que: a) o presidente Lula já bateu no "teto" de suas intenções de voto (cerca de 40%); b) o candidato tucano deve mudar de patamar (hoje em torno de 20%). "É impossível que quando Alckmin seja conhecido pelo conjunto dos eleitores ele não mude de patamar para -na hipótese mais pessimista- mais 5 pontos", escreve Maia.

"Lula está com gordura, produto do desconhecimento relativo dos demais candidatos e por sua exposição ser dupla, como presidente e candidato", afirma. Para o prefeito do PFL, a soma dos eleitores que consideram a gestão do presidente como ótima ou boa (39%) indicam um teto para o desempenho eleitoral do virtual candidato petista à Presidência.

Sobre a taxa de rejeição de Alckmin --que cresceu de 33,5% em abril para 40,6% maio-- Maia diz que é necessário retirar os eleitores que afirmam desconhecer o ex-governador de São Paulo, o que reduziria a taxa para 27%, contra 34% de Lula.

Maia afirma que a campanha de Alckmin precisa "sangrar Lula" para garantir o segundo turno. "Se tentar esgrimir --para valer-- programas ou se deixar entrar a comparação entre governos como agenda, aí então se joga pela janela uma eleição", diz o prefeito.





Diante desse esforço gigantesco para desfazer a realidade e tentar impingir um absurdo de retórica, temos que o alucinado César Maia chegou à beira da insanidade para tentar de tal forma deturpar os fatos que “é impossível que ele não chegue a 25%, digamos”.
Isso ou é uma grande gozação, o que não é de todo impossível ou é o sintoma final necessário para se iniciar o tratamento psiquiátrico do prefeito carioca.
Conhecendo o espírito que emana da bela capital, creio que o prefeito está demonstrando, nessa entrevista a que ponto pode chegar o bom humor carioca.
Em primeiro lugar, dizer que a queda livre por onde se enveredou a candidatura tucana, é uma boa notícia, me traz dúvidas reais sobre em que Maia vai votar em outubro.
Depois temos o aspecto de que Lula atingiu seu teto e Alckmin deve chegar a 25%, quando se tornar conhecido. Se alguém, numa eleição dicotomizada como essa, conseguir ganhar com um quarto do eleitorado, quero conhecer essa nova matemática cesariana.
Ou melhor, essa cesariana matemática não deu bons frutos não, que o diga o Rio de Janeiro, principalmente a SAÚDE do carioca.
Um candidato com 40 por cento de rejeição deve ser bem conhecido, pois se for desconhecido e tem 20 por cento sim e 40 por cento nunca, fica bem complicado...
A tendência óbvia é essa rejeição aumentar, pois o chuchu não é dos mais “apreciados”, enquanto lula é bem mais procurada e valorizada.
O melhor de tudo é o final da assertiva. Repare bem no que foi dito pelo Maia:
Se for preciso sangrar Lula, então ta difícil, tem um ano que se tenta fazer isso e, nada, o danado só aumenta a quantidade de votos.
Agora, a auto crítica de César Maia é uma pérola: "Se tentar esgrimir --para valer-- programas ou se deixar entrar a comparação entre governos como agenda, aí então se joga pela janela uma eleição".
César Maia quis dizer que se compararmos os governos e programas a eleição está perdida.
Até que enfim eu ouvi desse ser esdrúxulo algo que beira ao bom senso.
Lula agradece a esse mea culpa e esse rompante de auto crítica.
Só faltava o César Maia ter declarado literalmente que Lula é melhor do que Alckmin, o que deixou claramente subentendido.
E não venham me chamar de Petista Fanático não, essas declarações pertencem ao César Maia, num “elogio” ao Chuchu!

CRÔNICAS - GEOGRAFIA E MISSA

Padre Raimundo Nonato, pároco de Visconde de Rio Branco, cidadezinha próxima a minha cidade natal; Mareai, era um padre tradicional, usando sua inexorável batina, mas tinha um bom humor impagável.
Mulato meio que pro obeso, tinha umas tiradas que nos deixava a todos, independentemente do humor que apresentávamos antes de sua chegada, rapidamente ficávamos de bem com a vida.
Encontra-lo era “ganhar” o dia.
Recordo-me que, certa feita, em visita aos meus pais, de quem fora colega de magistério no Colégio São Paulo, lá mesmo em Muriaé, o padre Nonato parecia estar, ao contrário de sempre, com o humor um tanto quanto diferente, até meio sorumbático, por assim dizer.
Interrogado pelo meu pai sobre o motivo de tal mau-humor, o padre desconversava; falava sobre outro assunto, tentava a todo custo mudar o tema da conversa.
Em vão, meu pai preocupado não deixava o amigo em paz; perguntando sempre o que estava acontecendo.
Lá pras tantas, Padre Nonato não agüentou mais a pressão e disse:
-Marcos, eu estou meio arrependido do que falei outro dia em Visconde do Rio Branco, na hora da missa.
Meu pai, já conhecendo o velho amigo, prontamente mudou a fácies; de preocupada passou a uma expressão sorrateira de quem já esperava alguma coisa.
- O quê que aconteceu, Padre? Perguntou meu pai, já meio que rindo.
- Pois bem, eu estava realizando a missa quando, sabe esses bancos de Igreja novinhos, feitos de madeira mais resistente?
Pois é, a comunidade tinha se esforçado tanto para poder comprar uns bancos novos, pois que os outros estavam em petição de miséria, já carcomidos pelos cupins e pelo tempo. Os bancos novos eram uma beleza, muito bonitos, mas, não sei por que cargas d’água um gaiato resolvera rabiscar no banco.
Rabiscar ainda era pouco, escrevera um palavrão daqueles...
Então, no meio do sermão, não resisti e falei:
“Pois bem, meus irmãos, o pior de tudo foi o palavrão que esse infeliz escreveu. De tão feio tenho até vergonha de pronunciar. Mas só para vocês terem uma idéia: Fica na mulher, ACIMA DO JOELHO E ABAIXO DO UMBIGO!”
CAI O PANO RAPIDINHO...

CRÔNICAS - DE COMO SALVAR O TIME DA GOLEADA E, DE QUEBRA REGENERAR UM GOLEIRO

João Polino, muito conhecido lá pros lados de Ibitirama, ou mais precisamente, no distrito de Santa Martha, aos pés do Pico da Bandeira, traz no seu currículo uma rápida, mas marcante passagem como treinador de futebol.
O fato se deu no início dos anos 50 e, como sabemos o Brasil recém derrotado na Copa do Mundo, em pleno Maracanã, vivia uma “ressaca” futebolística.
Lá em Santa Martha não era diferente e, João Polino, como bom brasileiro era um bom palpiteiro, o que o credenciara para ser o treinador do time local.
Haveria, em Alegre, um campeonato distrital e o time de Santa Martha não era tido como um dos mais favoritos, porém tinha no banco o “melhor treinador do Sul Capixaba”.
O time estava até que em forma, exceto o goleiro, conhecido como Pedro Gambá, por motivos meio que óbvios.
Pedro bebia muito, mas, quando não estava embriagado, ainda era o melhor goleiro da região de Santa Martha, sendo conhecido como “Mão de Gato”; isso quando sóbrio.
Nos treinamentos, ele fechava o gol, abstêmio que se encontrava, pelo fato de estar namorando firme uma das meninas mais desejadas de Santa Martha, Laurinda; mais conhecida como Lindinha.
Na estréia do campeonato, o jogo era contra Pedra Roxa e, por causa de uns entreveros pessoais com um pessoal pedraroxiano, João Polino tinha aquele jogo em conta de “honra pessoal”.
Bem na hora da partida, eis que surge o Mão de Gato; na verdade mais para Pedro Gambá do que nunca.
Os jogadores, com medo das reações do treinador do time, ocultaram o fato a João Polino que, sem perceber que o goleiro estava mais bêbado do que nunca, deu as últimas coordenadas ao time.
Para espanto de todos, na “arquibancada” improvisada, Lindinha estava no maior bate-papo com Zezinho do seu Paulo; rapaz meio janota e, portanto, tido como “aviadado” pelos invejosos concorrentes.
O jogo começa e, com menos de 10 minutos, Pedro já tinha iniciado a série de frangos que faria inveja a uma granja, o placar já contabilizando 3 a zero para Pedra Roxa.
Ao se completar a primeira meia hora e, com o jogo já em 8 a zero para a equipe visitante, João Polino, de súbito se levanta e...
Para o susto de todos, saca o revólver e dá um tiro em direção à bola, atingindo-a em cheio, evitando assim o nono gol do time adversário.
Só que, ao atingiu a bola, a bala passou de raspão na mão do pobre Mão de Gato.
Nesse interem, meio que arrependida, meio que assustada, Lindinha invade o campo e se dirige para o amado, ferido de raspão, mas, feliz da vida.
A flecha de cupido salvou o pobre bêbado, na pequena ferida real e no grande ungüento salvador.
O mesmo não podemos dizer do CUPIDO, que teve ali sua “brilhante e promissora” carreira encerrada.
Como não poderia deixar de acontecer, foi o padrinho do casamento de Pedro e Lindinha e, se não me engano, o filho mais velho do casal se chama João, só não sei se é Polino...

CRÔNICA - DE FRUTOS DO MAR E AFINS...

No começo dos anos 90, na minha deliciosa e indefectível Espera Feliz, surgiu um senhor aposentado que, diante da visão de ter o Parque do Caparão como um lugar turístico e a cidade extremamente aprazível resolveu fazer um restaurante.
Não era um restaurante qualquer, tinha seu quê de diferente, pois, em plena Minas Gerais, ao contrário do que se pode esperar, fez um restaurante especializado em... Frutos do mar!
No começo, à custa da curiosidade normal da população local, obteve certo sucesso; porém, associado ao fato do dito estabelecimento estar localizado bem distante do centro da cidade e, por conseqüência, o acesso ser muito difícil, a falência não tardou a ocorrer.
O fechamento, a bem da verdade, não foi muito sentido pela população local.
Durante um bom período, quem passava pelo local, observava na margem direita da estrada, um prédio abandonado e entregue às moscas.
Passam-se uns dois anos e, de repente, começam a enfeitar e reformar o fantasma.
Como eu viajava sempre de Guaçui, onde morava à época dos fatos, para Espera Feliz, onde ia trabalhar, fui acompanhando, semana a semana essa mudança.
Eis que um dia, as portas do estabelecimento reabriram e, para minha surpresa, com finalidades bem diversas.
Se a gente puder considerar aquele popular peixe famoso por sua voracidade como “fruto do mar” há algum nexo, mas...
Na verdade, ao saber que o restaurante havia se transformado em um prostíbulo, meu susto foi grande. Espera Feliz tinha abandonado e fechado a ZBM (Zona de Baixo Meretrício) há tempos, mas aquela “boate” ainda daria o que falar.
Ao perguntar ao meu amigo Maurício Padilha, já citado anteriormente, soube que aquele seria o primeiro prostíbulo “pentecostal” do Brasil.
Curioso, perguntei por que, no que fui prontamente respondido:
- É que, devido ao preço cobrado pelas meninas, o apelido do “estabelecimento” era: DEZ É AMOR!

DA MINEIRICE E DE AÉCIO.

Todo blindado
De Renata Lo Prete na coluna Painel da Folha de S. Paulo, hoje:

"Em recente pesquisa qualitativa, um homem de classe C, subempregado em Recife, descrevia a melhora em sua vida sob o atual governo: um ou outro bem de consumo adquirido para a família. Quando o mediador lhe perguntou sobre os escândalos, ele respondeu: "Isso eu não quero nem falar". E sobre o envolvimento do presidente. "A gente não quer acreditar que o Lula traiu a gente. Se não, como é que a gente fica?".
Quem assistiu acha que essa fala, além de ajudar a explicar os resultados de Datafolha e Sensus, ilustra bem a sinuca em que estão os tucanos: se insistirem em bater no presidente, poderão acabar confinados ao terço do eleitorado que nunca quis saber de Lula".




Noblat é um camarada extremamente tendencioso, muitas vezes agressivo e na maioria das vezes antipático e irritante. Porém muitas vezes coloca as coisas com inteligência e isso tem sido raro, principalmente nas oposições, mas vamos lá:
O aspecto primordial do colocado nesse comentário da colunista Renata é que, o PSDB e o PFL, pelo que temos visto, caminham irmanados para o rumo indicado pela comentarista.
O voto em Lula não é partidário, é VISCERAL. O que esse pessoal ainda não entendeu é o caráter essencial de um povo que é desconhecido para a maioria dos políticos e jornalistas brasileiros.
Quem me conhece sabe que tenho uma vida inteira de contato com a população mais brasileira de todas, o CAIPIRA MINEIRO.
Minas é o reflexo de todo o Brasil, apresentando todos os aspectos do Nordeste, do Sudeste e do Centro Oeste brasileiro.
Principalmente no ato de fazer política que, para o mineiro, é tão vital quanto o comer, dormir, tomar banho; viver enfim.
O mineiro por ser conservador é talvez o último a fazer da mudança seu lema; mesmo que tenha sido a base de grandes parte das mudanças ocorridas nesse país, ele é basicamente tradicionalista.
As mudanças em Minas são devagar, de vagar e vagar muito antes de senti-las para, depois realizá-las, sendo necessária sua absorção por todos os órgãos dos sentidos para se tornarem reais, efetivas.
Na história brasileira temos grandes políticos mineiros, além de grandes revolucionários.
Isso, ainda hoje ocorre nas figuras de um “guerrilheiro” Jose Dirceu, na de um Itamar Franco entre outros.
O próprio Aécio Neves, neto de uma das maiores raposas da política nacional, tem esse aspecto de mineirice impagável.
Tucano sem asas ou bicos lapidados em São Paulo, berço dessa divisão do PMDB, causada por conflitos locais com Quércia, seu atrelamento ao PSDB é bem menor do que com o PMDB do avô.
Suas origens políticas são as do observador que, macaco velho, não coloca nunca a mão em cumbuca vazia, muito menos furada.
E o PSDB/PFL de hoje não são somente uma cumbuca furada não, correm o risco de, pelo veneno que embutem e pela carga pesada de um passado não muito confiável, ferir quem quer que coloque a mão lá dentro.
É por essas e outras que Heloisa Helena, Bob Freire e o PDT não embarcaram nela não.
Muito menos o mineiro Aécio, Aécio, mas não beócio, como poderiam imaginar alguns.
O “namoro” de Aécio com Itamar demonstra tal posicionamento, muito mais tancredista do que se imagina. O PSDB pode ser usado por ele, nunca o usar.
E isso se estampa a cada dia, em que Aécio se afasta, sorrateiramente de qualquer embate com relação a Lula para se refugiar na matreirice que possui e não nega suas origens nas alterosas.
Tancredo conseguiu na sua vida política estar sempre numa situação eqüidistante entre as oligarquias e o povo; sendo, como bom observador que era, mais um vagão seguindo a locomotiva que era seu povo do que uma imbecil “locomotiva” a esmo, como parece a maior parte do tucanato paulista. E também ao contrário de Brizola que tinha luz intensa própria e mesmo sem ter esse poderio de liderança do velho engenheiro, Tancredo conquistou muito mais do que qualquer outro político nacional.
Lula é hoje, não somente aceito como, principalmente amado pelos mineiros e, por conseguinte, pelo povo brasileiro, LULA E NÃO O PT, diga-se de passagem.
É nesse vazio entre partido e político que aposta Aécio que, não se surpreendam, pode vir em 2010 pelo PMDB e não pelo PSDB paulista e, a continuar essa desvairada forma de agressões gratuitas e diárias, podem apostar que esse será o caminho de Aécio, bastando para tanto, que Newton Cardoso seja devidamente colocado à margem do PMDB.
Tudo isso me leva a um pensamento bem definido: quem quiser ganhar as eleições no Brasil, necessita conhecer a alma do caipira mineiro e suas aspirações.
Quando Minas não quis Lula, temendo-o, elegeu Collor e depois FHC, mas, ao perceber que essa opção tinha sido errada e que o bicho Lula não era “tão feio quanto parecia” o elegeu.
Ao perceber que acertou, irá continuar com Lula até quando esse não o decepcionar.
Como não pode haver uma terceira eleição, Aécio aposta no seu conhecimento de mineirice para poder dar o bote, cobra criada que é.
No PMDB, quem viver verá!

POR PAULA EVILASIA SOUZA - DE CORONÉIS NORDESTINOS E PAULISTAS

Uma coisa tem me chamado a atenção nesses dias, o fato de Alckmin e José Jorge terem perfis tão parecidos.Tanto fisicamente quanto o aspecto meio insosso de ambos.Essa característica de similaridade me permite uma observação: o quanto se parecem a burguesia paulista e as oligarquias nordestinas.O fato de ter sido São Paulo, durante sua história, uma província tanto política quanto cultural, gerou esse tipo de "aristocracia" similar à nordestina. O peão escravizado no Nordeste, ao se mudar para São Paulo, apenas trocou de chicote, mas o Senhor de Engenho foi substituído pelo dono da Fábrica ou pelo patrão burguês.O mais nefasto disso tudo é a forma com que a tão amaldiçoada burguesia, tanto lá quanto aqui, trata esses infelizes brasileiros, na porrada!As mortes sem sentido nem nexo oferecidas pelos coronéis no Nordeste, são as mesmas dos esquadrões da morte servis aos "burgueses" paulistas.A escravidão é a mesma com a mesma subserviência dos setores mais "influentes" de Comunicação, como a Veja, a Folha de São Paulo, a Isto É, o Estado de São Paulo, etc...Tudo isso me dá o asco que se pode esperar que possa acontecer com a filha de um nordestino, acostumada aos disparates dessa desigualdade social e à mão pesada dos "capitães de mato" de lá como daqui.Ser pobre e nordestino em São Paulo é tão pecaminoso quanto ser lá, nos grotões das Alagoas, da Bahia, do Ceará etc..O carcará que vive da fome e da miséria nordestina se reedita nas promessas a cada eleição, mas, aqui, há um aspecto diferente.O sonho da classe média paulista que, na maioria das vezes se equipara a estratos da oligarquia nordestina, é se transformar em burgueses.A menina tem como objetivo poder entrar nos restaurantes das elites, proibidos à massa faminta e "periférica", enquanto que essa mesma menina sonha com um dos vestidos da Daslu e congêneres.São Paulo é a maior cidade do Nordeste e, portanto, Juca Chaves acertava quando dizia que o paulista "é o baiano que deu certo".Isso se demonstra a cada dia, nessa guerra social sem fim que ocorre em São Paulo, e isso me traz de volta as semelhanças entre José Jorge e Geraldo Alckmin, é como se eu visse na mesma foto Maluf e Toninho Malvadeza; são frutos podres da mesma árvore do colonialismo, da geração de centenas de milhares de infelizes que, GRITAM nas mesmas "baladas" regadas ao som das Gretchens e Amados Batistas da vida.Onde a dor individual ou o apelo erótico descabido e escondido por uma lente falsa e deformadora têm o mesmo paladar, tanto para o paulista quanto para o nordestino.Esse chicote que transformou ambos os povos em massas idênticas, nas manobras incessantes de cretinas atuações políticas, têm que parar.A hora é de dizer não aos velhos e podres poderes; tanto lá quanto aqui.São Paulo merece coisa melhor que isso.E, a única forma para que se acabe com essas deformidades asquerosas e pútridas, é não dar mais voz a esse tipo de política e de político.Jazer com os Malufs, Antonio Carlos Magalhães, José Jorge, Alckmin é, na verdade, possibilitar a essa massa enorme de peões, paraíbas, cabeças chatas, mineiros, tanto de lá quanto daqui, o nascimento de um novo tempo; o da dignidade.

O RETRATO DE DORIAN GRAY

24 de maio de 2006 - 21:43
Tucanos tentam vincular PT à facção criminosa PCC
O movimento partiu do senador Arthur Virgílio e do deputado Alberto Goldman
Christiane Samarco

BRASÍLIA - Os tucanos fizeram hoje um movimento para tentar vincular o PT ao Primeiro Comando da Capital (PCC). O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), leu da tribuna uma nota divulgada pela internet sobre um ofício secreto enviado pela Polícia Federal ao governo de São Paulo.
O documento se referia a uma mensagem que o PCC teria disseminado pelos presídios paulistas no início de maio estimulando levantes e recomendando o voto no PT. "Ainda bem que o PSDB não tem esses votos. Isso nos deixa honrados", disse Virgílio. "Não queremos os votos do PCC. Queremos eles todos na cadeia. Eles que votem no PT."
Na Câmara, o deputado Alberto Goldman (SP), vice-presidente do PSDB, denunciou "a falta de escrúpulos" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha pela reeleição. Irritado com críticas presidenciais à oposição, que segundo declarações de Lula não gosta de povo, só gosta de ar-condicionado, Goldman não deixou por menos.
Goldman comparou a forma com que o presidente e o líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, fazem uso da miséria. "O Lula se utiliza da pobreza, da miséria e das injustiças sociais, da mesma forma que Marcola o faz. A fonte de ambos é a mesma", atacou Goldman no plenário.
Segundo o tucano, Lula faz uso dos pobres para se manter no poder, do mesmo jeito que Marcola usa a pobreza e a miséria para organizar o crime. Goldman lembrou que o traficante pratica ações sociais e firma sua liderança, dando assistência às famílias de companheiros da organização criminosa que estão na cadeia, só para destacar que o presidente Lula também procura tirar proveito eleitoral dos programas assistencialistas do governo.




Essa notícia veiculada no dia 25/05/06, pela Folha de São Paulo demonstra o subnível tanto intelectual quanto moral dessa oposição desastrada.
Tentar vincular o PT com o PCC é, não somente uma tentativa de “tirar o da seringa” quanto, principalmente uma ação criminosa equiparada às asneiras ditas por FHC no Roda Viva e na Isto É.
A desfaçatez de um Arthur Virgílio chega às raias da sandice absoluta, demonstrando a que nível pode ir essa campanha eleitoral que se aproxima.
A burguesia fedorenta e asquerosa adora esse tipo de discurso vazio e sem provas, simplesmente agressivo e indecente.
Mas, o que se pode esperar de um tipo de gente capaz de colocar a mãe em leilão para satisfazer os desejos de seus patrões norte americanos; ou as privatizações não tiveram esse aspecto?
Pior que isso, o fato de terem se apropriado indevidamente do Plano Real como se o mesmo fosse de autoria do falastrão socialista, quando todos conhecem a paternidade de tal plano econômico, feito à época de Itamar Franco e pela sua equipe econômica, a não ser que o incompetente sociólogo tivesse se transformado, por um milagre em um economista genial.
Cabe dizer que, quando andou com suas próprias pernas, tal “gênio” da economia, destroçou esse país.
Filho bonito dos outros é nosso né safardanas?
O PCC é filho de uma política espoliativa e criminosa de destruição das camadas mais simples da população, e isso pode ser constatado nos desgovernos tucanos ao longo da última década.
A mãe do PCC é a miséria, e a incompetência administrativa, sendo que uma é o efeito da outra e ambas alimentadas pela oligofrenia absurda que assola esses “intelectuais” tucanóides.
Filho desse casamento demonstra a face inescrupulosa desse “pai”, desnaturado e hipócrita. Não reconhecendo na face do filho, reflexo da cara de pau do papai, o filho tão similar ao emplumado progenitor.
Um Goldman, mais à shitman que qualquer coisa, deveria ter escrúpulos ao falar nesse termo, de significado desconhecido para quem sempre, sem nenhum pudor, esvaziou o estado brasileiro, sucateando-o à exaustão, transformando os sonhos de um país em um balcão de liquidação do bem público e, pior, ameaçando repetir tal feito se reconquistar o poder.
Para quem foi o principal fomentador da fome nesse país, falar que o governo usa a miséria chega a ser indecente.
O país, no final do Governo passado, mercê da abertura dos mecanismos internacionais para esvaziar economicamente nossa pátria, estava à míngua, numa derrocada que parecia irreversível.
A política de terra arrasada usada pela canalha que, agora vem com essa história de tentar vincular o produto de seu casamento com o que havia de maior excrescência no mundo, com o neoliberalismo pilantra e gerador de diferenças sócias, deixou para o Povo Brasileiro essa herança tão nefasta quanto difícil de ser administrada.
Assumam seus atos, pois o povo brasileiro não é tão imbecil quanto vocês pensam, e o PCC, filho “bom” que é, parece-se demais com o fermento de onde surgiu em suas ações criminosas e na facilidade de poder compor com o governo do Estado.
Quem planta o que o PSDB plantou quer colher o quê?
O duro é que a colheita está sendo imposta sobre uma sociedade que, de tão apavorada, agradece aos “grupos de extermínio,” numa lógica absurda, o que deveria ser imputado à incompetência de um desgoverno que, para minha tristeza, o governo paulista há 12 anos.