sexta-feira, novembro 10, 2006

Vestida de imortal desejo e nua,

Vestida de imortal desejo e nua,
Estende-se cruel por sobre a cama.
Um passageiro alado já flutua,
Acende fervorosa e louca chama.
Visagem tão fantástica de lua
Exposta totalmente em bela trama,
Escultural figura, densa e crua,
O passageiro, tonto, não reclama...
Ávido desta lúbrica escultura,
Esgueiro por debaixo da coberta
A boca exploradora me tortura,
A seta redentora e sua flecha...
A gruta delicada, porta aberta,
Num átimo, teimosa, já se fecha!

Nas alcovas procriam-se luxúrias!

Nas alcovas procriam-se luxúrias!
Sedentos sedutores sorvem sexo.
As bocas invasivas, tantas fúrias...
A noite reproduz-se perde nexo...
Nem preces, rogos, medos nem as cúrias
Sossegam junção: côncavo, convexo!
Viajam-se loucuras: Roma, Astúrias...
Hormônios derramados, nos meus plexos...
Pernas titubeantes, reentrâncias,
As sedas e perfumes se confundem.
Nas fomes e desejos, as ganâncias...
Polinizando alcovas, borboletas...
Delírios e carícias loucas, fundem.
Nas bocas e nas coxas, mil cometas!

Prelúdio deste amor que não previa,

Prelúdio deste amor que não previa,
Os beijos e triunfos glamourosos...
A vida, procurando uma harmonia,
Não tinha esses cismares mais garbosos.
Cansado de tentar acrobacia,
Em busca de destinos mais honrosos,
Vadio coração se debatia.
Germina-se dos sonhos vaporosos!
Os meus olhos erguidos caçam lumes...
Montanhas dos desejos, vastos cumes.
Expectativa clara de vitória.
Triunfos tentadores, novos cantos...
Nos prelos da esperança, teus encantos.
No outono, minha vida: extrema glória!

Calados passarinhos, ninho morto...

Calados passarinhos, ninho morto...
Nas vibrações etéreas, vento manso.
Meu pensamento frágil voa absorto
Em meio a mansidão deste remanso...
Nos áditos perdidos, rumo torto,
Embalde tantas ruas, eu me canso...
Amar sem ter alguém, é meu aborto,
Procuro pela guia e não avanço!
Espedaçado, pávido, indeciso...
Caminhos inauditos e ferozes.
Edênico desejo, paraíso,
Conglobam-se velórios e quimeras...
Nos meus escuros sonhos, ouço vozes
Distantes. Dos amores d’outras eras!

Custódia

Biparti meus desejos, hoje choro...
Amores não permitem tais propostas.
De lágrimas ferozes me decoro,
Os lanhos deste açoite fazem postas.
Perdão, filha do sonho, eu já te imploro!
Aguardo ansiosamente essas respostas.
Truão, vero canalha, mas te adoro!
Punhais que aprofundei nas tuas costas!
Falar de traição é tão difícil!
É como disparar um torpe míssil
Matando todo amor que sempre deste.
Quem dera não houvesse essa rapsódia!
A dor nunca seria minha veste.
Imploro teu perdão; volta Custódia!

Cristina

Das noites sepulcrais, revivo, pasmo;
Grilhões que me maltratam, são quimeras...
Vivendo num caótico marasmo,
Não quis a parcimônia com que esmeras
Os casos teus de amor. Entusiasmo
Contido, sentimentos sem panteras
Nem garras, sem dentadas nem sarcasmo.
Amor que não promete loucas feras!
Distante de teus olhos, alma exora...
Presume teu perdão, com galhardia.
Preciso refazer meu mundo agora,
A dor desta saudade me alucina!
Não deixe-se acabar a fantasia,
Rebenta tais grilhões d’amor Cristina!

Creuza

Amor marmorizado na lembrança,
Em todo seu primor, se destruiu...
No pedestal erguido pela esperança
O meu peito artesão; o amor buril...
Teu corpo contornado de pujança,
Alumbrando meu sonho mais viril.
Eterno reviver desta aliança,
Do amor mais vigoroso e dor sutil...
No páramo tristonho, solitário,
As mãos tão delicadas, maltratei...
Desejo se tornou totalitário,
Ferindo ferozmente a minha deusa...
Assim quem, tolamente, achou-se rei,
Em prantos vem pedir: retorne Creuza!

Cremilda

Brados descomunais, noite pujante.
No ganido longínquo, sofrimento...
Disforme sentimento dum gigante,
A vida se refaz cada momento.
Melancolia chega, estonteante,
O vento se resume: açoidamento.
Na lápide dos sonhos, minha amante.
A dor em mim procura alojamento...
Soberba e soberana, lua atroz...
Não sabes nem sequer minha existência!
Um brado delirante, tão feroz;
Percorre por espaços siderais...
Quem sabe, enfim, terás santa clemência
Cremilda, ouvindo o brado e os meus ais!

Conceição

Mina aurífera, fonte cristalina
Etéreo sentimento penetrando...
Cobrindo meus delírios na cortina
Alvirubram desejos misturando!
Cores, formas, anseios e a menina
Diáfana, redentora... Completando
Este cenário audaz, lua divina!
Meus humores, prazeres até quando?
Os céus se multiplicam em primores,
As hordas de falenas que desfilam,
Em busca do teu lume; nos odores
Perfumantes que exalas, na paixão!
Nossos desejos, carinhos já destilam,
Na música que emanas, Conceição!

Cleonice: Aquela que tem glória, fama

Cleonice: Aquela que tem glória, fama

Amar é meu tormento mais constante,
Os versos que te faço, meu empenho...
Palpita um sentimento delirante,
Sem forças, vou tentando e me contenho!
Amor que me transforma num gigante,
É mais do que consigo e do que tenho.
No canto que te faço, minha amante,
Eu tento transformar teu duro cenho.
Fogueira que me abrasa, forte chama.
Meu amor desenhando sua trama,
Não diga, por favor, não é tolice.
Ador que me exaltando, me levanta,
Também é semente para a planta.
Assim como p’ra vida, Cleonice!

Clementina: Aquela que possui bondade e clemência

Clementina: Aquela que possui bondade e clemência

Perdoe se não faço-te feliz.
Os erros do passado no presente...
A lua se revolta e me desdiz.
Quem ama, de verdade, tudo sente.
O sol do nosso caso está poente.
A vida vai passando, por um triz;
Amar é necessário e tão urgente!
Jardim que não floresce flor de lis.
Perdoe meu amor que é inconstante,
Te peço tão somente a paciência.
Quero viver cada feliz instante,
Profusamente! A vida me alucina,
Te imploro tão somente por clemência,
Terás felicidade, Clementina!

Claudia

Claudia

Cordilheiras andinas, os condores
Trazendo liberdade em suas asas...
Desfraldam-se dezenas de pendores
Abertos encimando tantas casas.
Seus vôos, maviosos, redentores!
Embaixo, as dores lembram outras Gazas,
Triste povo, sofrendo suas dores,
As chamas da miséria, vivas brasas...
Cordilheiras andinas, liberdade!
Os altos das montanhas são nevados.
O frio que maltrata também arde,
Assim como meus olhos congelados
Na espreita deste amor que nunca vem...
Condores, liberdade, Cláudia, bem...

Clarisse: Brilhante, ilustre

Clarisse: Brilhante, ilustre
Trazes todas estrelas que quiseres,
Os céus só são brilhantes porque existes.
Em todos os amores que me deres,
Meus versos deixarão de serem tristes!
Tu és rainha e deusa, bela Ceres
Mas, verdadeiramente, não são chistes,
Eu encontrei em ti, tantas mulheres.
Apaixonadamente, pontas, ristes...
És banquete completo, mil talheres...
Trago, nas entranhas, tantas dores...
Dum tempo que morri e ressuscito.
Vida se diluindo em estertores.
Vieste como luz, que enfim eu visse,
Trazendo as esperanças, vivo grito,
Da vida renascer em ti, Clarisse!

Passado

Passado
Não quero perguntar d’onde vieste,
Nem quero que me mostres cicatrizes.
Me dizes que passaste por Trieste;
Nos tempos, áureos dias, mais felizes.

No mundo sempre existem tais ciprestes:
São duros, são gigantes, sem deslizes...
No fundo, não resistem ventos lestes.
Ao fogo da verdade, são perdizes!

Jamais te esconderei os meus pecados;
São tantos, são venais, estão expostos...
Não crio nem fantasmas nem sobrados.

Sou manso como fera em pleno cio.
Cadáveres (passado) decompostos,
Não trago essas mortalhas; vou vazio!

Clara

Clara

Os ventos e as nuvens, tempestade!
A noite se nublou, escureceu...
Na vida procurando claridade,
O mundo que sonhava, já morreu.

Tantas vezes vivendo ansiedade,
Mal posso definir, em pleno breu,
Àquela a quem amava de verdade.
A noite em minha vida, já choveu!

Minha alma em plenitude procelária,
Espera ansiosamente por um lume.
A morte, que antes fora imaginária,

Num átimo ressurge, já se aclara.
Minha esperança, frágil vaga-lume,
Repousa em teu desejo, ilustre Clara!


Clara: Brilhante, ilustre

Cíntia

Cíntia

Nas luzes tão serenas, minha amada,
Nos montes, nas florestas e nas matas.
Por entre cachoeiras e cascatas;
A vida se transcorre iluminada!

A sorte que me deste, minha fada,
Nas horas mais difíceis, me desatas.
Os cardos mais cruéis, tu não maltratas,
A seta que carregas, perfumada!

Os meus desejos são tuas vontades...
Dominas meus anseios com vigor.
Nas lutas pela vida, claridades,

És poderosa chama, sou fumaça;
Na vida sempre fui um caçador,
Mas, em teus braços, Cíntia, sou a caça!




Cíntia: Um dos nomes da deusa Diana ou Ártemis

Cinira

Cinira



No país dos meus sonhos mais sensíveis,
Um canto merencório me alucina.
Cantado por sopranos invisíveis,
A música me invade, cristalina!

Acordes dissonantes, tão incríveis,
A noite dos idílios descortina.
Trazendo tais tristezas incabíveis.
A lágrima maltrata e me domina!

Um som maravilhoso, mas tristonho,
Qual fosse maldição que se cumprira.
Meu mundo se refaz, procuro o sonho,

Envolto está no canto que delira...
Nos barcos deste sonho então me ponho.
Nesta harpa delirante de Cinira!


Cinira: Harpa de som triste

Cibele

Cibele

Acima do que posso imaginar,
Repousa tão fantástica beleza!
O Olimpo, certamente faz brilhar,
Com lume e com potência de princesa.

Dos seus braços, nasceram terra e mar
Seu seio amamentou a realeza!
À noite resplandece no luar,
A vida fez nascer, sua grandeza.

O mundo, seus pecados e delícias,
Etéreos passageiros, sombra e luz.
O campo das estrelas, as malícias.

As ninfas, seu carinho e sua pele.
Nas Plêiades, desejo seu transluz,
Consorte, lhe encontrei, minha Cibele!

Cibele

Cibele

Acima do que posso imaginar,
Repousa tão fantástica beleza!
O Olimpo, certamente faz brilhar,
Com lume e com potência de princesa.

Dos seus braços, nasceram terra e mar
Seu seio amamentou a realeza!
À noite resplandece no luar,
A vida fez nascer, sua grandeza.

O mundo, seus pecados e delícias,
Etéreos passageiros, sombra e luz.
O campo das estrelas, as malícias.

As ninfas, seu carinho e sua pele.
Nas Plêiades, desejo seu transluz,
Consorte, lhe encontrei, minha Cibele!

Cibele

Cibele

Acima do que posso imaginar,
Repousa tão fantástica beleza!
O Olimpo, certamente faz brilhar,
Com lume e com potência de princesa.

Dos seus braços, nasceram terra e mar
Seu seio amamentou a realeza!
À noite resplandece no luar,
A vida fez nascer, sua grandeza.

O mundo, seus pecados e delícias,
Etéreos passageiros, sombra e luz.
O campo das estrelas, as malícias.

As ninfas, seu carinho e sua pele.
Nas Plêiades, desejo seu transluz,
Consorte, lhe encontrei, minha Cibele!

Christiane

Christiane

Num templo abandonado no deserto,
Encontro tua imagem, cristalina.
Dos sonhos que já tive, estive perto,
Imagem tão risonha, me alucina!

Não sabia: sonhava ou mais desperto,
À sombra do retrato, minha sina!
Amor, o sentimento que eu oferto,
Àquela cuja imagem determina.

Um sonho? Vão delírio de um poeta?
Não posso precisar, falta certeza.
Qual força me enlouquece e arquiteta

O rosto desta bela criatura?
Em pleno afresco fosco, esta beleza,
A amada Christiane brilha, pura!


Christiane: Seguidora de Cristo

Celina

Celina


Nasceste na nascente do universo,
Olhar primaveril tão envolvente!
Te canto mergulhado no meu verso,
Procuro teu olhar em toda a gente.

Meu mundo sem teu canto é tão disperso,
Em tristes melodias, de repente,
Transborda neste mundo. Sou reverso,
Avesso, sem te amar perdidamente!

Nos céus donde vieste, na alvorada,
Promessas benfazejas de fortuna!
A noite em tempestades, mais soturna,

Espreita, de tocaia, me alucina!
Eu canto esta canção desesperada,
Na espera de te amar, linda Celina!

Celina: Filha do céu

Célia

Célia


Amar como eu te amei, a vida inteira...
Sem medo e sem vontade d’um adeus.
Em cada noite, a lua mensageira
Trazendo claridade nos meus breus.

A tarde das angústias, derradeira,
No amor, meu sacrifício, louva-deus!
Não canto despedida, faço esteira
Dos raios, dos luares, louvo a Deus...

Embora já temi o meu destino,
A morte não trará essa incerteza.
A vida noutra vida outra beleza!

Eterno coração, velho menino...
Amor igual ao nosso, mansa fera,
Só Célia me traria, tão sincera!


Celia: Aquela que é sincera e verdadeira

Amor desesperado

Amor desesperado
Amor, desesperado e traiçoeiro...
Procuro, nos seus bolsos, minha algema.
Não fui feliz, apenas verdadeiro.
O mote da existência; minha gema!

Te quis, eu mergulhei e fui inteiro,
Teu cheiro me trazia a piracema,
Teu corpo deslumbrando-me, tinteiro,
Deixou um só sinal, acho que trema...

Levaste meus acordes e meu pinho,
Sonatas e sensórios insolventes...
Sem suspensório, calça e colarinho,

Caminho sem sentido e sem remédio..
Meus versos invertidos e sem dentes,
Vasculham nas estrelas, fim do tédio...

Cecilia com estrambote

Cecilia com estrambote



Não podes ver o brilho deste sol,
A tarde emoldurada, várias cores.
O lume não te serve de farol,
Nem beleza incerta destas flores!

Porém, toda a candura dos olores,
A forma delicada, o girassol,
Ternura que carregas, teus pendores!
No canto mais feliz do rouxinol
(Delícia de saber tantos amores!)

Por certo teus sorrisos em malícias
Demonstram feminino ar, armadilha...
Carinhos e desejos, nas carícias,

No olor e maciez da bela tília.
A vida se transborda nas delícias
Dos olhos deste amor. Minha Cecília!

Cátia

Cátia


Sim, decididamente não me queres!
Os teus olhos trazendo esta verdade.
Tantas vezes carrego meus halteres
Tentando convencer-te. Vaidade

E suplícios. Em vão! Sei que preferes
Palavras envolventes, claridade,
Os lumes estrelares. Caracteres
Mais concisos, assim, restou saudade!

Que poderei fazer? Não faço verso!
Meu mundo se resume: academia!
Nos músculos está meu universo!

Cátia, estarei buscando um claro dia,
Torrente caudalosa e tão completa,
Que me faça acordar, livre, poeta!

Catarina

Catarina


Mocidade vibrante, me estonteia...
Audácias e desejos são constantes.
Nas luas e nas ruas tece teia,
Viaja por planetas mais distantes.

A noite, nas delícias, incendeia,
Os raios do luar, simples amantes...
Nos cantos e motéis, noturna ceia,
Os corpos se entrelaçam, delirantes.

Mocidade... Faz tempo que não vejo...
Meus carinhos dormitam na incerteza,
O peito, démodé qual realejo,

Na visão de teu corpo se alucina...
És manto de pureza e de beleza.
Por que tu demoraste, Catarina?


Catarina: Aquela que é pura, nobre e imaculada

Versos Traiçoeiros

Versos Traiçoeiros
Não quero meus poemas, os detesto!
Expondo minha entranha malfazeja,
Mostrando meus estrumes, sou o resto.
A morte, companheira, me deseja...

Vou medonho, meus versos desembesto
Trazendo a podridão que já me beija.
A noite me trazendo seu incesto,
Promíscua relação que nunca invejo.

A noite enluarada se engravida,
Dos raios terminais deste deus sol.
A morte que pensei, brotar da vida,

Refaz o seu caminho, sem farol,
Meus versos, traiçoeiros, forte brida,
Atando-se em teus braços, gira o sol...

Cassiana

Cassiana

É certo que pequei, eu não discuto.
Errei ao perseguir teus mansos passos.
Tantas vezes, perdido, fui tão bruto.
Outras tantas, busquei-te, vãos abraços...

Ao longe, transtornado, então me enluto;
Por ter, assim, entrado em teus espaços;
Tens razão: destruir um podre fruto,
Rebentará, decerto, falsos laços.http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=26879245
Criar

Mas peço, por favor, por caridade,
Não deixes este sonho se acabar!
Em vão, já procurei pela verdade,

A luta se mostrou leda, temprana...
A noite, meu amor, trouxe o luar,
Te espero, minha amada Cassiana!

Cássia

Cássia


Minerva, num delírio sedutor,
Ao ver esta mulher que caminhava.
Momento de raríssimo esplendor,
Um pássaro a voar, manso, cantava

Os hinos mais perfeitos ao amor.
Aurora deslumbrante demonstrava
Belezas e perfumes, rara flor...
Vulcânicos fulgores formam lava.

Minerva, se encantado, prontamente,
Mandou iluminar os teus caminhos...
Levando seus talentos para a mente

Desta mulher. Das flores, fez acácia
Beleza feita em cachos de carinhos...
Ao mundo, então, brindou contigo, Cássia!

Cassandra

Cassandra


És minha companheira mais fiel!
Toda dor que esta vida sempre dá
Momento tão difícil, mais cruel,
Na lua que jamais retornará,

És a certeza plena que há um céu!
Amiga, onde estiveres, estou lá,
És todo o meu sustento, meu farnel!
Meu sonho, nunca mais, se findará!

Por vezes me encontraste abandonado,
Sozinho, sem promessas de esperança.
A vida parecendo um peso, um fardo...

Rastejo minhas dores, salamandra,
Teus braços me levantam, na aliança
Eterna deste amor, minha Cassandra!



Cassandra: Auxiliar do homem

Carolina

Carolina

Nos campos verdejantes, belas flores...
Perfumes de diversas qualidades.
Abelhas, passarinhos, tantas cores.
Batendo um coração, tristes saudades...

Nos céus as alvoradas são favores
Divinos. Nestes campos, nas cidades,
Procuro pelos rastros dos amores;
Embalde, nunca vejo claridade!

A vida sem te ter, já se amofina,
O mundo não permite um triste canto.
A noite, no meu peito descortina,

Ofusca essa beleza, nega encanto.
Meus dias procurando Carolina,
Nas águas deste rio, todo o pranto!

Carol

Carol

A vida amanhecendo ensolarada.
Andorinhas, pardais, cantam bom dia,
Nas árvores louvando. A passarada,
Plena satisfação na cantoria!

Um manto de esplendor, de fantasia,
Se espalha na manhã, linda, orvalhada!
O mundo inteiro vive essa alegria,
Todos, menos minha alma apaixonada!

Uma nuvem tristonha perde o sol,
Embora tanta vida se deslinde.
A natureza, bela neste brinde,

Esquece deste pobre girassol.
Antes que esta manhã, linda, se finde;
Espero por teu beijo enfim, Carol!

Carmo

Carmo
Carmo: Religiosa

Altares dos amores que sonhei
Nossas manhãs, cetim e veludo.
Amor que sempre, louco, procurei
Tuas mãos são promessas. Não me iludo.

Teus palácios, castelos, tua lei.
No templo do talvez e do contudo,
No teu mundo de sonhos, mergulhei.
Retorno do teu reino, quieto, mudo...

Amar perdidamente, minha sina...
Os versos de ansiedade e de tortura...
A noite simplesmente me alucina.

Nas torres, teu castelo, tanta altura,
Meus olhos se turvando em tal neblina.
Meu amor te encontrou, Carmo, tão pura...

Carmem

Carmem
Carmem: Poema, versos, poesia

Quem dera ser poeta e te dizer
Das nuvens e das chuvas que não trazes
Da noite que te encontra, meu prazer.
Da vida que te trouxe tantos ases.

Das asas que carregas, sem saber.
Tua vinda renasce em mim, as frases
Vindas do coração. Tento ler
No livro de esperanças, luas, fases...

Quem dera em mansos versos proclamar
Beleza que encontrei no teu olhar.
Quem dera conhecer a fantasia

Que encharca tua noite de luar.
Que traz toda a pureza deste dia,
Quando encontrei-te, Carmem, poesia...

Carla

Carla


Desejados carinhos desta lua...
Infinitos os raios que me dás,
À noite, a esperança que flutua
Me traz a verdadeira e mansa paz..

A visagem serena, bela, nua,
Desta mulher fantástica, voraz,
Que navega meu mar, numa charrua...
Na visão mais dileta, mais audaz...

Um escultor, ao vê-la, disse: parla!
Meu canto de louvor, a ti dedico.
As palavras, não gasto numa charla.

Meu rimar, ao sonhar-te, sempre rico.
Amor igual ao meu, somente explico
No brilho dos teus olhos, bela Carla!

Carina

Carina
Carina: Aquela que tem graça, delicadeza

Tuas mãos delicadas, tão sensíveis.
Promessas de carinhos e de paz...
Teus passos pelas ruas, inaudíveis,
Flutuas, com certeza! Sou capaz

De naufragar meus sonhos impossíveis
Nos mares que me trazes. Tanto faz
Se, nas estradas loucas, invisíveis
Preciso for voar, serei audaz!

Teus dias se transcorrem graciosos,
A vida sem teu beijo, desatina...
Os dias se tornando belicosos

Se não estás comigo, cristalina!
Meus olhos te procuram, ansiosos,
Onde estás, delicado amor? Carina...

Cândida

Cândida
Cândida: Aquela que é alva, pura

Folhas secas, tristonhas, sobre o chão...
Silenciosas tardes, vento frio.
Meu pranto de ansiedade, coração,
Esperando, seguindo tão vazio...

Tanto tempo perdido, vou em vão...
A chuva me impedindo o claro estio,
Em busca simplesmente do perdão.
Deste nada, total nada, sombrio...

Mas, de repente, brilhos no horizonte...
A Terra se cobrindo de esplendor.
As águas renascendo velha fonte.

A luz iluminando noite escura.
De novo conhecer o que é amor!
Olhos desta mulher, Cândida, pura...

Camila

Camila
Camila: Aquela que nasceu livre

Liberdade! Meu canto te procura
Nas penumbras longínquas, siderais...
A noite que tivemos, mais escura,
Espreita negras nuvens colossais.

A dor de amar demais jamais se cura.
Crepúsculos tristonhos, abismais...
Bebendo desta mágoa, sem brandura,
A vida emoldurando catedrais!

Nos dourados veludos, no cetim
A maciez da pele, veleidade...
Encantamentos, lábio carmesim...

O mel que tua boca já destila,
O canto deste amor à liberdade:
Só encontrei no teu cantar, Camila!

Cacilda

Cacilda
Cacilda: Lança de combate

Não temo esses combates nem as lutas.
Cerrando os tristes olhos, te encontrei.
As noites sem carinho são mais brutas,
Nos campos de batalha fui o rei!

Agora que, distante, tudo enlutas
Agora que, perdido, não te achei;
Escondo-me, procuro escuras grutas,
Feridas que me causas, não curei.

Flamejas nas mortalhas que me deste,
Penetras corações com tuas setas...
A vida passa a ser um simples teste.

Desfolhas, nos teus beijos, toda flor!
Qual Eros, suas flechas prediletas,
Cacilda, tua meta é meu amor.

Bruna

Bruna
Bruna: Escura, parda

O sol se transformando em espetáculos!
As praias, belos mares e sereias
Amor se diluindo, seus tentáculos,
Invadem litoral, quentes areias...

Morenas desfilando. Nos oráculos,
A febre dos amores; me incendeias...
Nos altares divinos, tabernáculos,
Nas praias, os desejos entram veias...

Caminhos de corais, longas jornadas,
As ilhas tão distantes, minha escuna..
Belas sereias, nuas, encantadas...

Elfos e silfos, vento manso, sonho...
Num marulho suave, um barco ponho...
Meu barco, meu amor, morena Bruna...

Brigite

Brigite
Brigite: Aquela que guia

Tateando, busquei por teu carinho
Como se fora náufrago sedento.
Por tanto tempo, pálido, sozinho,
Clamando por teu nome, livre vento...

Aos poucos, sem te ter, tanto definho,
Pois não me sais jamais do pensamento!
Sou pássaro tristonho sem ter ninho,
A chaga terebrante pede ungüento!

Angústias acompanham meu desejo.
Quem me dera beijar salgada pele...
Caminhar por estradas de azulejo,

De ladrilhos dourados, tua trilha...
É beleza sem par que me compele
Brigite, teu caminho, maravilha!

Brígida

Brígida

Na derradeira noite deste amor
Que nos trouxe tristeza e alegria
A vida se mostrou ao teu dispor,
Em plenas convulsões da fantasia

Dançávamos felizes sem temor
Das horas de torpor, melancolia...
Esquecemos que toda bela flor
Por certo murchará, num triste dia!

Dores antigas matam sentimento.
Nada mais restará senão adeus...
Palavra sem sentido, leva o vento.

Minha alma não se cansa de lembrar
O beijo que trocamos, sonhos meus,
Ah! Brígida! No amor, foste ao luar!

Bianca

Bianca

Noite clara de amor, imensidão!
Nos céus e nas montanhas tanta alvura...
Nas palavras, no vento, mansidão..
Um sendeiro fantástico de ternura.

Marinhos caracóis trazem paixão
As ondas se rebentam com brandura...
Espumas, calmaria... Na amplidão
A lua se deslinda em paz, brancura...

Uma nova sereia traz o mar.
Os cavalos marinhos, os corais,
As águas transparentes, o luar...

Estrelas desfilando; noite branca...
Amor que revelou-se mostra a paz,
Nos olhos radiantes de Bianca!

Betânia

Betania: Simplicidade, humildade

Trago as sombras antigas de quimeras,
Caminhando por pedras entre urzes....
As fontes desejadas, as esperas,
Já se despedaçaram, velhas cruzes...

Derradeiros prazeres, mortas eras,
Invernaram-se inteiros, negam luzes...
Soledades, tristezas, vis crateras;
Em guerra corações, setas, obuses...

Distante do castelo das perfídias,
Uma bela mulher adormecida...
Em volta da tapera, mil orquídeas.

Toda simplicidade da beleza...
És última esperança desta vida,
Betânia, teu amor, uma riqueza!

Berta

Berta: Brilhante, gloriosa

No fundo do oceano revoltoso,
Serpentes, calabares tão terríveis
Abismo tão profundo, tenebroso.
Gigantes monstruosos, invencíveis!

Tanto brilho estrelar, misterioso,
Dos peixes abissais, seres incríveis!
Caminham quais cometas! Glorioso
Mar de fantasmagóricos desníveis...

Céus de estrelas diversas, tão gigantes...
Nas luzes de cometas e quasares,
Universos de cores radiantes!

Amor, no sentimento delirante,
Amantes se iluminam nos luares...
E Berta, gloriosa e tão brilhante...