domingo, novembro 26, 2006

É coisa já esquecida, de tão sabida, que uma árvore, uma pedra, uma nascente, podem ser o paraíso de nossa vida. Ramón de Campoamor



Procuras paraíso em coisas tão incríveis
Rara preciosidade, amor que nunca chega,
Na louca liberdade e no barco que navega
Um mar em tempestade, os ventos invencíveis!

Procuras a beleza em sonhos invisíveis,
Na fortuna e prazer. A dor, tonta, trafega
Na luz que tanto brilha e quase sempre cega.
Nos sonhos de vingança, as noites mais terríveis...

Procuras ser feliz nas roupas e nas jóias.
O mundo que maltrata esquece-se das bóias,
A Terra que jamais sonhaste repartida

Traz-nos o paraíso em simples e banais
Aspectos: na atitude, em formas naturais,
Na fonte, na nascente, o paraíso em vida!

"Aprende, como uma das tuas primeiras obrigações, a dominar-te a ti mesmo."

Tantas vezes na vida, impera o meu desejo!
Esqueço-me de tudo e penso ser normal
A fúria com que trato, às vezes imoral,
Sem ter menor domínio, os erros não revejo.

Eu sinto que magôo e, percebo, não vejo
As marcas que provoco, a dor de tanto mal...
Agindo assim, bem sei, pareço um animal
Que, mesmo sem pensar, a quem amar alvejo.

São erros que cometo, embalde os reconheça,
Que fazem com que saiba, amor eu não mereça.
A noite vou vagando, a minha vida a esmo.

Preciso, mesmo tarde, aprender as lições
Que a vida sempre traz, minhas obrigações:
Eu preciso saber dominar a mim mesmo!
Nesta escuridão plena, um resto perambula...
Meu caminho está cego e nunca encontro luz,
Espelho de minha alma em trevas se reluz,
Quem dera se soubesse a cura. Cadê bula?

Me resta esta penumbra, minha alma deambula
Por mares de tristeza. Efeito que produz
O canto da saudade... enorme, minha cruz,
Afortunadamente, espero que me engula

E não deixe nem sequer os ossos pro banquete
Da saudade chacal. Peito é uma maquete
Do mausoléu que espera a minha alma caquética!

Invoco a tempestade, um lamento terrível
Ecoa em pleno vento, o som dorido, incrível,
De minha decomposta alma fria, anorética!

"Amar é deixar de comparar."

Bernard Grasset

Esqueça teu passado, imploro-te querida...
Bem sei que foste brilho em meio a noite escura,
Bem sei que já tiveste o beijo da ternura,
Porém se estás sozinha, a dor da despedida,

A morte de quem foi razão de tua vida
Não pode ser assim uma eterna amargura.
Eu sei, sou imperfeito. Espero ser a cura
Poder cicatrizar essa enorme ferida.

Quando falas de amor nos nossos, bons, momentos;
Recebo desta noite os mansos, doces, ventos...
Eu sou o teu futuro, e nele vou morar.

Eu quero teu amor, esteja disso certa,
Eu quero em nossa casa a porta sempre aberta...
Se queres ser feliz, deixe de comparar...