sexta-feira, dezembro 21, 2007

SONETOS 065 E 066

Na febre intensa; ardendo-me querida,
Em teu corpo volúpias do desejo.
Na tocha flamejante, nossa vida
Se encontra nos prazeres que prevejo...

As ânsias no meu corpo já palpitam
Incendiadas levam à loucura.
Num turbilhão de gozos mais se agitam
As noites tão sedentas na procura.

Errante me encontrando em tua selva
Que salva sem ressalva, salga o gosto
Semeio meu anseio nessa relva,
Granando nossa festa, amor bem posto.

E os ventos que me sopras, delicada,
Em tempestade intensa, apaixonada...

X

Voluptuosamente noite afora
Cuidando deste sonho tão soberbo;
Um sentimento imenso quando aflora
Nesta emoção divina que recebo...

Nas tentações noturnas, bocas, pernas;
Dilacerados medos não mais vêm
Reféns das alegrias vivas, ternas.
A noite anunciada de meu bem.

Desfeitos, os tormentos já fenecem,
Não tenho as tempestades que temia,
Enredos desejosos, olhos tecem,
Mostrando a claridade em novo dia.

Nas convulsões febris, nos entregamos
E mansos, feramente nos amamos!

X

Não tema o meu cantar, isso eu te peço!
Meu verso é manso e calmo como a brisa.
Meus erros, todos eles, te confesso
Amor vem de surpresa, nunca avisa.

Às vezes nos meus sonhos eu tropeço
A base de um amor, por vezes lisa;
Jogando-me pr’o chão! Mas eu mereço!
A dor que traz prazer é bem concisa!

Mas viver, por si mesmo; é um perigo.
Não ligue se me corto... A cicatriz
Eu guardo com carinho, aqui; comigo.

Quem quer toda alegria e o bom do gozo,
Quem quer, enfim, na vida ser feliz
Sabe que o amor é muito perigoso...

X

Nesta rede de sonhos dos teus braços
Dormito nas procelas; mais tranqüilo.
Sabendo que me atando em fortes laços
Somente o bom da vida eu já destilo.

Nas rosas olorosas que plantaste
Querida, no jardim desta paixão;
Sustentas os meus sonhos, qual uma haste
Perfeita nos momentos de aflição.

No deslumbrante afeto que nos ata
Auroras prometidas, sol e luz.
Embora em todo rio uma cascata
Com calma, tua mão sempre conduz.

Amar: dar proteção e garantia
Da plenitude imensa a cada dia...

X

Sonhar com teus carinhos e promessas,
Tocando no meu peito esta saudade.
Não tenho mais contigo nem conversas
A vida te levou felicidade...

Mas sinto que talvez quando confessas
Lembranças que ficaram; amizades
Tenhamos esperanças mais diversas
De um dia o recomeço, noutras tardes

Sedentas de teu beijo e teu carinho
Eu possa me entregar ao velho sonho
De te ter novamente. Mas, sozinho

O tempo vai passando. Inda reclamo
Teu nome ao novo mundo que proponho,
Dizendo bem baixinho: como eu te amo!

X


Amor não necessita que se fale.
Só um gesto ou sorriso sempre trai.
Em si mesmo permite que se espalhe
Mal chega o sentimento o mundo cai...

E a máscara que usamos já se vai
Por mares tão distantes corte e talhe.
O medo se esfumaça e quando esvai
Invade de tal forma que se cale.

As mãos é que procuram se expressar
Fazendo dos carinhos a linguagem
Mais fácil e verdadeira de falar.

Por isso tantas vezes não me expresso
Da forma que tu queres, é bobagem,
Nos olhos e nos lábios me confesso...

X

Quando eu cheguei aqui comi poeira
Da estrada tão comprida pés e chão.
Minha alma com certeza é estradeira
Criada com tristeza e solidão.

Montado na ilusão, cobrindo esteira
Com sonho e com vergonha, decepção.
Mas meu mundo jamais teve fronteira
Quem guia meu caminho é o coração!

Amor também passou a ser verdade
Desde que vi morena, bela flor.
Até casar, te juro, deu vontade...

Fazer da solidão meu canto e ninho.
Vivendo com clareza o nosso amor,
A pedra que se foi perdeu espinho...

X

Bagunce o meu coreto, faça a festa.
Seja o que quiser mas não se canse.,
Da vida sem promessa nada festa
Premissa é ser feliz, se quiser dance.

O bom não veio? Dane-se querida!
O risco corta? Corra mais depressa
Senão a morte alcança e sem saída
Não deixa nem motivos para a pressa.

Perceba o dom de estar onde sonhaste
Com braços estendidos, cai a noite.
Na queda não resolve nem guindaste,
A dor de uma saudade vira açoite

Mas tenha uma certeza minha amiga,
O mundo vale a festa e vale a briga!

X

Matando minha sede neste poço
Deliciosamente aberto em chama.
Causando a um sedento alvoroço
Incendiando quarto, casa e cama.

Sorvendo cada gota devagar,
Sabendo que um desejo insaciável
No mel delicioso lambuzar
De doce paraíso tão amável.

No regozijo imenso da paixão,
Vibrando neste altar de amor profano.
Não resistir jamais à tentação
Deste prazer sincero e soberano

Que toma nossos corpos tão sedentos,
Delírios tão suaves, violentos...

X

Eu recordo das noites que passamos
Depois de tanto tempo enamorados,
De todo este carinho desfrutamos,
Estávamos enfim, apaixonados...

Pois amor nunca admite servos, amos,
E logo, sem saber, tão enganados,
De tudo o que vivemos e sonhamos,
Sem ter sequer segredos revelados.

O tempo soberano e passageiro
Desfez aos poucos tudo que amor fez,
E um sentimento puro e verdadeiro

Morreu nas mãos de minha insensatez.
Agora, meu amigo e companheiro,
Somente a solidão tem sua vez...

X

Amiga não se esqueça de que o bem
Deve ser pela terra semeado,
Por vezes caminhamos sem ninguém
Somente da esperança ladeado.

Amiga não duvides de que o mal
Tem raízes no bem que não se fez;
Fazer o bem de modo natural
Sem dúvidas, perguntas ou talvez.

Nós somos tão culpados da omissão
Que causa o sofrimento de quem pede
Apoio. É necessária a solução
Dos problemas que a vida não impede...

Amar;fazer o bem é conceder
Uma esperança nova de viver..
.

X

Amigo me perdoe se em meus versos
Eu tantas vezes mostro-me egoísta.
Eu sei que somos muito mais diversos
Mas isso não impede que resista

Um sentimento claro de amizade
Unindo nossos mundos num só canto
Que faça nos mostrar a qualidade
Da vida com meandros, mas encanto.

Por vezes te pareço bem distante
Pensando em outras coisas desta vida.
Porém pode saber que neste instante
Eu procuro encontrar uma saída

Que possa permitir que um novo dia
Renasça com mais paz em harmonia...

X

Tantas coisas ensinaste para mim...
Da vida, foste um grande professor.
Meus erros, meus fantasmas, tudo enfim,
E sei que tu fizeste com amor.

Às vezes nos perdemos, mesmo assim,
Tiveste a paciência e com ardor
Sabias dizer não e também sim
Tratando com carinho e sem terror.

É pai, a vida ensina em sofrimento
Quem
não quiser ouvir um bom conselho.
Por mais que seja estranho, no momento,

Por mais que esta palavra corra a esmo,
Ensinando-me olhar para este espelho
Eu já sei encontrar sim, a mim mesmo...

X

Não me queres mais. Sinto que perdi
O teu amor querida. O que fazer?
Tantas vezes contigo me escondi
Dos males procurando em teu prazer


A força que encontrara só em ti.
Mas tenho tanta vida por viver,
Esperando que apareça um bem querer.
Por isso minha amada, hoje eu saí.

Buscando teu olhar em cada rosto,
Buscando tua boca em cada face...
Mas desculpe; rei morto, outro rei posto.


Não vou ficar aqui sofrendo, à toa;
Perdoe, mas sou franco e sem disfarce:
Agora eu descobri que a vida é boa!

X

Sentir a tua pele em frio inverno

Tão lisa e tão macia... Sedução...

Neste carinho manso, doce, terno...

Rastilho que nos leva à explosão!

Quem dera se pudesse ser eterno,

Soltar minhas amarras... Tentação

Divina angelical, longe do inferno;

Num jogo que convida à emoção.

Tocar as tuas pernas, viajar...

E conhecer teus íntimos segredos

Todos. Cada um com calma eu explorar

Neste passeio mágico e fantástico

Entrar nos teus refúgios e degredos,

E descobrir caminho enfim, orgástico...

X

Vencer meu medo eterno de poder
Entregar-me completa e loucamente.
Escondo-me por vezes do prazer
Defesas que criei na minha mente.

Talvez seja esse medo de sofrer
A causa desta dor que o peito sente.
Morrendo no temor de enfim viver
Não consigo entender. Mas, de repente

Surgindo destas brumas o teu rosto,
Emoldurando a vida no meu peito.
Um coração faminto surge exposto

Com tal voracidade que me assusta.
Sedento e tão voraz, insatisfeito,
Não sabe mais sequer medida justa...

X

Eu quero o teu desejo mais audaz

Nas noites mais intensas de prazer.

Tu podes ter certeza, sou capaz

De tudo neste mundo pra te ter.

Uma emoção no peito mais falaz

Invade, dominando todo o ser;

Um raro e doce gosto a boca traz

No toque inebriante. Faz viver.

Depois de percorrer matas e montes,

Desaguar minha alegria no teu mar,

Celebro os desembarques nestas fontes

No orvalho que poreja e já me inundo:

Suor, saliva, sexo a nos tomar,

Sentimento feroz e mais profundo...

X

O tempo, o medo, espaço... essa saudade
Exposta qual fratura no meu peito.
Tu fostes e ofuscaste a claridade
Porém em pouco tempo estou refeito.

Refém do que se fora, na verdade;
Do bem que te queria, contrafeito
Além do que sonhara. Ansiedade
Se vem, dispenso e volto satisfeito.

Sorris e não percebes que passou
O bis tão desejado nunca veio.
Feliz, irei juntando o que quebrou

Atriz perdeste palco e sem platéia,
Exposta às maldições, vivo receio
Da morte de tua alma; cega, atéia...

X

Manhã tão luminosa que chegou
Trazendo o teu olhar, sol radiante,
Tocando o coração me despertou
Fazendo acelerar a cada instante.

Aos poucos, teu olhar me desnudou,
Jogando-me na cama, amor vibrante
Que toda essa manhã iluminou,
Prometendo-me um dia deslumbrante.

Danço no teu corpo mil desejos
De beijos e carinho sem ter fim.
Trazendo para a vida, nos festejos;

O gosto que esquecera no passado,
De ter esta alegria toda em mim,
No canto que te faço, apaixonado...

X

Não faça meu amor, um reboliço
Que espante o sentimento que chegou,
A flor que com o tempo perde o viço
O vento da saudade magoou.

Se mexe com amor, no duro ofício
De ser um simples, velho trovador,
O mundo vai ficando tão difícil
Depois já quase nada me restou.

Apenas a vontade de saber
Se o rio desemboca em grande mar.
Procuro por teus olhos, mas cadê?

Menina que levou meu sentimento
Pra tão longe daqui; como chegar?
Minha asa que restou? Do pensamento...

X

Quando “a cigana leu o meu destino”
Acendeu lamparina da esperança.
Dizendo que este amor desde menino,
Seria uma alegria, eterna dança...

Agora que te vejo bem distante,
Eu vejo que a cigana se enganou.
Perdendo esta esperança, um diamante,
Pergunto sem te ter para onde vou?

Quem dera se eu tivesse a paciência
De saber esperar por quem não vem,
Porém amar nos toma a consciência,
Depois de tanto tempo sem ninguém...

Vencido pela dor que assim se sente,
Procuro novo amor em outra gente...

X

Eu quero ver teu rosto dentro em mim
Vivo
espelho querido e bem sentido.
Refletindo esse rosto, quero, enfim.
Beber o teu desejo em mim, curtido.

Quero sentir teu toque em sempre sim,
Eterno sentimento que, vivido,
Depois de muito tempo sem ter fim
Relembro simplesmente perco olvido...

Eu sei que o bem melhor tive contigo,
Nos meus momentos belos, fui feliz.
O corte demonstrou todo o perigo

De ser sempre fiel. Seguir em frente,
É ter depois de tudo, o que bem quis.
E mesmo em sofrimento, ser contente.

X

Amenizando o tom de minha voz,
Falar de uma amizade soberana,
Num mundo em que vivemos, tão atroz,
Quem pode já domina e sempre engana.

Não uso o meu cantar, nem sou feroz,
Apenas na verdade que se explana
Jamais me curvarei ao meu algoz,
Nem brados, nem mentiras, nada ufana.

Sou manso qual cordeiro mas bem sei
Da faca que escondeste, meu pastor.
Não quero ser escravo nem ser rei,

Apenas na amizade entre os humanos,
Que é feita de respeito em muito amor,
Nos sentimentos mais nobres, soberanos...

X

Não existe um momento nesta vida
Que permita uma distância entre nós dois.
Vivendo em nosso amor, vejo querida,
Que nada pode haver se houver depois...

Não há nem melodias, nem sorrisos,
Não há nem esperanças, eu naufrago
Sem ter os teus carinhos mais precisos,
Não posso mais viver sem teu afago...

Escuto tua voz como oração,
Meu canto só se faz se estás presente.
Sou vítima feliz desta paixão,
Que Deus nos deu um dia, de presente.

Mesmo além dos mar deste oceano,
Amor um bem supremo e soberano..

X

Nos teus lábios, veneno invés de mel,
Doçura que me mata, sensual...
Trazendo este inferno em pleno céu,
Desejos de pureza em tom carnal..

Beijar-te é me cobrir em mil loucuras...
Fogueira insaciável me queimando.
Tortura vindo em forma de ternuras...
Em gozo, vai aos poucos me matando...

Um vício que me toma e assim persiste,
Vagando um universo em fantasia.
Se trama uma alegria meio triste
Em pura insensatez já me alivia...

Veneno nos teus lábios sedutores..
Inebriadamente tentadores...

X

Não me esqueço das noites junto ao mar,
Vivendo uma ilusão em nosso amor,
À noite sob a luz deste luar,
No frio imaginando o teu calor...

Porém tu não querias mais me amar,
Trazendo sofrimento ao sonhador,
Que tantas vezes louco a te esperar;
Aos poucos foi morrendo em esplendor.

Agora, que esta angústia me domina,
Distante dos teus olhos... coração...
Somente a dor restando, me alucina

Repleto de amargura, desespero
Sou vítima fatal desta paixão...
Olhando o mar, nas ondas eu te espero...

X

Moça bonita, quero o teu desejo
Te vejo a cada instante dentro em mim,
Se perco meu caminho, tanto pejo,
Vivendo por viver, te quero sim...

Tua pele que cheira igual jasmim,
Nau perdida, me encontro dentro em ti.
Achando esta esperança vou enfim,
Afim desta emoção que já perdi.

A cereja da boca da morena,
Açucena gostosa posso ver,
Amor vem devagar, vê se tem pena,
Apenas do teu lado vou viver.

Eu quero lambuzar tua boca,
Vem logo que a vontade é muito louca...

X

Nunca tome cuidados com a vida
Viva e nunca pergunte: perfume!
Permita que a vontade; sim, decida.
Toda matéria orgânica é estrume.

Por isso, meu amigo toda a lida
Tem sua face escura e também lume
A porta da chegada e da saída
A mesma, como sempre; de costume.

Sou velho, sou refém, mas nada temo.
Apenas o não ser ou ser mal feito
A vida traz o barco e traz o remo.

De véspera não morro, só respiro.
Amigo, se tu queres abra o peito.
A bala não se perde, ganha o tiro.

X

Vem me fazer aquele amor
Parceiro das delícias
Amor

Geraldo Azevedo


Eu sonho em te sentir pele macia
Nos braços, nossas pernas, coxas, cama.
Fazendo tanto amor com alegria
Enveredando sempre em tua trama.

Parceira que eu desejo todo dia
Meu corpo por teus lábios sempre chama.
Estrada que me leva à fantasia
Quem sabe faz agora e não reclama.

Bagunça meu coreto e nem disfarça
Se lança nos meus braços faz a festa.
Assim a noite vem, a vida passa

E a gente vai vivendo mil carícias
Que é tudo o que desejo e que me resta.
Minha parceira amada... nas delícias...

X

Deliciado ao som de tua voz,
Sentindo o teu perfume no meu rosto...
O medo do que fora duro, atroz,
Essas marcas sulcadas por desgosto.

Querendo perceber da vida após
As dores que o passado havia imposto,
No sentimento brusco e mais feroz,
O peito sente o frio de um agosto...

Em languidez deitada do meu lado,
Tua nudez traduz volúpia tanta..
Prometo-te meu canto enamorado,

Anseios te buscando, tensos, mudos,
A silhueta exposta, nua, encanta,
A pele acetinada nos veludos...

X

Encontro em ti meu grande companheiro,
Amigo nas jornadas mais complexas;
Contigo percorrendo o mundo inteiro,
As almas se completam, são reflexas.

Num sentimento nobre e verdadeiro
Se tocam sendo côncavas/convexas;
Se permitem dizer que são anexas.
Nas horas mais difíceis não me esgueiro,

Encontro na batalha teu apoio,
Amigo, te percebo em cada canto,
Sabendo quem é trigo e quem é joio.

A vida nos ensina essa verdade,
Tão raro o sentimento, em tal encanto,
Fazendo em raridade, essa amizade...

X


Amor que nos domina, imperador
De todos os sentidos e desejos.
Buscando em teu carinho, sonhador,
Os belos descaminhos dos meus beijos.

Dourando perfumada e bela flor
Aumentando a potência dos lampejos
Que trazem ao meu canto encantador
Motivo para os dias que antevejo

Nos olhos da mulher que é minha sina.
Na boca umedecida por paixão.
Neste sorriso eterno de menina

No brilho que irradia a claridade
Imensa transbordando de emoção.
Na ventura do amor; felicidade!

X

Amor que me invadiu tão docemente
Não deixa sequer margem pra tristeza;
Rondando minha vida põe a mesa
Trazendo toda a festa que se sente.

No tempo em que vivera tão ausente,
Não soube da alegria nem beleza,
Porém ao te tocar tive a certeza
Da vida já pulsando, novamente.

Amor tal sentimento a que me presto
Vibrando em minha vida porta a rosa
Tomando cada dia, que não parta.

Não quero ser somente um ledo resto
Nem quero mais a noite tenebrosa.
Desejo a tua carne, intensa e farta...

X

Lembrando-me de Cristo neste dia,
Sexta feira sangrenta da paixão,
Sempre trago comigo essa agonia,
Do mártir que pagou pelo perdão.

Caifás o seu carrasco, bem podia
Ter sido equiparado na questão
A um Papa causador de uma heresia
Matando Joana D’arc. A solução

Que dada em política selvagem
Ao temer uma perda de poder.
Permita-me Senhor, uma homenagem

Neste dia terrível contra a paz
Podendo neste Papa já rever
A face demoníaca: Caifás!

X

Cavaleiro enluarado
De onde vens que não se chega
De que terra traz partida,
Coração sujo de estradas...

Carlos Pita



Buscando o teu castelo no sertão
Princesa dos meus sonhos... O luar
Aponta meu caminho e direção
Teu reino enluarado onde encontrar?

Pegadas tão esparsas pelo chão
Distante... Tanto tempo a procurar
Levado pelas mãos do coração...
Princesa mais bonita do lugar!

O vento do querer é o meu guia
Estrelas comandando o meu caminho...
Ao gosto da vontade... A fantasia...

Clareio nos teus braços, na chegada.
Deitando em tua cama meu carinho...
Depois dessa poeira... Tanta estrada...

X

Amiga, quando a dor vem, se aproxima;
O sopro da tristeza nos alcança
A sorte da amizade, a gente estima
Com toda a plenitude da esperança.

Nas horas mais difíceis quando arrima
Meus pés já tão cansados desta dança;
Meu verso no teu peito encontra a rima
Numa felicidade que se alcança.

Amiga, companheira dos meus dias,
Na febre que me toma, mais antiga,
Permita; em nosso canto, as alegrias

Que sabes, divinizam minha estrada
Por isso é que te digo, cara amiga;
Para sempre serás por mim amada...

X

O medo de perder quem tanto quis
Voltar meus olhos tristes para trás.
Não sei se poderei ser mais feliz
Se a noite que chegar não trouxer mais

O brilho de teus olhos. Por um triz,
Bem sei que não soubera mais da paz;
Meu peito enamorado sempre diz
Que tudo que há de bom teu canto traz;

Mas sinto que perdi o teu amor,
O vento que te trouxe já não canta
Agora o dia passa num torpor,

Neste mormaço sofro e te desejo...
Vontade de te ter é tanta... tanta.
Somente uma saudade, ao longe, vejo...

X



A noite recomeça em nova dança
Nos toques mais audazes e precisos,
A vida em nossas mãos logo se avança
E mostra na alegria dos sorrisos

O gosto tão divino da esperança
Que vem e não prescinde dos avisos
Fazendo da volúpia esta aliança
Nos lábios que se entranham mais concisos...

Fogosos, flamejantes labaredas
Que encharcam nossos corpos de tesão,
Invado tuas matas, alamedas

E busco o nosso amor com tanto apuro,
Imerso em teus desejos. Sedução...
Na eternidade sempre te procuro...

X

Musa,
lambe, lambuza,
me usa, me abusa...

Taiguara

Ao me entregar à musa dos meus versos,
Completamente nu; sem ter defesas,
Vagando por galáxias, universos,
Em magnitudes tantas, correntezas...

Meus sonhos que parecem ser dispersos ,
Unidos num só canto sem ter presas,
São monotonamente bem diversos,
Pretendem só manter luzes acesas...

Ó Musa estou entregue nos teus braços,
E danço em teus desejos, meus sentidos;
Os cinco misturados, mas esparsos...

No Canto que em beleza se anuncia,
Da Musa divinal; nossos ouvidos
Felizes escutando-te POESIA...

X

Enfeita-me o sorriso o teu amor,
Trazendo tantos traços da alegria,
Quem sempre se achou merecedor,
Encontra nos teus lábios, fantasia...

Viceja na beleza de uma flor,
Que emoldurando cada novo dia,
Esbanja um sentimento sedutor,
Forrando a minha vida em melodia...

No canto prometido, vivo o sonho,
De ter eternamente teu desejo...
Amada, novamente te proponho

Vivermos a esperança de chegar,
A noite em que sorvendo cada beijo,
Que seja a minha vez de te enfeitar...

X


Pudesse o homem só saber o que é o amor
E lhe entregar o coração e a razão
Ainda haveria um poeta em cada ser

Taiguara



Tanto razão quanto emoção, amor,
Unidas pela sensibilidade,
Com força e com carinho, em tal vigor
Que nada se oporia, na verdade.

O cientista aberto à poesia,
Criando pelo amor sem vaidade,
Humanidade viva e sem ser fria
Vivendo a luz, em toda uma irmandade.

Em cada ser humano o doce gosto,
Da vida que se fez em amizade,
O coração sem medo sendo exposto,
A gente ia ter solidariedade.

Em todos uma vida mais completa,
Olhando para o mundo, qual poeta...

X


Oh, minha amada
Enfeitei a nossa estrada
Com palmeira e passarinho
Pra que surjas de mansinho
Só vestida de luar

Taiguara


Ladrilhei de esperanças o caminho
Prontinho para amada vir passar,
Passarinho cantando pede ninho,
Esperei meu amor, pelo luar...

Sozinho meu amor já me deixou,
Bem sei que com certeza, voltará,
Usei aquela estrela que brilhou,
Carinho que meu bem logo dará...

Vestida de luar, a minha amada,
Parceira deste sonho tão querido,
A lua não surgiu, envergonhada,

Deixando minha noite em solidão,
Agora estou sozinho e vou perdido,
Guardando nosso amor no coração..

X

Amiga, por favor ouça este canto
Que faço sem demora a te pedir,
Na cobertura extensa de teu manto
O quanto for capaz de dividir.

Depois de ter sofrido tanto, tanto.
A voz já bem cansada a repetir
Em tantas situações eu já me espanto,
Por isso é que desejo o teu ouvir.

Amor como quimera maltratando,
Na fera que gargalha, a garra exposta,
Aos poucos todo o bem vai lacerando.

Só resta algum sentido disso tudo,
Amor vai me deixando quieto, mudo,
Só resta este pedido a quem me gosta..

X


Amor se eu demorar, favor, me espere,
Nas asas da saudade vou depressa,
Bem sei que tanto amor, por vezes fere,
Distância maltratando me confessa

Que o dia de chegar já se aproxima,
Beijar a tua boca e ser feliz.
Meu verso no teu peito encontrar rima,
Arranca deste amor a cicatriz...

Na santa criatura que sonhei,
Eu quero naufragar cada carinho.
Amores com desejos misturei,
Não posso mais assim seguir sozinho,

Espere mais um pouco minha amada,
Virei no revoar da passarada...

X

Negaste teu amor a quem, um dia,
Vivendo uma ilusão te quis aqui.
Meu canto se transtorna, uma agonia,
Tomando seu lugar onde vivi

Os sonhos que julgara de alegria,
Em pesadelos mostram quanto em ti
Destrói-se
sem motivo a fantasia,
Até uma esperança eu já perdi...

Mas canto minha vida sem tristezas,
Apenas aprendi como se faz.
Deixando para o lado as incertezas,

Seguir cabeça erguida minha estrada,
Depois de tudo a morte vem em paz,
Do amor que não me deste; levo nada....

X

Quantas vezes pensei que enfim tivera;
A sorte do meu lado, companheira,
Sorriso de mulher viva pantera
Cortando a minha carne beira a beira.

Depois de certo tempo sem ter nada,
Vivendo a plenitude do vazio,
Tua presença quase idolatrada
Na pólvora estampada no pavio,

Fez toda esta ilusão cair por terra,
Num terremoto imenso, nada sobra,
O vento da saudade que descerra
Abrindo esta tristeza que redobra...

Mas nada mais me lembro das paixões,
Somente o ter vivido as emoções...

X

Tu foste o diamante mais perfeito
Que um dia meu olhar reconheceu.
Depois de certo tempo, contrafeito,
Sem ser aguado, amor demais morreu.

O rio da esperança é bem estreito,
Em meio a tantas curvas se perdeu,
O mar a quem pensava ter direito
Noutro lugar distante se escondeu...

Agora que me vejo aqui sozinho,
Relembro com carinho cada beijo...
No cálice da vida, o doce vinho

Depois de tanta espera avinagrou.
Mas mesmo assim, querida eu te desejo
Tu és espelho vivo do que sou ..

X

O bom da vida leva aos teus conselhos;
Amiga sempre foste tão sincera.
Os olhos lacrimejam, bem vermelhos,
E o teu consolo, amada, já impera.

Não fosse este teu braço companheiro,
Há muito eu desistira de lutar.
Um sentimento nobre e verdadeiro,
Ajuda-nos, por certo a enfrentar

As horas mais difíceis, solidão,
Os golpes doloridos; artimanhas,
Que vibram pelas costas, traição,
Nas derrotas, amiga sempre ganhas

A confiança imensa que em verdade,
Só vejo neste bem de uma amizade...

X

Há tantas ilusões em quem procura
Amor como se fosse eternidade.
A luz que não se encontra em noite escura
Somente aumentará sua saudade.

Assim busquei em ti toda a ternura
Que um dia imaginei, felicidade...
A realidade mostra-se tão dura...
O que restou no fim? Só a vontade...

Mulher que desejei a cada dia,
Fugidia, distante... não mais vejo.
Depois de tanto tempo, a fantasia

Se mostra dolorida e sem sentido...
Restando tão somente este desejo,
E o canto de alegria? Vi perdido...

X

Escorre em minha boca todo o sumo
Roubado desta manga amar Marina
Na boca que procura por teu prumo
No seio tão gostoso da menina.

Assim amar demais eu me acostumo
Depois o que fazer de minha sina,
Fartando do veneno do teu fumo
No vício que me toma e me domina...

Matando minha fome sem receio
Vibrando na cascata cachos pelos.
Nas rosas do mamilo lindo seio

Mergulho e me lambuzo quero o gosto,
Debaixo caracóis belos cabelos,
O beijo começou foi pelo rosto...

X

Às vezes me pergunto como pode
A vida te levar para outros rumos,
A dor que no meu peito, cedo explode,
Roubando da alegria tantos sumos...

Meu verso vai morrendo nesta ausência,
Procuro te encontrar... mas nada vejo.
Esperança; sinônimo paciência,
Mas nada impedirá que este desejo

De vida que levaste já contigo,
Aos poucos se acabando, enfim me mate.
Mas deixe... Minha amada já nem ligo...
Deixe que a saudade me maltrate,

E saiba que eu te adoro... assim... demais...
Mesmo que não te veja nunca mais....

X

Vivendo o que passamos, minha amada,
Guardei tantas lembranças no meu peito.
A voz que te pedia, tão cansada,
Perdendo com o tempo este direito.

A lua que se deita na calçada
E espalha todo o brilho sobre o leito,
Trazendo uma beleza iluminada,
Num quadro que se pinta mais perfeito...

Ao ver este luar aqui no quarto,
Recordo da nudez tão cristalina...
A um mundo mais bonito, sempre parto,

Na espera de te ver junto comigo...
A noite vem trazendo a chuva fina
A lua procurando um outro abrigo...

X

Amor jamais terás um outro alguém
Que te queira da forma que eu te quis;
As noites que passamos. Ah! Meu bem...
Um tempo, com certeza, mais feliz...

A solidão terrível sei que vem,
Deixando na minha alma a cicatriz,
Distante de teus olhos, sem ninguém,
O céu já vai perdendo o seu matiz...

Embora o sofrimento seja imenso,
Não quero que tu penses que eu te odeio...
No amor que já vivemos sempre penso,

E venho, sem temores te falar...
Se um dia precisar, vem sem receio
A ti, jamais deixei; meu bem, de amar...

X

Por vezes, no egoísmo em que vivemos,
Deixamos de sentir o gosto bom
Das coisas que sem ver, logo esquecemos,
Da vida, a sinfonia em cada som...

Por vezes nos matamos por dinheiro,
Sem termos a noção sequer da vida.
Sangramos com um mal tão corriqueiro
A sorte que jogamos; vai perdida...

Não falo em sacrifício nem em dor,
Não falo da tortura nem espinhos,
Apenas para bom observador
O que nos faz doer? Sermos sozinhos...

Pois saiba que jamais falta-te abrigo,
Nunca só: em Jesus tens um amigo...

X

Ah! Se eu pudesse... amor... não deixaria
Jamais a noite fria te levar,
E voltaria sempre em alegria
Colado
no teu corpo, a procurar...

Buscando o teu amor a cada dia,
Nos raios deste sol e no luar,
Nos versos que dedico, em poesia,
No canto que te faço a cultivar.

Eu sinto que tu andas tão distante,
Mas vejo uma promessa nessa dança,
De ter o teu amor a todo instante,

Na festa em que louvamos nosso amor,
Vivendo sem deixar esta esperança,
Que é minha e me acompanha aonde eu for...

X

Queria ter na vida, simplesmente,
Um canto onde pudesse descansar,
Meus olhos tão tristonhos, de repente,
Buscando, sem temores, navegar

Por mares onde a vida já não mente,
Somente um canto livre ganha o ar.
Meu coração; um velho adolescente,
Bebendo na varanda o bom luar.

Cercado por amigos que não tenho,
Criados pelo amor à fantasia.
Jamais ser necessário cerrar cenho,

Ouvir o sabiá na laranjeira...
Possível? Talvez nunca. Mas se um dia...
A gente mais feliz e verdadeira...

X

Viajo por teu corpo, alucinado,
Tomando cada ponto de partida
Como o destino vivo, imaginado,
Rondando o teu prazer, sorvendo a vida...

Concebo cada ponto decorado
Tocando minha boca distraída,
Em cada nova fase meu recado
Explícito em loucura bem servida...

Começo e recomeço em liberdade,
Excursões e bandeiras ao tesouro
Até chegar torpor, saciedade...

Todo o tempo notando em teu sorriso
O cais divino, belo ancoradouro
Do hedônico caminho ao paraíso!

X

Quando entre as mais raparigas
Vais cantando entre as searas
Eu choro ao ouvir-te as cantigas
que cantas nas manhãs claras

Madredeus

Depois de tantas manhãs
Procurando-te querida
A vida sem amanhãs,
Não mais achando a saída

Minhas noites, tristes, vãs
Pensando ter já perdida
As doces horas louçãs
Que encontrei em minha vida

Adormecem tão tristonhas.
Quem passara por searas
Coloridas e risonhas

Agora morrendo em tristeza,
Procurando manhãs claras,
Já se perde em incerteza...

X

No mundo onde interesse é soberano,
Aonde ninguém faz de puro agrado,
Impera este terrível desengano,
A solidão parece ser o fado.

Passando o tempo; dia mês e ano,
Mas nada me parece ter mudado,
Quem não fizer mais parte deste plano,
Apenas é jogado para o lado.

Nem mesmo amor escapa desta sina
Da doação completa sem espera.
Somente um resto dágua cristalina

Resiste sem ter garras, sem ser fera.
Um puro sentimento, na verdade,
Somente no vigor de uma amizade...

X

Quando te vi, eu juro não pensava

Que um dia poderíamos viver

A sensação; vulcão-erupção-lava

Que invade nossa noite e dá prazer.

Tu eras tão menina, mas guardava

Tanto desejo em flor; mal pude crer

Quando senti que a vida me levava

Direto pros teus braços... Que fazer

Senão me permitir este mergulho

Que trouxe em minha vida esta esperança;

Quem teve em dura estrada um pedregulho

Já sabe como usar suas defesas,

Porém, surpreendido em nova dança

Se entrega a desfrutar tantas belezas...

X

Dizem que a pedra é dura,
mais duro é o teu coração;
ela é dura, na verdade,
mas não faz ingratidão.

Quantas vezes busquei o teu amor

Entre ruas, estradas e caminhos...

Nada encontrei. Restando este temor

De jamais reviver os nossos ninhos...

Eu fui teu companheiro, teu amigo,

Mas logo me deixaste sem ninguém.

Quem dera reviver amor contigo,

Mas nada, nem à noite nunca vem...

Eu sou o que sobrou de quem amas-te,

Apenas um resquício que caminha,

O tempo e a solidão, tanto desgaste,

Pensar que em algum dia foste minha...

Mas resta uma esperança, uma ilusão,

A que tu reconheça ingratidão!

X


Não querendo admitir tanta mentira
Que tramas escondida a cada dia,
Na dor que prometias e sentira;
A vida vai passando em agonia...

Amar-te foi, da vida uma obra-prima
Do amor e da esperança num momento.
Amor e dor quem pode nunca rima,
E joga toda sorte fora, ao vento...

Senhora dos meus sonhos me deixaste,
Aos poucos me derramo em teu ausência
Sem base me mantendo na fina haste
Que ganho em piedade, por clemência...

Não há mais nesse mundo quem convença
A preservar o amor, minha doença...

X


Da forma que vieres, és benvinda,
Coberta de um amor ou por favor,
Tua presença amiga já deslinda
Um novo mundo pleno e sedutor.

Embora cedo seja muito, ainda,
Jamais é muito cedo para o amor.
Meu coração aguarda tua vinda
De quero da maneira como for.

Ao ver-te decidida e quase rindo,
Percebo que inda tenho alguma chance,
O tempo de esperança é sempre lindo.

Ainda que isso seja embrionário,
Quem sabe viveremos num romance,
Amor tão delicado e visionário...

X

Luar está chamando para amar,
Convidativamente flores tantas
Brilhando sob a luz deste luar,
Argênteas belezas nestas mantas,

Derramam os seus lumes sobre o mar,
Certeza de que mais que tudo, encantas,
E chamas para à noite namorar;
Nas chamas tão profanas quanto santas.

Insanas aventuras pelas matas,
Palavras que sussurro em teus ouvidos,
Desfilam emoções quase em cascatas

E
levam ao delírio. Lua intensa
Distante de outros dias nos olvidos,
A lua em nossa cama... Aberta... Imensa

X

Não quero que tu sofras minha amiga.

Bem sei quanto te quero. Isso é que importa.

Tristeza se é demais sempre castiga,

E o coração não fecha sua porta

A quem sempre se deu e não cobrou,

A quem sempre se fez e não propaga,

A quem tanto carinho dedicou

Não deixa essa emoção ficar amarga...

Se eu pudesse sofrer em teu lugar!

Mas isso não seria proveitoso,

A dor sempre tem muito pr’ ensinar,

A gente nunca cresce com o gozo.

Por isso, por te amar e te querer

Não posso, em teu lugar, a dor sofrer...

X

Mereço o teu desejo se quiseres?
Mereço o teu carinho se vier?
Amar é um banquete em mil talheres
Para se desfrutar numa mulher.

Tu és o meu princípio, meio e fim,
Caminho que se em mesmo já se encerra,
Amando em plenitude tanto assim,
Maior amor nenhum em toda a terra.

Tu és a minha cura e meu remédio,
O vento, a tempestade, minuano,
Sem ti a morte sempre faz assédio,
Te quero desde sempre, amor temprano.

Sou servidor dileto de teus passos,
Meu canto predileto, nos teus braços..
.

X

Viço do quem fora sem talvez
Respiro o sentimento que negaste,
Imerso na amplitude que não vês,
Sou véspera do sido em vão, desgaste.

O quadro que pintamos foi a três,
Na tez emoldurada onde queimaste
Nas ordenanças todas somos rês
Do que não mais quiseste nem negaste.

Caramanchão imenso nos recobre
Dourado por milhares, buganvílias
Os fios dos meus nervos são de cobre,

Perfumem a minha alma tantas tílias,
Ao ver o teu desejo se descobre,
Os fetos que abortaste, minhas filhas...

X

A vida destinou-me tal ventura
De ter esta alegria duradoura
A sorte que já veio e a futura
Em tua fantasia já se doura.

Minha alma te procura a todo dia,
Sabendo que algum dia serás minha,
Vivendo do teu lado em harmonia,
Na mão que com desejo, me acarinha.

Teu quero ser; eterno namorado,
Erguido da paixão em vivo sonho,
Andar o mundo inteiro lado a lado,
Querida, é o que desejo e que proponho.

Assolam-me flamejos de um vulcão,
Neste desejo imenso, coração...

X

Colando nossas bocas, bebo a vida,
Em cálices repletos de bom vinho.
Bem antes da saudade sem saída,
Detinha nos meus braços teu carinho...

Presságios, aventuras... despedida
De quem já se perdeu e vai sozinho.
A mão te procurando, tenta o ninho,
Mas queda-se sem forças, esquecida...

Fantasmas doutros tempos infelizes
Vagueiam minha mente, não suporto..
Não quero em nosso caso mais deslizes,

Aporto no teu corpo uma esperança.
Nos dentes da tristeza não me corto
Enquanto houver o sonho em nossa dança...

X


Depois de tanta dor tanta tristeza
Fazendo do abandono o meu repasto,
Te chamo; companheira para a mesa,
Embora o coração já velho e gasto.

Permita que te fale, em sutileza
Do
gosto que teria se me afasto
Dos olhos encantados da princesa
No beijo sem critério, e tão nefasto...

Sou antes, sigo sendo e sem depois...
A luz que me guiava foi pro brejo,
Neste silêncio opaco de nós dois,

Apenas o que resta são meus cacos...
Não digo que esta sorte besta, invejo,
Meus argumentos sim, são muito fracos...

X


Falar em versos soltos, da amizade
Que criva nosso peito em diamantes.
Bem antes de saber de uma saudade,
Palavras de um amigo são calmantes.

Ajudam na batalha dia-a-dia
Trazendo ao coração, imensa glória
De termos esperanças e alegria,
Mudando todo o rumo desta história

Se somos derrotados, nos ajudam,
Com toda uma certeza em tons gentis,
Amigos nas tempestas tudo mudam,
E deixam nosso mundo mais feliz,

No canto de amizade que propago,
A vida com certeza, traz afago...

X


Amigo, mesmo longe, tempo/espaço,
Eu tenho a sensação de que te vejo
E sinto toda a força do teu braço,
Na hora e no momento que desejo.

Por vezes quando a luta traz cansaço
E os olhos se perdendo em relampejo,
E a dor tão perigosa que prevejo,
Eu sinto que o calor de teu abraço

Não deixa a nossa vida se perder.
Amigo como é bom saber que existe,
E ti a sensação deste poder

Que faz a nossa vida alvissareira,
Nos enche de alegria em dia triste
Uma amizade pura e verdadeira...

X

Pensava que era minha esta esperança
De um dia ser feliz. O tempo passa
E a noite deste inverno já se avança,
O gosto da alegria se esfumaça

E fica sepultada na lembrança !
O passo, o velho laço, paço e praça;
Um sonho (ser feliz) depressa cansa,
O medo me transforma logo em caça.

Em toda a sensação de vento e frio,
A nau que trama a vida já naufraga,
O meu peito restando assim vazio

Não deixa nem a sombra da alegria,
Apenas solidão amarga afaga;
E uma esperança tola, em fantasia...

X

Cultivo a rosa branca no meu peito,
Embora a paz distante se desfaça.
Nas celas da esperança, insatisfeito,
Exposto meu desejo em cada praça.

O rumo que persigo, mesmo estreito,
Ao vê-lo bem mais perto se esfumaça.
Fazer de uma alegria o bom proveito
Numa emoção mais viva, que se caça

No verso que sonhei, que é nossa liça;
Cobiça bem distante de um amor.
O fogo que consome, o vento atiça

E traz em cada verso, o seu punhal
A rosa branca espinha o sonhador
Que morre em violência sem igual...

X

Vivo a sentir saudades dessa vida
E não conseguirei jamais saber
Porque somente foste despedida.
E vou morrendo, aos poucos, sem querer...

Sem rumo, vai a vida, nau perdida
Em meio a tempestades... Me perder
Sem nem perceber onde está vencida
A batalha... Querer sobreviver...

Eu quero ter somente o teu sabor,
Embora nada mais consiga ver
A não ser a despedida em nosso amor.

Nada além do que pude conhecer;
Nada além desse pouco que restou...
Somente a solidão diz o que sou!

X

Neste caminho simples pro futuro
Deixei as amarguras para trás,
Por mais que tanto escuro quanto duro,
Pretendo desfrutar do amor em paz.

Nesta estranha ousadia do querer
Passei a desejar amor intenso,
Eu sei que vou tentar sobreviver
Sem ver esta mulher em que só penso.

Não vejo mais problemas em ter fé
De que esta noite venha e serei teu,
Preparas com certeza o meu café
No doce de teu corpo, sonho o meu...

Mas sinto que, querida, se revela
A solidez do amor à luz da vela...

X

Buscando num jardim flores, camélias,
Jasmins e violeta, dálias rosas,
Achando-te querida, em mil bromélias,
Mais bela que entre todas, orgulhosas,

Recebo o teu perfume, raridade
Que vale toda flor desta jardim,
Amando mais que posso, na verdade,
Guardando teu aroma dentro em mim...

Suaves os desejos mais profanos
De ser o jardineiro preferido
Não vejo nem concebo mais enganos,
Depois de tanto tempo preterido..

Eu quero o teu perfume e t’a beleza
Com doce paladar em minha mesa...

X

Coração navegante que sem rumo
Aporta vez em quando em ledo cais,
Quem sabe desse jeito eu me acostumo
E deixe de sofrer. Querer demais!

Coração vai e bebe todo o sumo
Correndo, depois cansa e não quer mais.
Demora muito tempo já sem prumo
E vive sem comando, só dor traz...

Abandonando o mar que se propunha,
Um dia naufragou em outra areia
Sozinho, não queria testemunha...

Agora que se pensa vencedor,
Envolto nos cabelos da sereia,
Coitado... Virou vítima do amor...