sábado, julho 01, 2006

Alckmin ganha fôlego, mas situação de Lula é estável

De Elizabeth Lopes na Agência Estado:

"O crescimento registrado pelo candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, nas pesquisas divulgadas pelo DataFolha e Vox Populi dão uma injeção de ânimo à campanha tucana e acende o sinal amarelo para a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A análise foi feita pelo cientista político e pesquisador da PUC e FGV de São Paulo, Marco Antônio Carvalho Teixeira. "Apesar das projeções indicarem que Lula continua vencendo o pleito no primeiro turno, a vantagem está caindo, o crescimento de Alckmin foi grande e a campanha tucana poderá ganhar um novo ânimo", considerou.

Carvalho Teixeira analisa, contudo, que é preciso esperar as próximas pesquisas de intenção de voto para ver se o crescimento de Alckmin é sustentável. "Apesar do grande salto do tucano nessas pesquisas, Lula permanece praticamente estável nessas mostras, o que é uma incógnita a ser avaliada em novos levantamentos."

O pesquisador da PUC e FGV de São Paulo acredita também que o crescimento de Alckmin é resultado da grande exposição que ele e o PFL (partido aliado) tiveram no horário gratuito no rádio e na TV".



Na verdade, o que temos que analisar não é somente o crescimento dos números de Alckmin no cenário destas pesquisas, mas, fundamentalmente a manutenção dos números de Lula.
Partindo do pressuposto que temos somente três candidaturas com alguma expressão, podemos ver esses novos índices mais como uma acomodação natural do que um real crescimento.
Com o afastamento de Roberto Freire e do ultra direitista Enéas, naturalmente seus votos migrariam para Alckmin e para Heloisa Helena.
O que vimos na realidade foi isso, inclusive com pequena queda, mas nada significativa, da candidatura desta.
O que não houve, na verdade e é esse o principal fator, foi um ganho de Alckmin sobre o eleitorado lulista.
A campanha tende a ser bipolar, com HH servindo mais como um somatório para possibilitar um segundo turno do que como um fiel da balança.
Com o acirramento da campanha, poderemos ter uma visão melhor sobre a evolução desses índices.
O certo, no momento, é que Alckmin não conseguiu penetrar no universo eleitoral do Presidente Lula, o que mantém a situação próxima do que tínhamos antes.
Essa eleição tende a ser plebiscitária, como se fosse uma pergunta sobre a aprovação ou não do governo.
Os fatores externos, como a maior exposição do candidato tucano, a bem da verdade, não surtiram o efeito esperado.
O que se vê é a transferência dos votos de Freire e Enéas, pura e simplesmente.
A superexposição de Geraldo, para ter algum efeito, teria que ter transformado votos de Lula em votos favoráveis a ele.
Como se tivéssemos uma desistência de parte do eleitorado de votar no presidente e que essa parte fosse convencida por Alckmin.
Trinta por cento do eleitorado é lulista de qualquer maneira, trinta por cento é anti-lulista de qualquer forma.
Os quarenta por cento restantes, tendem a aceitar mais o Governo atual do que o que poderia ser o retorno ao Governo FHC.
O eleitorado de HH, na sua maioria formado por intelectuais e grupamentos mais à esquerda, provavelmente não migrariam para Alckmin, num segundo turno.
O grande desafio da candidatura tucana é crescer em cima dos quarenta por cento não Lula e não anti-Lula, o que não ocorreu.
Dificilmente Alckmin conseguirá desvincular-se da imagem de Fernando Henrique Cardoso e, muito menos poderá escapar ileso das acusações feitas aos seus Governos em São Paulo, como em relação à criminalidade e às CPIs engavetadas.
A ser verdadeira, a lista de Furnas, poderá ser usada, também como arma eficaz.
O parecer do procurador Geral da República isentando Lula; vai, com certeza, servir de palanque para sua candidatura.
“Investigaram toda a minha vida e não encontraram nada”, causa um impacto tão ou mais forte do que as acusações feitas ao Presidente.
Inclusive, coisas como Ladrão, Alcoólatra, etc., são passíveis de processos eleitorais com direitos de defesa.
Para avaliarmos o quanto aumentou as chances de Alckmin, devemos esperar por outras pesquisas, principalmente após o começo da campanha eleitoral na tevê e no rádio.

O velho e a moça.


Nesse dia 01 de julho, histórico para o futebol brasileiro, tivemos duas lições de futebol e de vida.
No primeiro jogo do dia, Portugal de Luiz Felipe Scolari, a exemplo da seleção brasileira de 2002, demonstrou o quanto o espírito de equipe pode realizar em qualquer atividade da vida.
Um show de força e equilíbrio, com sensatez e vontade de vencer. Coordenação e união. Uma equipe no real sentido da palavra.
Contra uma Inglaterra, teoricamente mais forte, o time de Portugal deu uma lição de cooperação e de conjunto.
Já o aglomerado brasileiro, um apanhado de jogadores famosos em estágios diferentes da carreira, alguns no auge e outros em franca decadência, como nos casos de Cafu, Roberto Carlos, Ronaldo, entre outros, foi a fiel representação de que não basta técnica e talento.
A vitória, em qualquer área profissional depende da idéia de equipe.
Quando observamos um emaranhado de bons profissionais atuando sem coordenação temos um inevitável desastre.
Na vida, como no esporte, a formação de um grupo homogêneo e entrosado, leva ao sucesso inevitável.
Desde os primeiros jogos, o resultado negativo já se desenhava. Na dura vitória contra os croatas, na vitória sobre australianos e japoneses, a duras penas, não tínhamos muito que comemorar.
Não se podia esperar muito do, teoricamente, mais forte agrupamento, mas na prática, uma das piores equipes que o futebol brasileiro apresentou nas Copas do Mundo.
A auto suficiência de alguns atletas e a insistência do treinador em manter profissionais em final de carreira, aliadas a empáfia de grupos de jornalistas, foi vital para que não se formasse uma equipe.
Desde os primeiros jogos, tínhamos a impressão de que o grupo não deslanchava. As vitórias foram conquistadas mais pela fragilidade dos oponentes do que por méritos nossos.
Nas oitavas de final, num jogo alucinado contra a equipe de Gana, poderíamos ter vencido de mais ou perdido de muito, tal a quantidade de oportunidades perdidas pelos ingênuos africanos.
Outro aspecto me chamou a atenção. A tentativa de alguns atletas de creditarem a Deus as vitórias ou os gols consignados.
Principalmente Kaká, o bom moço...
Esporte é coisa para quem tem vontade de vencer, para quem joga com convicção e com tenacidade.
Raríssimas vezes nossos jogadores tentaram dificultar as coisas para os franceses.
Um jogador excepcional como Zidane não pode jogar sem marcação. A liberdade dada a um jogador dessa estirpe é suicida.
Henry fez sua melhor partida na Copa, dando a impressão de que, enfim, começou a jogar.
Os zagueiros brasileiros se salvaram e, se não fossem eles, o placar teria sido muito maior para os franceses.
Nossos envelhecidos jogadores que se despedem hoje, principalmente nas duas alas, deveriam ter sido afastados há tempos.
A bem da verdade, Cafu se tornou um mito, e só.
Já Roberto Carlos está, faz tempo, em declínio total, aliando-se a Ronaldo no falso dream team madrilenho.
Felipe Scolari montou um time. Parreira fez um aglomerado.
Quem trouxe a vitória em 2002, foi o espírito de equipe, não os talentos isolador.
Temos que entender, também, que tanto a França, a Itália, a Alemanha e a Argentina, as grandes equipes desta copa, são muito mais que simples “seleções”, são EQUIPES!
Que sejam aprendidas as lições e que as “moças protegidas por Deus” e os velhos “deuses” do futebol aprendam que, um mais um é sempre mais que dois...