quinta-feira, agosto 10, 2006

sextilha - Tereza

Seu moço, minha tristeza,
Vem desse amor acabado,
Perdendo minha Tereza,
Tanto sonho desprezado,
Me resta somente dor,
A saudade desse amor.

Nasci nas Minas Gerais,
No meio desse sertão,
Seu doutor, não posso mais,
Me dói a recordação,
Daquela moça morena,
A minha bela pequena.

Foi embora sem deixar,
Nada mais do que saudade,
Como é que posso ficar,
Sem lembrar tanta maldade.
Daquela que tant’ amei
Prá onde foi? Eu não sei...

Minha Tereza era linda,
Bonita como uma flor,
Eu guardo no peito, ainda.
A foto que me restou;
Na lembrança, na retina,
Daquela doce menina...

Foi-se embora prá não mais,
Nunca mais saber por que,
Tudo deixando prá trás,
Levando meu bem querer.
Tereza moça maldosa,
Espinho num pé de rosa!

Meus companheiro acredita
Que ela num quer mais voltar,
Levando o corte de chita,
Que tanto custei pagar.
Mas, pior que esse chitão,
Me rasgou o coração.

Quando, de noite faz lua.
Me bate a melancolia,
Vou saindo pela rua,
Nela amanheço meu dia.
Perguntando pra quem passa,
Só encontro na cachaça...

Seu moço me dê licença,
Vou voltar prá minha caça.
Talvez tenha a recompensa,
Depois, dormindo na praça,
Quem sabe, então, toda nua,
Ache Tereza na lua...

A liberdade, sonho principal

A liberdade, sonho principal,
De quem, menino, conheceu pobreza.
Para quem já viveu descomunal
Miséria, sem poder ter realeza.

Realidade nada virtual,
Que nega até comida, sobr’a mesa.
A noite mal dormida, é usual.
A vida apodrecida na magreza.

Liberdade, poder comer da fruta,
Flutuando o prazer velha labuta,
Conhecendo o futuro sem ter medo.

Saber que, lá bem longe, sem segredo,
Não há somente o mal, raposa astuta.
Quem me dera, essas feras no degredo!

O que não será destaque na Imprensa 10 - da tecnologia - pesquisas

Agência Brasil (09/08/06)
Para cientistas, nenhum governo investiu mais em conhecimento
O governo Lula foi o que mais investiu em ciência e tecnologia na história do país, segundo os cientistas que participaram do encontro com o presidente nesta quarta-feira (9), em Brasília. Na reunião foram debatidos os avanços e os problemas do setor, além dos projetos que devem ser priorizados em um segundo mandato. Mais de 55 cientistas participaram da reunião. Todos eles reconhecidos nacional e internacionalmente na sua área de atuação, como os físicos Luiz Pinguelli Rosa e Rogério Cerqueira Leite.

Este governo investiu e construiu os alicerces para que o país possa crescer com soberania e desenvolvimento tecnológico", disse Cerqueira Leite. Já o cientista da área de fármacos, Eliezer Barreiro, da Universidade Federal de Pernambuco, ressaltou que o atual governo foi o primeiro a reconhecer a importância estratégica da sua área de pesquisa para o país. "Recebemos mais investimentos e, conseqüentemente, avançamos em pesquisas de elementos que serão utilizados para o tratamento de doenças".


Essa é uma das mais alentadoras notícias que tivemos nos anos, com relação à evolução tecnológica, o que quer dizer, capacidade de competir, do país.
Se compararmos com o Brasil de uns tempos atrás, teremos uma situação que começa a se reverter. De importador, e somente isso, de tecnologia, passamos a entrar no mundo com mais competitividade, podendo adquirir nossa soberania, caminhando célere para um mundo melhor.
Como exemplo clássico, temos o captopril, medicamento anti-hipertensivo descoberto a partir do veneno da jararaca, por pesquisadores brasileiros e que acabou, às expensas de falta de apoio para as pesquisas, indo para outros paises que hoje recebem os royalties de tal produto.
O interessante é vermos, sem querer minimizar o ato, que a mais brilhante ação do Ministro José Serra foi a regularização e efetivação da utilização dos medicamentos anti –Aids, sem pagarmos os devidos royalties. Ou seja, sem entrar no mérito da questão, nada mais nada menos do que a efetivação da pirataria tecnológica.

Tucanolândia - capítulo 36 - da melhor forma de arrecadar impostos - a César o que é de César...


Don Gerald Aidimin é um homem coerente e sábio. Um dos maiores motivos para que se possa constatar isso é o aumento da taxa de licenciamento veicular no seu governo.
Como tivemos uma inflação controlada nesse período, com índices excelentes e isso não podemos negar, as fontes de arrecadação ficaram estabilizadas.
O que fez o nosso amado presidente provincial? Providencialmente, aumentou a taxa para quem pode pagar; ou seja, os proprietários de automóveis.
Se há de convir que é melhor aumentar os impostos para quem pode pagar do que controlara os gastos, com saneamento de bancos antes de vender, com o perdão fiscal para os empresários, entre outras medidas de urgência e altamente benéficas para o povo tucanolandês!

Trovas várias

Sendo a vida solução,
Esperança é minha praia,
Sabendo dizer o não,
Montado na égua baia.

Noites de luar, sertão...
Noites sem Mar nem Maria
Tocando meu violão,
Transformado em melodia...

Minha vida sertaneja,
Meu mundo na capital,
Bem antes que alguém me veja,
Desejo o bem, nunca mal...

Vivendo amor sem perdão,
Sem ter o que perdoar,
Dedilhando essa canção,
Apaixonado, ao luar...

Sorte tem quem a merece,
Eu não nego essa verdade,
Meu amor, então padece,
Dessa tal felicidade...

Fiz meu bote na montanha,
Pois eu sei mais nadar,
Quem perde, perde e não ganha,
É melhor nem arriscar...

Tanta morena bonita
Tanta moça nesse mundo,
Coração, já não palpita,
Agüenta mais um segundo...

Tive tempo para ter
Não tive para negar
Negando assim, vou viver,
Vivendo bem devagar...

Pega carona, cometa.
Cometa sem paradeiro,
Eu sou velho, sou ranheta,
Amando, sou verdadeiro...

Horas passando, sem sentido algum ...

Horas passando, sem sentido algum ...
Solidão transformada em sofrimento.
Procuro, nada encontro, sou nenhum...
Fugindo sempre, braços dados, lento...

Morrendo em cada esquina, sou mais um.
Nada do que já tive, só lamento.
Me embriago, cansado, és o meu rum,
Amargo chimarrão, meu sentimento...

Nunca mais poderia planejar
Outro mar, vagabundo coração.
Nem nunca mais quereria viajar

Pelos teus mares , luas e sertão.
Sem rumo, nexo, o sexo trafegar,
Buscando, nos teus braços, o meu mar...

Quadras em redondilha - Tanta alegria, disfarce

Tanta alegria, disfarce;
Tanta promessa, mentira.
Amor tanto que me embace,
Tanta dor que sempre fira...

Na verdade, tanto atira
Quanto mata, sem ter dó.
Meu coração tá na mira
Precisa dum tiro só.

Não poderei resistir,
Embora diga o contrário,
Eu nem penso conseguir,
Isso é conto do vigário...

Me pegaste, bem de jeito,
Não conseguirei fugir,
Amor batendo no peito,
Bate tanto até partir...

Quebrando o verso, sem pena,
Fazendo esse carnaval,
Amor, de longe m’acena,
Trazendo seu vendaval.

Querida, não vás embora,
O vazio que virá,
Sem ter dia nem ter hora,
Nada mais me restará...

Saudade, moleca triste,
Penetra bem de mansinho,
Matando tudo que existe,
Cortando, devagarinho...

Saberei sobreviver?
Pergunto-me todo dia,
Como poderei viver,
Sem a minha fantasia?

Por favor, minha adorada,
Não me dês a tempestade,
Não quero a vida sem nada,
Vou viver felicidade...

Caminho qual peregrino,
Procurando uma parada,
Quero ser o seu menino,
A primeira namorada...

Tenho medo, não te nego,
Da solidão, desamor,
És a luz, ficarei cego,
Se perder o teu amor!

Das cidades, capital,
Das montanhas és o cume,
Dessas festas, carnaval,
Nas noites, és vaga-lume...

Vou caminhando pelas madrugada - Soneto

Vou caminhando pelas madrugadas.
Sem sequer conhecer qualquer cansaço,
As minhas noites são enluaradas,
Meu tempo todo, caço teu abraço..

Mas mal sabes querida, revoadas
De sonhos se perdendo, sem ter laço,
Nossas noites que foram consagradas,
N’orgística canção do nosso abraço.

Por onde segues, noites perguntando,
Sou a sombra, resquício duma vida,
Meu pensamento tímido, vagando.

Tanto tormento teima na ferida,
Que pouco a pouco, queima, matando,
O que pude conter, na despedida...

O sol, nascendo vai tragando a lua - Soneto

O sol, nascendo vai tragando a lua,
E transformado, escuridão na luz.
De longe nesta estrada, vejo nua,
Toda nua, a mulher que me seduz.

Com seus cabelos soltos, vem, flutua.
Tal efeito, delírios, me produz,
Quisera minha vida ser só tua,
Quisera ser corcel, seu andaluz.

Mas, nada mais terei, só ilusão.
Me segredam os raios desse dia,
Nunca serei, assim, além do não.

Eu nunca poderei ser meio-dia,
Sendo raio lunar, tenho outro chão,
São outras, minhas trilhas, fantasia...

Tua distância, companheira amada - Soneto

Tua distância, companheira amada;
Retrata esse disfarce tão usado,
Vou teimando ser tudo, sem ser nada.
O meu canto seguindo, atropelado.

Tua distância amiga, vai calada.
Cortando meu silêncio, abençoado,
Forjando minha crença, nesta estrada
Onde sigo perdido, apaixonado...

Mas, no fundo, nas milhas, tantas milhas,
Onde me encontro vago, sem sentido,
Nem no que poderia, nem lá, brilhas.

O cálice d’amor, está partido.
Ator, eu vou fingindo, novas trilhas,
Permito-me viver amor mentido...

A noite traz a dança e toda a festa - Soneto

A noite traz a dança e toda a festa,
No ritual fantástico da vida,
Não quero mais saber da despedida,
Nem quero mais sentir se a dor empresta

Na vadia manhã que não me resta,
Na sorte, de há muito, já perdida.
A vida deve ser assim, sorvida,
Nem quero mais viver outra tempesta.

Somente vou viver sem amanhã.
Sentindo esse orgasmo sem ter medo,
Meus olhos só procuram vida vã.

Na catedral do tempo, meu segredo;
Guardado sem temer sorte malsã
Fazendo, da alegria, meu enredo!

Se nunca mais tivesse essa saudade - Soneto

Se nunca mais tivesse essa saudade,
Se nunca mais pudesse te esquecer;
A vida transcorrendo de verdade,
O tempo não parava de correr.

Mas, não posso, vivendo a crueldade,
Amarga, de querer saber porque;
Tu foste essa mistura: santidade
Que mata, sufocando, sem saber.

Não quero mais as mãos tão caridosas,
Nem quero nem consigo me iludir,
Perfumes que parecem ser de rosas,

Penetram, destruindo o que vivi.
De tanto parecerem maviosas,
Amores não serão iguais a ti...

Da curta e pitoresca carreira de uma cabeleireira

Ritinha estava ficando mocinha e, nos seus doze anos, queria porque queria ganhar os seus trocados, para poder comprar um ou outro confeito ou um enfeite, essas coisas de adolescente.
Apaixonada por um grupo musical portorriquenho de triste lembrança para os ouvidos mais apurados, consumia, vigorosamente tudo o que lembrava os miúdos, assim como; pulseiras, anéis, chicletes, entre outras bugigangas.
Maria, sua irmã mais velha, a esse tempo, casada e com duas filhas, havia se mudado para o Rio de Janeiro, e resolvera presentear a irmã caçula com um desses cursos de cabeleireira por correspondência.
Ritinha, afoita para começar a trabalhar e ganhar os seus trocados, fora aconselhada por Maria para que treinasse um pouco antes de começar a dar tesouradas nos cabelos santamartenses.
Gilberto, menino serelepe e último do clã, agrupado a longa fila de filhos de João Polino, chegando a ponta esquerda do time de futebol aos três anos de idade, estava à disposição!
Antes de tudo, vou dar uma pincelada na história de Gilberto: Filho caçula de um casamento entre um senhor já sexagenário e uma morena sestrosa e bem servida em formas e dotada de juízo inversamente proporcional ao corpo, dona da impetuosidade ímpar dos vinte e poucos anos, nascera numa época complicada para o casal. A morena começara a perceber que seu corpo chamava mais a atenção do que imaginara antes de se casar com o idoso senhor.
Num dos momentos de brigas entre os dois, resolvera abandonar o barco, deixando os meninos com o pai.
Acontece que o pai, adoentado, não conseguia mais levar o barco e, vendo que a canoa estava naufragando, a comunidade de Santa Martha resolveu acolher a meninada.
Beto iria para a casa do farmacêutico da cidade, lá em Ibitirama mas, como havia sido criado próximo à casa de Dona Rita, o menino, senhor dos seus dois anos de difícil e complicada existência, firmou pé.
Mordia, dava tapa, chorava, tentava exprimir de todas as formas o seu repúdio com a situação.
Tantas fez que o farmacêutico desistiu e dona Rita, partindo do ditado popular que dizia que onde come dois, come três; aceitou o menino em casa.
Para alegria de Betinho e olhar desconfiado de Ritinha, preocupada em perder o reinado.
A história de Beto inverte um pouco a adoção; na verdade, quem adotou a família de João Polino, foi Gilberto.
Mas, voltando ao disse me disse e ao lero-lero, Ritinha estava aflita procurando uma vítima para que pudesse começar a praticar a nobre arte de ser cabeleireira.
Vendo Gilberto andando pela casa, com seus cabelos compridos e lisos, Ritinha teve uma idéia. Fazer um corte de cabelo original.
Procurando uma cuia que pudesse servir de molde, encontrou algo parecido e, em comum acordo com o menino, às custas de duas ou três balinhas de recompensa, começou a cortar o cabelo da pobre criança.
João Polino, ao ver a cena, estranhou; mas preferiu se omitir, deixando o barco correr.
Quando dona Rita viu o caçula do coração sentado na cadeira, com o penico colocado sobre a cabeça, à moda Menino Maluquinho, e a caçula uterina com a tesoura na mão fazendo o maior estrago nos cabelos compridos e lisos do moleque, não pestanejou: deu a maior bronca na guria que, obediente parou imediatamente de cortar o cabelo do indiozinho.
Conversa vai, conversa vem, que isso não era coisa que se fizesse, tudo bem que o penico estava vazio, mas que o menino não merecia isso, que a menina pegasse uma bacia e que pedisse autorização, etc e tal...
Mas, o que as duas não repararam foi que, durante alguns dias, Gilberto passou a desfilar na casa e nas cercanias com um corte de cabelo extremamente original, na frente, cabelos compridos e atrás, uma deformada linha com altos e baixos, já que o menino não sossegava...
Começou e terminou, por aí, a pequena e turbulenta carreira de Ritinha como cabeleireira.
Por sinal, com um corte original e, no mínimo, esdrúxulo.
Mas, a partir daquele dia, Gilberto começou a ficar meio estranho; segundo João Polino, a única coisa certa dessa história, foi a utilização do penico, já que, pelo que consta, o conteúdo do recipiente, na mudança de função, não modificara tanto...