quarta-feira, fevereiro 10, 2010

24552

Um sonho que jamais alguém esquece
É feito de alegria e sem rancores
Por isto na manhã belos albores
Traduzem a beleza que oferece
O Pai abençoando em cada prece
Os que sabendo a vida em belas flores
Permite por caminhos onde fores
A rara maravilha que se tece,
O quanto ser feliz é ter nas mãos
Destino que nos torne quais irmãos
Seguindo a rara senda do Senhor,
Por isso esteja atenta a cada instante
E veja quão sublime e radiante
O mundo quando é feito em pleno Amor.

24551

Não deixe que esta noite seja assim
Desfeita em simples trevas, negritude,
Por mais que a sorte cale ou mesmo mude
Buscando a florescência em meu jardim,
O canto que buscara dentro em mim
Permite que se tenha outra atitude
E dela, só por ela, se transmude
O que já fora outrora tão chinfrim.
Esgota-se esta fonte aonde um dia
A vida sem ter medo mataria
A sede de sonhar, farta querência
E dela com carinhos envolventes
Por mais que noutro rumo ainda tentes
O amor jamais se fez em penitência.

24550

Escondo-me em teu corpo, e me protejo
Sabendo dos terríveis vendavais
Aonde desvendando siderais
Caminhos que deveras não almejo
Encontro-me servil deste desejo
E nele quero sempre e muito mais
Além do pensara ser demais,
O tanto deste amor raro e sobejo.
Atravessando assim velhas fronteiras
Por mais que na verdade ainda queiras
Saber do quão presente, o sentimento,
Escusas não escuto e nem preciso,
O amor jamais se dando ao prejuízo
Bem mais do que pensara ou mesmo invento.

24549

Na sede de viver sinto propício
O caminhar que outrora se fez turvo,
E quando em tais estradas, eu já curvo
Retorno sem vontade ao mesmo início

Dos espectrais momentos que decifro
Encontro estes sinais que não traduzo,
E neles percebendo o farto abuso
O qual em intempéries; logo cifro

Permita-me sonhar; pois somente isso
Talvez inda me trague alguma paz,
E nela minha vida satisfaz
Deixando ao deus dará, um ar mortiço.

E neste emaranhado me enovelo,
Tentando um dia claro, manso e belo.

24548

As fontes da alegria e do desejo
São tantas e deveras as procuro,
E nelas com certeza já me curo
Do mal da solidão que ora prevejo,
Ao ver este caminho em azulejo
Esqueço-me do dia outrora escuro,
E sinto da aridez de um solo duro
E nele esta colheita que inda almejo.

Por mais que tenebrosa seja a noite
Ao ter este delírio que me acoite
Pernoites tão vazios, nunca mais,

Sabendo o quão diversa é nossa vida,
Estrada pelo amor se faz ungida
No encanto que decerto derramais.

24547

Se nos esconderijos que amor crie
Pudesse ter nas mãos; defesa e luta
Por mais que uma alma sonha e não escuta
A voz que noutro tanto desafie

E assim a nossa vida se desfie
Deixando no passado a força bruta
Quem ama na verdade não reluta
Mesmo que a solidão, inda recrie

As trevas que fizeram noites tantas
E agora com beleza tu me encantas
Mostrando novo tempo, mais feliz,

E o verso mascarando a dor e o medo,
No quanto te desejo e não concedo
Ao vago descaminho o que ele quis.

24546

Deitar felicidade em tanto beijo
E crer na luz da qual amor se emana
Por mais que se mostrasse soberana
A sorte noutro tanto eu já prevejo,
Mundo maravilhoso que ora almejo
Detendo em sua mão a voz profana
Por vezes sem limites desengana
Deixando esta impressão, simples lampejo.
Mas quando se transforma com ternura
E nela com certeza se perdura,
Fazendo da candura uma bandeira,
Mesquinharias; deixo para trás
E o todo se mostrando mais audaz
O amor num outro amor assim se inteira.

24545

Percorro teus caminhos e deveras
Encontro o que pensara ser incrível
Por mais que talvez seja indestrutível
O amor se exposto for às frias feras
Aquém do que precisas ou esperas
Não deixe que anteveja outro desnível,
Pois sendo sempre assim muito sensível
Já não suportaria tais quimeras.
Assíduas ilusões; já não as quero,
Um mundo mais suave e menos fero
Tempera esta emoção da qual eu vivo,
O amor se debruçando sobre a dor,
Demonstra em seu poder transformador
Além do que pensara ser altivo.

24544

Um vale em emoção e sentimento
Permite a quem trafega esta emoção
Que feita da loucura e sedução
Expressa o quanto em glória me apresento

E sei aonde encontre tanto alento
Das ondas e das festas sentirão
O fogo que se mostre num verão
Eterno no sabor do manso vento.

E teimo em prosseguir sem intempéries
E mesmo quando as dores vêm em séries
Dispersas fantasias já me acolhem,

E delas o poder de ter nas mãos
Certeza se eterniza em raros grãos,
Dos quais uma alegria e a paz se colhem.

24543

Prazer que assim te dando, eu já recebo
E sinto inesgotável rara fonte
Por mais que meu caminho ainda aponte
Incrível senda à qual quero e concebo.
Do todo que deveras inda bebo
Mostrando no final belo horizonte
Enquanto noutro rumo ainda aponte
O brilho além do tanto em que me embebo,

Assisto à derrocada do não ser
E sinto fabuloso o bel prazer
E dele me encantando não desvio
O rumo onde deveras encontrara
A luz sobeja e nobre bela e clara
Trazendo ao meu olhar vela e pavio.

24542

Distante da tristeza e do tormento
Expresso esta alegria em cada verso
Por mais que inda pareça estar imerso
Na dor e no terrível sofrimento.
Aos poucos mansamente me apascento
E sigo cada rastro do universo
Aonde poderia estar disperso
O fogo do prazer em que me alento
Deveras tendo a sorte de saber
O quão maravilhoso este prazer
No tanto em que se mostra divinal
Esqueço os dissabores e desfaço
A velha solidão sem ter um traço
Do quanto eu me fizera desigual.

24541

Tomado de carinho, então percebo
O quão se torna às vezes venturosa
A senda em que desfilo verso e prosa
E dela a maravilha onde concebo
O mundo em ilusão, a paz recebo
Singrando com denodo espinho e rosa
Enquanto a fantasia ainda glosa
O tanto que deveras já não bebo
E embebe-se de luz este andarilho
Decerto em novo tempo quero e brilho
Forjando com meu canto um tempo audaz
Aonde uma esperança mais sobeja
É tudo o que minha alma ora deseja
Viver e ter nos olhos farta paz.

24540

Tocando a minha pele, o manso vento
Transmite a sorte farta que buscara
E nela a solução já se declara
Trazendo em raro encanto tanto alento
E deixo para trás o sofrimento
Enquanto a fantasia ainda ampara,
Sonega uma esperança audaz e cara,
Por vezes a saída; ainda tento

Que possa permitir novo caminho
No qual e pelo qual eu adivinho
Momento mais feliz e disto eu posso
Falar o quanto em luzes sempre endosso
E sigo mesmo quando estou sozinho
Colhendo a cada esquina outro destroço.

24539

Regalos desta vida a me mostrar,
O dia venturoso que procuro,
E quando me encontrando em solo duro
Ao menos poderia cultivar
E tendo esta esperança a demonstrar
O quão vazio mundo neste escuro,
Depois do tanto brilho em que emolduro
O belo que se expressa a cada olhar,

Desfio novas sendas, tecelão
E nelas os meus barcos mostrarão
O farto ancoradouro feito em luz,
Amor se transmitindo hereditário
O tempo se mostrando raro e vário
Ao mundo em glória imensa me conduz.

24538

O quanto é necessário e bom amar
Sabendo desvendar os seus segredos
Amor não se entregando aos desenredos
Permite a mansidão ao caminhar
Depois de tanto tempo navegar
Sabendo desde sempre os grandes medos
Momentos do passado morrem ledos
E deles um futuro a se mostrar

Diverso do que outrora pressentia
Quem tanto se perdendo em fantasia
Agora se permite ser feliz
Um velho caminheiro em farto espinho
Já sabe que não deve andar sozinho
E encontra num amor o que mais quis.

24537

Felicidade é feita em cada gesto
E dele se deriva a glória plena
Enquanto o dissabor ao largo acena
O quanto ser feliz já não contesto
E quando se mostrando em vão protesto
Deitado sob a lua em noite amena
A melodia ao longe me serena
E deixa para trás o que detesto
Assinam delicadas ilusões
E quando sem certezas decompões
Os ritos que pensara eternidade,
Semeio pelos campos estes grãos
E sei que mesmo sendo inúteis; vãos,
Traduzem a esperança que me invade.

24536

Aonde nós podemos perceber
O dia que virá em luz tranqüila
A vida neste instante já desfila
O amor que nos traz glória e posso ver
A luz incendiando nosso ser
Medonha fantasia que destila
Enquanto em mera luz já desopila
O tempo onde desfia o seu poder.

Dos sonhos, um mesquinho serviçal
Embarco no vazio a minha nau
Esperando o naufrágio que virá
Depois da tempestade anunciada,
Aonde a noite diz o mesmo nada
O sol ainda frágil brilhará.

24535

Que o tempo ao qual me dou e não contesto
Transforme o meu futuro e nada além
Do que deveras cabe e me convém
E mesmo que pudesse em cada gesto
Aonde se fizera dor, protesto,
Procuro no final ter este alguém
Que mesmo sem discórdia e sem desdém
Não trague mais o medo atroz, funesto.

E sei que não consigo ter a sorte
Que possa me trazer quem já conforte
O coração audaz do aventureiro
E embora isso pareça corriqueiro
Nas tramas deste encanto me seduzo
E a vida transcorrendo sem abuso.

24534

Faz ter em nossa vida tal prazer
O sonho que jamais esqueceria
Moldado sob as formas da alegria,
Sem ter qualquer caminho a desdizer,
Mudando deste jeito o que eu quis ser
E faz com esperança a parceria
Que a cada alvorecer sempre recria
Deixando no passado o não saber

Expressa com sobejas emoções
Falando das ternuras que ora expões
Transformando o cenário em luzes feito

Pudesse acreditar no que não creio
Talvez já não tivesse esse receio
Enquanto este futuro; em paz, espreito.

24533

Deixando para trás qualquer um resto
Do quanto fora muito e agora é nada
A sorte noutra sorte desvendada
Dizendo deste todo que detesto
Ao menos ao carinho eu já me presto
E bebo cada gota da alvorada
Sabendo desta história desfiada
Em versos delicados, sou funesto
E sei que na verdade nada sei
Por isso quanto mais distante a grei
Deveras o meu passo se tornando
Às vezes mais suave ou mesmo brando
Enquanto a tempestade se anuncia
E mata em nascedouro a fantasia.

24532

De dor que nos impeça de saber
O quanto é necessário caminhar
E mesmo sob os raios do luar
Envolto nas delícias do prazer
É bom e neste tanto posso crer
Que quando fores logo mergulhar
Expresse esta alegria em teu olhar
E dela tu verás o teu poder,
Quimeras pela vida sei são tantas
E quanto mais atrozes, mais te espantas
Mas tendo esta alegria feita em festa
O tempo ao temporal já não se empresta
E o quanto deste muito ainda resta
Trará tal maravilha enquanto cantas.

24531

Desta alegria intensa feita em glória
Não posso descuidar nem um segundo
E quanto mais audaz eu me aprofundo
A vida se expressando sem vanglória
Por mais que uma ilusão atroz se mostre flórea
Dos gozos delicados deste mundo
Bebendo com fartura em paz inundo
O todo que buscara na memória.
Arcar com os devidos caminhares
Além do que desejas; encontrares
Momentos de sobeja maravilha
É tudo o que mais quero; e assim mergulho
Mesmo que encontre ao fundo pedregulho
A noite em lua imensa e clara, brilha.

24530

Distante das falácias e das brigas
Não posso mais sentir terror ou medo
E quando outro caminho eu me concedo
Apenas no passado tais urtigas,
E mesmo que esta senda; inda prossigas
Verás ao final dela este degredo
E dele se espalhando o desenredo
Mudando as horas belas e as cantigas

Das quais ao relembrar, mera criança
O mundo em luz mais plena já se alcança
Na doce temperança sorte e riso,
E sei quão necessário caminhar
Enquanto se embebendo do luar,
No encanto mais audaz, belo e preciso.

24529

O amor em si proclama uma vitória
Depois de tempestades e corsários
Não tendo mais sequer os adversários
Apenas restará sorriso e glória

A quem se fez eterna promissória
De um dia mais feliz, mesmo que em vários
Momentos se mostraram temerários
Os ritos que dissessem da vanglória.

Agora ao perceber quão bela a vida
A nossa caminhada decidida
Não deixa qualquer dúvida e prossigo

Tocado pela luz que assim se emana
E mesmo sendo a sorte soberana
Nos braços deste sonho encontro abrigo.

24528

Moldado nas palavras mais amigas
O quanto se tentara e não consigo
Vencer a cada tempo o seu perigo
Por mais que outros caminhos já consigas
Desfilo a fantasia na qual obrigas
O tempo sem ter nexo ao desabrigo
E deste caminhar inda persigo
As honras mesmo atrozes ou antigas.
Esqueço-me dos medos e das tramas
Diversas quando em paz tu já me chamas
Falando deste encanto que me envolve,
Deixando no passado, tatuados
Momentos em tristezas decifrados
E a dor em tanto amor já se dissolve.

24527

Emoldurando sempre na memória
O quadro que pintaras, luz imensa
E quando neste amor minha alma pensa
Sabendo desde já certa a vitória,

Por mais que a vida seja tão inglória
No fim eu acredito em recompensa
E a sorte se deixada na dispensa
Trará uma incerteza merencória.

Promessas de um futuro mais tranqüilo
Enquanto a fantasia aqui desfilo
Destilas este amargo fel que bebes,

E dele se transcende uma esperança
Vazio caminhar ao qual se lança
Traduz a luz sombria destas sebes.

24526

Ternuras todas brandas, mesmo antigas.
Traduzem tradição de riso e glória
No olhar se espelha o fogo da vitória
Trazendo aos meus ouvidos tais cantigas
E mesmo que deveras já prossigas
Em torno desta lua merencória
Vagando sem saber do amor, adore-a
E saiba do prazer do qual não migras
E deixas a certeza de outro passo
No qual e pelo qual amor eu traço
Arcando com meus dias mais sofridos
Alçando outras paragens mais felizes
Deixando além do vago o que desdizes
Deslizes traduzidos nos olvidos.

24525

Saber do amor que move nossas vidas
E ter nos nossos olhos a esperança
Que enquanto se traduz em temperança
Permite as caminhadas mais ungidas,
E quando se mostraram distraídas
Ao nada do vazio já se lança
A sorte que pensara em aliança,
Trazendo nossas sendas repartidas.
Será que não podemos ter nos olhos
Além do que demonstram tais abrolhos
Matando este jardim que semeamos
Com todo este cuidado, claro esmero
Terás como terei tudo o que quero,
O amor sem ter escravos, donos, amos.

24524

Ao ter as diferenças resolvidas
Partimos para o sempre procurado
Deixando as desventuras já de lado
Unindo com paixão as nossas vidas,

Por mais que nos pareçam doloridas
As sortes se embrenhando no passado
Permitem novo dia ensolarado,
Por mais que destes fatos tu duvidas.

Esqueça o que se fez em vasto não,
O amor mesmo que seja temporão
Trará para quem sonha luz imensa

E desta claridade refazendo
Sem ter sequer o medo como adendo,
Além do que talvez tua alma pensa.

24523

Saudades do passado; inda carrego
E dessas horas tristes renovando
O quanto se fizera outrora brando
Deixando este caminho em que trafego,
E quando no passado em vão me apego
O teto do futuro desabando,
Nefastas sobremesas se mostrando
Empenho as alegrias, sigo cego
E visto as ilusões, quimeras frágeis
Aonde imaginara tempos ágeis
Deságio se tornando mais freqüente
A porta que buscara escancarada
Agora não traduz mais quase nada,
Por mais que a fantasia inda freqüente.

24522

Do quanto não sabia e era feliz
Tentando outro caminho, me maltrato
E quando se percebe este destrato
O mundo onde se vê já não me quis.
E o tempo sendo mera cicatriz
Enquanto na verdade me desato,
Provocando um sombrio desacato
Do medo e do vazio, rege o bis.
Nefandas as veredas que entranhara
A cada caminhada desampara
E tudo se transforma em negação,
Servente das loucuras, desvarios,
Aprendo a caminhar em finos fios
E desafio os frios que virão.

24521

Paisagem na memória vai perdida,
Deixando como rastro esta querência
E fala ao andarilho competência
Depois da madrugada em paz urgida

No quase acreditar, já decidida
Sem ter sequer quem busque e enfim convence-a
Do quanto em desvario diz demência
Perene ingratidão luz dividida.

Assediando o mundo em que talvez
Pudesse ter nas mãos a sensatez
Desfeito, muito embora o nada vê

E segue tão somente sem por que
Ausente da alegria, morro só,
A vida na esperança dando um nó.

24520

De todos os meus sonhos, aprendiz,
Aonde poderia ter quem sabe
Destino aonde o mundo não desabe
E quando necessário contradiz
Por mais que eu te pareça um infeliz,
Verdade eu já nem sinto e sequer cabe
Nababo caminheiro antes que acabe
A rota dos desejos quer e diz
Das vária malquerências desta vida
Por mais que se mostrasse decidida
História se repete e novamente
Sem ter outra vertente, sigo o mesmo
E quando solitário eu me ensimesmo
O coração não quer, ou melhor, mente.

24519

Agora a vida passa, distraída,
Deixando para trás medos e senhas
Distante do passado de onde venhas
Mudando ao mesmo instante em que é regida
Por belas paisagens, não duvida
E quando nos vazios tu te embrenhas
O quão tudo desejas, logo empenhas
E sabes desta senda repartida

Dicotomias várias se moldando,
A tempestade amarga, o fogo brando
A sorte desfilando seu enredo,
Assim ao perceber final dorido,
O véu das esperanças já puído
Demonstra o descaminho em que enveredo.

24518

Mostrando num relâmpago o que eu fiz,
Apesar das batalhas costumeiras
Além do que pensaras; as bandeiras
De um novo tempo em glória e cicatriz
Permitem tal caminho ao aprendiz
E mesmo quando audazes e ligeiras
As sortes mesmo quando já não queiras
Desvendam o que outrora eu sempre quis.
Erguendo as minhas mãos, louvando aos Céus,
Nos olhos dois imensos fogaréus
Vencendo a treva amarga, seca e rude,
É muito além do pouco que eu criara,
Enquanto a vida muda peso e tara
Desvendar o futuro, o amor ajude.

24517

Saudade do calor do braço amigo
Que tanto protegera o caminheiro
E enquanto dos perigos eu me esgueiro
E busco nos vazios, meu abrigo,
Por vezes na verdade em vão prossigo
E o canto muitas vezes lisonjeiro
Transporta a paz qual fora um mensageiro
Do quanto necessário estar contigo
E crer que haja bonança após procelas
Pela amizade eu sei o quanto zelas
Qual fora um jardineiro delicado,
Adubo da esperança uma amizade,
Que aos poucos sem ter nada que degrade
Ajuda-nos a ver mais claro o Fado.

24516

Num tempo em que existia uma esperança
Sabia que talvez pudesse ter
Além do que deveras quero crer
A mão em paz sobeja e temperança,
Mas quando a realidade ao fim me alcança
Derruba-me e deveras sem poder
Sentir a maravilha do viver
Saudoso dos meus tempos de criança

Esqueço-me do quão já poderia
Ter nos meus olhos rara alegoria
Utópica vereda à qual me entrego,
Mas sei que tantas vezes incompleto
Não passo de um sutil verme ou inseto
E embrenho-me no escuro, quase cego.

24515

Distante do que trago aqui comigo
Felicidade é um sonho e nada mais
Pudera ter nos olhos porto e cais
Porém minha alma exposta ao desabrigo,
O quanto ser feliz inda persigo
E quando mais ausente derramais
Momentos tão doridos e jamais
Terei além da dor, medo e perigo.

Perece-se a ilusão a cada instante
E o dia que buscara radiante
Espalha-se sombrio em noite amarga,

E a voz que outrora fora mais possante
Agora tão somente uma farsante
A cada novo dia mais se embarga.

24514

A vida prometia uma festança,
E tudo não passou de uma promessa
E quando a minha história recomeça
Apenas cultuada na lembrança
A senda se desfaz; desesperança
E quando o meu caminho assim se impeça
Aonde no passado houvera pressa
A morte pouco a pouco já me alcança.
Não deixe pra depois o que se pode
Fazer e sem demora enquanto rode
A terra neste giro inesgotável,
Tentando revelar cada segundo
Mergulho neste tanto e me aprofundo,
O mundo que desejo, inalcançável.

24513

Bebê-la novamente não consigo
A sorte que intragável se tornara
Ao mesmo tempo azeda e tão amara
O quanto desejara e não prossigo,
Pensando a cada esquina um novo amigo,
Realidade toma e desampara,
A cada novo tempo se escancara
Invés de manso abrigo, outro perigo
E nele se desfazem ilusões,
Decerto são apenas más visões
E tudo se renova em força branda.
Mas sei que a poesia não importa
Aonde se fechou ao mundo a porta
Caminho sem destinos já desanda.

24512

Somente em cicatriz, doce lembrança
Do tempo em que julgara ser feliz
Do todo que sonhara; o mais que quis
Realidade mata enquanto avança
O tempo que eu pensara em aliança
Agora tão somente me desdiz,
A sorte velha e amarga meretriz
Ao vento em tempestade, louca, dança.
Assim não poderei crer no futuro
Que em luzes mais dispersas emolduro
E neste patamar, quieto flutuo,
Assino com temor tal promissória
A vida se tornando merencória
Assassinando o sonho que cultuo.

24511

Saudade de viver o que não fui
Durante a tempestade feita em vida
Imagem pelo tempo destruída
Apenas a verdade toma e rui,
E quando a realidade aos poucos flui
A sorte que pensara já perdida
Agora novamente vem e acida
Matando o que deveras inda influi
E torna o meu viver em puro encanto
E quando em realidade desencanto
Em tanto sofrimento me desfaço,
Assim ao perceber a derrocada,
Do todo que sonhei, restando o nada
Vazio com certeza cada espaço.

24510

Cadáver do que fui, e ainda vive
Apodrecendo os sonhos que virão
Transforma qualquer luz, escuridão
E apenas tão somente diz que estive

Tomando da ilusão: fantasmas tive
E sei que na verdade nada são
Senão o meu retrato em podridão,
De uma alma que ora apenas sobrevive.

Não pude decifrar os meus enigmas
E trago dentro em mim velhos estigmas
Estrelas que me guiam e deformam,

Assíduo caminhante do vazio
O quanto ainda quero; eu desafio
Notícias do futuro não informam.

24509

Renova-se deveras todo dia
A vida que se fez tempestuosa
E agora quando o sonho quer e goza
Moldando outro caminho em que se guia
À sombra do passado a alegoria
Mudando a sina outrora caprichosa
E tendo em minhas mãos, maravilhosa
A força de uma etérea fantasia.
Servir aos meus desejos prosseguindo
E quando se julgara amargo e infindo
Momento tormentoso; se percebe
A luz iluminando nova sebe
E dela sem as trevas, novamente
O dia renascendo se apresente.

24508

Uma esperança feita em juventude
Permite um sonho vasto e distraído
O tempo se condena ao frio olvido,
Mas quando somos jovens a atitude
Expressa o que deveras já se mude
E mesmo me pegando sem sentido
O verso beba a fonte da libido
E sabe o quanto quer, tanto e amiúde.
Não posso mais negar essencial
Caminho que seguimos sem o qual
A sorte se perdendo em vão espaço,
Por isso, numa tenra mocidade
Qualquer motivo traz felicidade
Ou mesmo a imensa dor que ora desfaço.

24507

O sol vem renascendo em alvorada,
Debandando as quimeras mais atrozes
Ainda escuto ao longe suas vozes
Destoam da esperança desvendada
E molda sem pensar o fim da estrada
Jamais imaginando tais algozes
Bebendo dos riachos, fontes, fozes
Causando terremoto ou mesmo o nada.
Assim não poderia crer no quanto
Expõe-se o coração enquanto canto
Vencendo os meus antigos preconceitos,
As sortes são vadias e insinceras
E quando um bom momento ainda esperas
Os ventos que querias são desfeitos.

24506

Trazendo a cada sonho, uma atitude
Que possa transformar amargo em doce
É como se voltar no tempo fosse
Realidade aonde a sorte mude
E tendo em minhas mãos tal esperança
Divirjo dos meus erros e ainda tento
Exposto ao mais soberbo e forte vento
Tocar o imaginário ao qual se lança
A mão de um andarilho sem paragem
Sentindo em tal aragem, maravilhas
Por onde vez em quando ainda trilhas
Mesmo que estas mentiras nos ultrajem
Saber eternizar cada momento
Eu juro, mesmo inútil, ainda tento.

24505

Iluminando sempre a mesma estrada,
O sol que se fizera mais presente
Durante a tempestade se pressente
Volvendo e retornando em longa estada
Assim a minha vida mostra cada
Momento que em verdade ainda atente
Mudando cedo o rumo e de repente
Percebo no final outra alvorada.
Esbarro nas procelas, não naufrago
E cada vez que encontro o teu afago
Um trago de esperança me inebria
Assíduo companheiro da desdita
O sol em cada raio já me dita
Aonde procurar a fantasia.

24504

Embora o calendário sempre mude,
Não vejo mais verão, somente inverno
No gélido porão quando me interno
Não peço e nem procure quem ajude.
A vida não represa-se em açude
Tampouco nela aquieto-me ou hiberno
E sendo sem sentido ou mesmo eterno
O pouco assim se mostra ou amiúde
Não tendo outro caminho, sigo só
Não quero mais escusas, mato a dó
E beijo a ventania sem pudores,
Por isso não reclame deste frio
Se nele a própria vida desafio,
Não me importa sequer se agora fores.

24503

Singrando por espaços, ilusões,
Não tendo outra saída que inda possa
Mudar as minhas sendas, direções
Sequer uma emoção, meu peito esboça
E vivo sem saber da outrora troça
Que tanto me magoa; tentações
A vida sem perguntas me destroça
Inverna desde sempre os meus verões.
Versões em versos, valsas, velas, vagos
Aonde poderia ter afagos
Quem tanto desprezou o seu poder,
O peito enamorado se desvenda
E quando se desnuda, tece a renda
Expondo desde sempre o que é viver.

24502

Vivemos deste sonho em mocidade,
O amor que nos transforma em fogo e fúria
Aonde se mostrara qual incúria
Desanda o tanto quanto desagrade,
Pudesse ter nas mãos felicidade
A vida não seria esta lamúria
A sorte se moldando em paz. Procure-a,
Verás o quão se mostra em inverdade.
Não tendo mais caminhos, sigo arisco
As ilusões; deveras, já confisco
E tramo outra vereda mais suave;
Porém nas redes toscas da paixão
Os dias entre brumas nascerão
Minha alma em suas sendas tome e lave.

24501

Abrindo com carinho, os corações
O amor não deixa dúvidas. Reinando
Por sobre toda a Terra em fúria ou brando
Tomando sem pensar as decisões.
Enquanto se transforma em subversões,
As ânsias do passado derrotando
Imagens do futuro desprezando,
Não tendo nem pensando em direções.
Sublime ou mesmo algoz, terrível, belo,
No quanto pelo amor, descuido e zelo
Colheita que em fartura não sacia,
Um deus imaginário e poderoso,
Promessa de tormenta em pleno gozo
Da dor que se transborda em alegria.

24500

A liberdade alçando em pensamento
Vivendo sem temor, sigo adiante
E tudo se renova num instante
A própria dor produz algum alento,
E quando mais distante me atormento
Procuro algum caminho delirante
Nas mãos imaginara um diamante,
Porém poeira vai tomando assento
E vejo que o vazio se formara
Aonde imaginara jóia e rara
Beleza sem igual, mas enganosa
Beijando a tempestade sou feliz
E tudo que deveras já não quis
Traduz cruel espinho e mata a rosa.

24499

Sangrando nas loucuras das paixões
Adentro os meus fantasmas e mergulho
Deixando pedra, espinho e pedregulho
Bebendo desta fonte aos borbotões,
Assim enamorado d’ilusões
Sabendo o que me resta, quase entulho
No fundo, perseguindo este marulho
Encontro em mar sombrio as decepções.
Esboça-se um sorriso, falso e frio
E todo o meu futuro ora desfio
Teares que bordaram fantasia,
E enquanto imaginara poesia
As esperanças fogem, ledo bando
E o coração aqui, sempre sangrando.

24498

Podemos perceber felicidade
No brilho deste sol ou no luar
No canto que decerto irá mostrar
Beleza sem igual que nos agrade,

No amor que quando traz tranqüilidade
Permite ao ser amado respirar
Também nesta magia do tocar
Estrelas com os olhos, mas quem há de

Saber do quão feliz se necessita
Ser para seguir tola desdita
E mergulhar nos vagos da promessa

Que enquanto assim permite um novo sonho
Além do quanto posso e te proponho,
E a história no vazio recomeça.

24497

Na boca da manhã eu vejo o sol
Trazendo o alvorecer sublime e raro,
E quando nos seus raios eu me aclaro
Percebo que há em ti como um farol
E como fosse um simples girassol
Bebendo desta luz quero e declaro
Do quanto ser feliz, e o mundo encaro
Sem ter que me fazer de caracol,
Ascendo ao infinito e posso ver
Além do que se pode imaginar
A magnitude plena do poder
Que emana-se do sonho realizado
E sinto no calor do deus solar
Toda magnificência deste prado.

24496

No sol que eternamente brilhará,
Razões para saber o quão é belo
O amor que a nestes versos eu revelo
Tomando com certeza e desde já
Caminho que por certo levará
A ter aqui comigo este castelo,
Destino em paz agora; amada, eu selo
Zelando por quem tanto me trará;
Sabendo com cuidados cultivar
Os frutos que dará nosso pomar
Serão abençoados, com certeza.
No amor a maravilha sem perguntas
Dois sonhos num só sonho e quando ajuntas
A vida nós levamos com leveza.

24495

Abrindo a porta deixo que se sinta
O vento, companheiro de viagem
Mudando novamente esta paisagem
Usando a mais sublime e bela tinta
O quanto do desejo se pressinta
Não deixe que as saudades nos ultrajem,
O amor não necessita de uma pajem,
Por isso não sonegue e nunca minta.
Assim nós poderemos ter um dia
Além do que se quer e fantasia
Num êxtase supremo, gozo e festa
Do tanto que te quero e sinto assim
O eterno renovar deste jardim
O vicejar da flor perfeita, atesta.

24494

Ao ver na ventania a tempestade
Que sei não tardará, eu me protejo,
No amor quando demais, fero e sobejo
O medo do final decerto invade,
E mesmo se encontrando o que me agrade
Momentos mais difíceis; se eu prevejo
Distante deste cais que em paz almejo
Não posso desfrutar tranqüilidade.

Assim quimera vária e delicada
Paixão por vezes vara a madrugada
E avara não percebe o dividir
Tampouco se permite algum descuido
Por isso, um jardineiro dela eu cuido,
Pensando desde sempre no porvir.

24493

Rasgando o coração não poderia
Haver quem sonegasse o sentimento
E quando estou distante me atormento
Invés de paz; enfrento esta agonia
Amor não suportando bulimia
Faminto, insaciável seu provento
É feito de carinho, este alimento
Aonde toda a força não sacia.
Queria ter ao menos uma chance
E mostraria além do meu alcance
O quanto te desejo e não me canso
De ter esta emoção dentro de mim,
Contigo sou feliz e vejo enfim
Depois de uma borrasca um bom remanso.

24492

Ao impedir que uma alma em paz flutue
Transformas esperança em frio ocaso
Do nada que virá já não me aprazo
Sem ter sequer um bem que inda cultue

São mútuos os carinhos entre quem
Deseja muito além de um simples caso,
Por vezes, noutra senda se me atraso
Saudade cobrando ágio cedo vem.

Amor quando infinito não tem prazo
E vive cada instante como fosse
Um belo sentimento que agridoce
Jamais suportaria algum descaso.

Tampouco se formando por acaso
Contigo, sem pensar, querida eu caso.