segunda-feira, novembro 06, 2006

Nesta beleza rara, escultural,

Nesta beleza rara, escultural,
Suave calmaria leva o mar.
Contorno de vitória triunfal,
No campo das batalhas do luar.
Beiras a perfeição, és divinal,
Uma sílfide leva-me a sonhar.
Beleza sem igual, fenomenal,
Tradução mais correta: verbo amar.

A boca carmesim, doce e pequena,
Os olhos exclamando: formosura,
Acena com propósito de cura.
A pálpebra fechada: vera cena,
Dormita tão serena criatura.
Acordado, venero esta morena!

Um lêmure perdido na cidade...

Um lêmure perdido na cidade...
Me sinto quando encontro teu olhar.
Por vezes me demonstras falsidade,
Em outras me convocas a sonhar.
Revoltas no meu peito, claridade,
Reversos e complexos, morro mar...
Mentiras são humores. À vontade,
Proclamas vibrações, chamas, luar...
Deitada quase sempre num divã,
A diva se revive na vitória.
As plácidas lembranças, vida vã,
Esgotam minhas culpas, madrigais..
Embora me guardaste na memória,
Palavras que me lambes, são venais!

Ah! Quando dispersei essa esperança

Ah! Quando dispersei essa esperança
Em nome da certeza do futuro;
Não sabia que a vida não se cansa,
De fingir-se leal, porto seguro.
Ao tentar destruir esta aliança,
O claro sentimento fez-se escuro.
Tempestade abortando uma bonança,
A sorte se escondeu detrás do muro...
O mar que fora meu, virou deserto,
O frio de minha alma congelou.
A solidão feroz, ronda por perto,
A paz se fez distante, na batalha.
O nada simplesmente me sobrou,
No corte tão profundo da navalha!
Agora que, decerto, já descansas,
Envolta nas mortalhas virginais.
Cabelos negros, belas, fartas tranças;
Na beleza sem par, fontes astrais.
As flores que no céu, amada, alcanças;
Emanam seus perfumes divinais...
A festa sideral promete danças,
À vinda desta deusa! Triunfais
Cortejos da beleza pelo astral!
Convivas comemoram tua vinda,
Os céus em reboliço, tantos brilhos...
O jardim dos meus dias já se finda,
A rosa que plantei, já desfalece...
Estrelas radiosas seguem trilhos,
Só minha alma, viúva, se entristece...

És tudo que aspirei a vida inteira,

És tudo que aspirei a vida inteira,
Caminho das estrelas que vaguei...
Decerto te encontrei, ó companheira,
Nos palácios divinos que sonhei...
A minha alma sofria, carpideira,
Em busca dos castelos, quis ser rei;
O templo da agonia, minha beira,
Por quanto tempo, triste, freqüentei...
Em teus olhos, estrelas fosforescem;
Buscando claridade, muitas cegam.
Pobres astros obscuros obedecem
As ordens dos teus olhos, qual farol.
Aquelas que, infelizes, vãs, te negam
Ofuscam-se no brilho do teu sol!