terça-feira, novembro 21, 2006

Sextina do Amor Maior

Amor tanto machuca e depois promete cura.
A noite na minha alma é sempre tão escura.
Recebo teu carinho espero teu perdão.
A lua no meu peito aguarda a escuridão.
Meu verso te dedico, espero teu carinho.
Não posso mais ficar nem quero ser sozinho...

A vida me deixou num canto, tão sozinho.
Na boca que me morde aguardo minha cura;
Eu que jamais esqueço um ato de carinho;
Por mais que seja estranho, espero a noite escura.
Sou como pirilampo, adoro a escuridão.
Por isso minha amada, entregue-se ao perdão!

Quem passa pela vida em busca do perdão,
No fim de seu caminho, encontra-se sozinho.
Quem busca neste sol, imensa escuridão,
É como quem procura a dor pensando em cura.
A luz tanto incendeia a noite mais escura
Quanto esta alvorada, imersa em teu carinho.

Eu quero o teu amor, em forma de carinho,
Aguardo assim, querida, um laivo de perdão.
A profundeza da alma está, sem ti, escura.
Cansado desta estrada, andando tão sozinho,
Espero pela amada, a certeza da cura...
Quem sabe inda tenha, a luz na escuridão?

A tempestade chega em plena escuridão.
A lua vai embora, esperava um carinho
De estrela enamorada, a dor negou a cura.
A noite nebulosa, em raios, sem perdão,
Avisa à pobre lua. Um cometa sozinho,
Passa, qual fora um raio, em plena noite escura.



Assim é meu amor, saudade tão escura
Em busca do teu beijo, encontro escuridão.
Melhor morrer assim, sem nada, tão sozinho...
Sem sonho que me traga, amor, calor, carinho.
Eu sei nunca darás, o dom do teu perdão...
A minha lua morta, esparsa-se, sem cura...


A cura é mero sonho, a vida é breve, escura...
Perdão simples palavra em plena escuridão.
Carinho nunca tive, agora vou sozinho...

Salmo 24

A terra é do Senhor em toda plenitude.
Também é todo o mundo e todos que o habitam.
Por que ela foi fundada em cima destes mares
Por que ela foi firmada em cima destes rios.
Quem subirá ao monte onde está meu Senhor,
Ou quem logo estará no seu lugar que é santo?
Quem for limpo das mãos e puro em coração
Quem não for vaidoso e nunca jura em vão,
Será abençoado, e terá salvação.
Tal é a geração dos que buscam t’a face,
Ó Senhor de Jacó. Ó portas levantai
Vossas cabeças alto. Ó entradas eternas
Rei da glória entrará! Quem é o rei da glória?
O Senhor poderoso e forte na batalha.
Ó portas levantai vossas cabeças alto.
Rei da Glória entrará, ó entradas eternas.
Quem é o rei da Glória? O senhor dos exércitos!
(Ele é o rei da Glória!)

Salmo 21

Por que desamparaste assim meu Senhor Deus?
Por que estás afastado e não mais me auxilias?
Por que não ouves mais minhas palavras, Pai?
Eu clamo-te de dia, embalde, não mais ouves.
Eu clamo-te de noite, embalde, sem sossego...
Contudo tu és santo, estás entronizado
Sobre todo o louvor que existe em Israel.
Nossos pais já livraste, em ti, pois, confiaram.
Foram salvos, meu Pai, enquanto te clamaram.
Confiaram em ti e não os confundiste.
Porém eu sou um verme, um opróbrio dos homens,
O povo me despreza e todos já se zombam.
Me dizem, Meu Senhor: já que em ti confiei
Que me liberte Pai, pois em ti, meu prazer.
Tu és quem me tiraste e que me preservaste
Desde quando, pequeno, ainda em minha mãe;

A teus braços, lançado és meu Deus desde o ventre.
Não te alongues de mim. Angústia está bem perto
E, meu Pai, meu Senhor, não há quem me acuda!
Os touros de Basã me cercam e rodeiam,
Contra mim, boca aberta assim como o leão
Que despedaça a presa e ruge, violento!
Derramei-me qual água e quebrei os meus ossos!
Meu coração derrete em cera nas entranhas.
Minha força secou qual fora um simples caco.
Tu puseste-me o pó de uma terrível morte.
Rodeado por cães, malfeitores me cercam
Me transpassam os pés e também minhas mãos.
Os ossos posso contar, eles me olham e miram.
Repartem, entre si, todas as minhas vestes.
Mas tu, meu Senhor, não te alongues de mim.
Me socorra, meu Pai, por que és a minha força!
Pai, me livre da espada e do poder do cão,
Da boca do leão e dos chifres do boi.
Anunciarei teu nome a todos os irmãos
E na congregação, eu sempre louvarei:
Vós que temeis a Deus, louvai-o todos vós.
Ó filhos de Jacó, temei, glorificai
Ao Senhor, todos vós, herdeiros de Israel!
Porque não desprezou e nem abominou
Toda aflição do aflito. Nem dele se escondeu.
Pois quando foi clamado ouviu-o, plenamente!
De ti vem meu louvor nessa congregação.
Meus votos, pagarei perante os que te temem.
Os mansos comerão, se fartarão,
Louvarão ao Senhor, aqueles que te buscam.
Que o vosso coração, viva em eternidade.
Nos limites da terra, o teu nome lembrado,
E se converterão, diante do teu nome,
Por todas as nações tu serás adorado.
O domínio é do Pai, e reina sobre todos.
Os grandes desta terra te adorarão, meu Pai.
Os que descem ao pó, os que não retêm vida,
Diante do Senhor, todos se prostrarão!
Futuro o servirá, falar-se-á de ti,
À geração vindoura, em sua plenitude.
Anunciarão ao outro tua justiça
Ao povo que nascer , o que fizeste, Pai,
A todos contarão, será anunciado!

Mônica: Só, sozinha, viúva

Mônica: Só, sozinha, viúva


Na noite, solitária, o vento qual chibata
Batendo na janela. Amor, triste, partiu...
Um canto longe, vago, uma lágrima,mil...
A vida se esvaindo, a dor maltrata...

A solidão noturna, a saudade retrata.
O mundo que sonhara, um átimo, ruiu...
O castelo, a princesa... O mundo já traiu.
Na morte, se enlutara, a volta não tem data,

Mas espera o momento onde possa encontrar
O motivo da vida, o brilho do luar...
Nesta eterna neblina aguarda pela chuva

Que nunca vem. Final de tudo, sofrimento...
Nesta janela aberta a voz triste do vento...
E Mônica sozinha, o leito, de viúva...

Miriam: Senhora

Miriam: Senhora


Cansado desta luta inglória e mais feroz,
Sonhando com a paz, amar é tão preciso.
Procuro pelo rastro, espero o paraíso.
Grito desesperado, estou perdendo a voz...

Ribeiro, minha vida, esquece-se da foz.
Insana madrugada, em vão, vai sem juízo.
A minha vida, inteira, imenso prejuízo.
Meu verso se transborda em pura dor, atroz...

Por que tu me deixaste, isso eu não merecia!
Sujeito à tempestade imerso em fantasia...
Do que pensei na vida, a morte não demora.

Amor que é tão sozinho, esmaga, pois tirano.
Espero por teu braço, a vida sem engano.
Miriam, do meu mundo e do sonho, senhora!

Mirela: Milagrosa

Mirela: Milagrosa

Alegro-me em te ver amiga, andei perdido,
Na procura da estrela, esqueci que sou humano.
O céu está distante, aqui é outro plano.
Acho até que tive sorte, eu podia ter caído.

Mergulhado no abismo após ter derretido
O sonho de voar. Cometo tanto engano
Porque sou sonhador. Depois disso me ufano.
Fechando os olhos, vou. Perco todo o sentido!

Amiga, teu amigo aguarda um triste fado,
Depois da dura queda, o sonho sepultado.
Mas, teimoso, não paro, aguardo outra viagem.

Que vou fazer da vida, espero uma resposta.
De milagre em milagre, um dia viro posta.
Mirela, milagrosa, amiga, uma visagem...

Michele: Quem é semelhante a Deus?

Michele: Quem é semelhante a Deus?

Um deus enamorado, em sonhos, te esculpiu.
Beleza iluminada, estrela radiante.
Por certo ele te quis, pensou ser teu amante.
A pele tão morena, os olhos são de anil.

E lua enciumada, esquiva-se sutil,
Deus Hélio radioso, em raios, triunfante;
Abraça toda a terra, um beijo delirante.
E neste mesmo instante, um girassol se abriu.

Depois, envergonhada, a flor logo murchou.
Porém, pobre quimera, o deus que te criou,
Em nuvens vira fera, a chuva, a tempestade...

Mal sabe essa natura, a mulher tem caprichos.
Michele, toda bela, em busca d’outros nichos,
Deitada em minha cama. Em plena liberdade!

Marta: Senhora da casa

Marta: Senhora da casa

O teu olhar decerto, eu sinto, não perdoa.
Desculpe se te tomo a luz e claridade.
No fundo não pretendo o gosto da saudade.
A mão que não carinha, aquela que magoa...

O pensamento é ave esperta, sempre voa.
Não quero essa gaiola, eu amo a liberdade!
Embora não prometa eu terei lealdade.
À noite, após a festa, a vida fica boa!

Não venhas me dizer que julgas na aparência
Se for assim, também, que eu tenha paciência.
Se bem que na verdade a vida não me aparta.

Eu gosto do teu colo, o resto não importa.
Senão que vou fazer? Aberta, vive a porta.
Quero ficar aqui, na nossa casa, Marta!

Marli: Nome de uma povoação francesa

Marli: Nome de uma povoação francesa


Amor é sentimento em vias de extinção.
A boca que me beija assim tão à vontade,
Decerto já beijou metade da cidade!
É retrato instantâneo, invade em profusão.

Um segundo que passa inventa outra paixão.
Por que vou ter ciúme em pouca lealdade.
Eu sei, não é mentira, amor é de verdade.
Isso tudo é hormônio...Amar? a solução!

Beija aqui, beija acolá... Não pára de beijar.
O neon brilha tanto, apagou o luar!
Estou ficando velho, agora eu percebi!

Sem pinho, serenata? A lua dança axé.
Amor sem carro novo? Amigo, não dá pé.
Ainda bem que achei meu par, minha Marli...

Marlene

Marlene: Derivado de Madalena


A vida turbulenta, as águas deste rio
Que em louca tempestade espalham nas ribeiras.
A chuva em enxurrada enchentes verdadeiras.
Neste calor ardente, um terrível estio.

Saudade do teu colo, o coração é frio.
Atrocidade louca, as dores costumeiras,
Inverno contumaz sem vento e sem palmeiras.
Da amara solidão, incrível, inda rio...

Se Deus já me esqueceu, não sintas, de mim, pena.
A morte, sorridente, aproxima-se, acena.
Não quero ser eterno, a dor será perene!

A cura não encontro o rio não se amansa.
Na festa desta vida, eu me esqueci da dança.
Quem sabe a despedida esteja em ti, Marlene?

Maristela: Estrela do mar

Maristela: Estrela do mar


“só sei é que depois, muito depois,
Apareceu uma estrela no mar”



Amor pleno em mistério, encharca-nos de sonhos...


Um dia, em bela praia, um grão de fina areia,
Olhando para o céu reparou na beleza
De estrela que fulgia, amante natureza...
Acostumado à praia, ao canto da sereia,

Sabia não havia, um fogo que incendeia
Que traz a plena chama, invade com leveza,
E faz o grande amor repleto de incerteza.
A noite tece a tela, a vida tece a teia...

O tempo se passou, estrela e grão distantes...
O quê que aconteceu com os pobres amantes?
A vida tece a teia, a noite em aquarela...

Do caso apaixonante, uma lição eu levo.
Ao amor? Nada impede! E por isso carrego,
Minha estrela do mar, amada Maristela!

Marisa: Aglutinação de Maria e Luísa ou Maria e Elisa

Marisa: Aglutinação de Maria e Luísa ou Maria e Elisa

Como posso fechar esta fatal ferida?
O tempo vai matando, em nós, a inocência.
Em vão eu rezo aos céus, pedindo por clemência.
A dor inebriante, invade e nos convida

À tentativa errante, o ser feliz na vida.
Ordena, o deus amor, a dura penitência.
O látego cruel promete tanta ardência
Vejo-te na chegada, esperas despedida...

O corte que fizeste, o fio desta espada;
Depois que despediste, a vida trouxe nada.
Nem chuva que refresque e nem a mansa brisa...

A vida se resume em aflição e penas.
As noites nunca mais serão calmas, serenas.
Por que feriste assim, quem tanto amou, Marisa?

Marina: Oriunda do mar

Marina: Oriunda do mar


Tão distante do mar, meu pensamento voa...
Onde encontrar, meu Deus; um raio de esperança?
Olhando pr’o horizonte a vista não alcança,
Minha alma dolorida, é certo, não perdoa...

No trono desta deusa, um cetro sem coroa;
O marulho inda escuto, esparso, na lembrança.
A vida vai passando, o tempo sempre avança.
Um grito alucinado ao longe inda se ecoa.

Onde está t’a beleza? Espero a formosura
Do olhar que me deixou, em noite mais escura.
A dor é penetrante e me lateja, fina.

O meu mar se revolta em procelas terríveis.
A minha vida perco, em dores invencíveis.
Ungüento que mitiga? Encontra-se em Marina!

Marilene

Marilene: Aglutinação de Maria e Helena

Quem dera se eu pudesse encontrar a ventura
Que a toda gente traz plena consolação.
Que traz a mansa luz e esconde escuridão.
Transforma a dura pena em fonte de ternura.

Acalma o violento e o enche de brandura.
Sossega a tempestade, acalma o furacão.
Eleva-nos ao monte e nos traz amplidão.
A quem sofre: esperança, aos doentes, a cura!

Quem dera se eu tivesse esse dom, meu encanto.
A dor que, hoje, maltrata; ah! Não doía tanto...
Felicidade, então, seria um bem perene.

Para sempre alegria, amor pleno de glória.
Nem um traço de dor, já morta, sem memória
Quem dera se eu tivesse amor de Marilene!

Mariana: Aglutinação de Maria e Ana

Mariana: Aglutinação de Maria e Ana

Buscava meu caminho em senda quase escura,
Os rios, bela fonte, em doce melodia.
O rumo desta estrada, incerto, eu não sabia.
Só sei que caminhava, a trilha tão bela e dura.

Na fonte cristalina, o frescor d’água pura,
Entretanto estranhava, estava sempre fria.
Por mais forte esse sol, mais e mais se resfria.
Na senda maviosa, estranha criatura.

O meu olhar, curioso, embalde se detinha;
A senda que segui, decerto não é minha!
Um olho mais atento observa e não se engana...

O meu caminho é leve, as fontes são risonhas...
Não tem nenhuma dor, não tem águas medonhas.
Mas, logo que acordei, o adeus de Mariana...

Maria

Maria: Rebelde, soberana

Neste verso que faço, amor é dor tirana.
É canto que se perde, em busca da nobreza.
É vento e refrigera, abraça-se à tristeza.
Matéria que tortura; é santa e é profana.

É vida em que me perco, é noite que se dana;
É duvida cruel envolta em tal certeza,
É força que agiganta, amansa a natureza.
É confusão gentil, engana e desengana...

Amor tempestuoso, um rei mais soberano.
Não me permite rumo, inverso em cada plano.
Tormenta em profusão, é lua em pleno dia.

Um labirinto louco, enigma e solução.
Ao mesmo tempo mata e traz a salvação.
Rebelde e soberano, amor lembra Maria!

Margarida

Margarida: Pérola

A natureza traz fantásticas lições.
Por isso nunca perca o brilho de esperança.
Por mais que esteja escuro,a manhã logo alcança
A calmaria vem depois de furacões.

A boca que te beija espalha as ilusões.
Na mais incrível guerra uma antiga aliança.
O homem mais sisudo, um dia foi criança.
Amor mal se distrai, espera por perdões.

Nos mares, a pobre ostra, em dor descomunal;
Ferida pela areia, em louco ritual;
Gerando tal beleza, o dom maior da vida.

Transmuda o grão de areia em pérola sublime.
Do escuro desta vida, a luz que me ilumine.
Assim é nosso amor, pérola, Margarida!

Márcia: Uma referência a Marte, marcial, guerreira

Márcia: Uma referência a Marte, marcial, guerreira



A solidão cruel, é tudo o que receio.
Não quero pr’esse amor, noites negras, escuras.
Não quero a caminhada em estradas mais duras.
Na salvação da lua, amor brilhante, creio.

Viver manso calor deitado no teu seio.
O gozo desta vida, eu sei que me asseguras,
O nosso amor foi feito em torno destas juras.
É doce compaixão, o fim, início e meio...

Amor que sempre brilha em noite enluarada
Vereda que prossegue em doce madrugada,
Nos campos do meu sonho; aurora bela, traz...

Não trago mais a mão disposta, fosse garra,
Amor nos trouxe o laço em leve e frouxa amarra.
Márcia, na mão macia, a promessa de paz!

MarcelaUma referência a Marte, o deus romano da guerra

MarcelaUma referência a Marte, o deus romano da guerra


A guerra traz a morte, a vida se esvai, breve.
Amor, talvez, prometa, a proteção do escudo.
Quem ama nunca pensa, a morte o deixa mudo.
Um arco doloroso, a vida então descreve...

Quem sabe desta sorte, em guerras não se atreve.
Fugindo da batalha, esconde-se de tudo.
Assim se deu comigo, eu sempre não me iludo.
Um peito enamorado, em paz fica mais leve...

Não me deixo levar pela vontade insana
Que tantas vezes dá de guerra leviana;
Sustento-me em teu braço, a vida fica bela!

Não quero essa navalha, espero doce estima,
Por não viver batalha, a nossa vida prima.
Marcela, em nosso amor, a paz sempre se sela!

Mara

Mara: Amargo, amargosa


A vida tão amarga em sangue já me pinta,
Trazendo em sua senda o gosto do perigo.
Passei a vida inteira esperando um abrigo,
No sangue em minha veia, escassa e pouca tinta.

A chama desse amor, há muito está extinta;
Procuro por carinho, embalde, não consigo.
Embora dura a sina, aos trancos vou, prossigo...
Só peço: amarga vida, iluda mas não minta...

A noite desdenhosa, ardendo em fogo brando,
No pesadelo amaro, a vida vai passando.
Amor, eu desconfio, uma jóia bem rara...

Quem dera, nessa guerra, um resto de vitória,
Seria, p’ra quem luta, a mais imensa glória.
Distante disso tudo, amarga, espreita Mara...

Manoela: Deus está conosco

Manoela: Deus está conosco


Dona do claro olhar, por ti estou chorando...
Em toda vida tive o sonho, a fantasia;
De ver aqui do lado, um brilho qual o dia.
Pergunto-me em silêncio : sonharei até quando?

Depressa foste embora, a vida foi passando;
Ao mesmo tempo fui, porquanto já sabia
Que nunca mais aqui, teu brilho encontraria.
Serei feliz? Jamais! A vida se escoando...

O brilho deste olhar não sai do pensamento,
Relembro deste azul em cada vão momento.
A noite dolorida, em sonhos, me revela

O canto da esperança está pleno de enganos.
Jamais hei de encontrar, depois de tantos anos,
Beleza sem igual, olhar de Manoela!

Magali: Pérola, corresponde a margarida

Magali: Pérola, corresponde a margarida

Vencida a minha angústia, aguardo a claridade.
Ferido pelo beijo, eu vivo uma mudança;
Qual velho eremita, em plena castidade,
O beijo que me deste, é pleno de esperança!

Machuca enquanto cura, esmera-se em saudade;
Embora benfazejo, esconde uma vingança.
A boca mira o alvo, amor é sua lança.
Beijo ressuscitou amarga e má lembrança!

Por que fizeste assim, reviveste o tirano
Adormecido em mim durante mais de um ano.
Guardo no coração, as dores que vivi...

Dentro do meu peito, a fina, atroz areia.
Espalha um novo canto, encanto de sereia.
Qual ostra, então pari pérola:Magali!

madalena

Madalena: Magnífica, do hebraico cidade de torres, cabelos penteados

O homem guarda a fera, em sua vida cresce;
Na mão que me maltrata, a dura tirania.
Na luz que sempre nega, a fera já rugia.
A mesma mão que bate, a outra me oferece!

A boca que pragueja, esquece-se na prece.
Palavra que consola, a mesma que injuria.
A morte deste amor, é sua fantasia!
O canto que me ofende, a ti ele apetece.

O gosto da derrota; emolduras em glória,
A queda que me corta; em ti, vira vitória.
Depois de tanta dor, a ponte de safena.

Não mais estás aqui, fingiste ser mais nobre.
A vida traça um plano, espero que te cobre.
E quanto a mim, irei na luz de Madalena!

Luzia: Guerreira gloriosa

Luzia: Guerreira gloriosa

A Musa, traiçoeira, escolhe como e quando
Surgir em minha vida. O vento já trazia,
Ao mesmo tempo, vai. Nenhuma poesia!
E toda a fantasia, esvai-se como em bando.

Mas antes que esta Musa espalhe-se, voando;
Espero que consiga um pouco de alegria:
Fazer um verso manso a quem se prometia.
A vida se transcorre e o dia vai passando...

Pois bem querida amiga; o verso? Vou tentar!
Não sei se falo em sol, do mar ou do luar.
Mas te prometo um canto, a Musa anda invisível...

Luzia é gloriosa, guerreira sem igual,
No amor me trouxe rosa. Na vida, carnaval.
Desculpe-me, querida. Sem Musa, é impossível!

LUISA

Luisa – guerreira gloriosa


Minha alma repartida, aparta-se de mim...
Do meu corpo se solta em busca de paragem.
Num vôo delirante, inicia a viagem.
Mal sabe seu começo, espera tenha um fim.

Na boca de Luisa, um vivo carmesim;
A promessa de paz passou a ser miragem.
Minha alma, transtornada; em plena decolagem
Pressente, nesta boca, um promissor jardim.

Nas mãos desta guerreira a santa piedade,
Promessa de viver, enfim, felicidade.
Minha alma já se encontra em manso vôo, em brisa...

Na glória deste amor, a vida esplendorosa.
Na trilha da guerreira, a lua gloriosa...
Minha alma, adormecida, em pleno amor, Luisa!

Ludmila

Ludmila: Amada do povo


Na morte e no amor, a vida me maltrata.
No beijo que me deste, escondes a vil fera.
Ocultas em teu rosto, a face da quimera.
Amor promete a calma, a dor vem e desata.

Embarco todo o sonho, aguardo uma fragata;
A morte traiçoeira, está na espreita, austera.
Mas, ser feliz um dia, amado; quem me dera!
A vida se demonstra eternamente ingrata!

Minha alma em reboliço aguarda a calmaria;
A trilha do desejo, esvai-se em fantasia.
A dor, contrariedade, esboça-se de novo.

O tempo me comprova; a fortuna me trai.
Minha esperança é livre alça vôo e se vai.
Lembrança de Ludmila, amada do meu povo!

Lucília

Lucilia: Luz, iluminação

Escrito na minha alma, amor mais verdadeiro;
Trazendo, no seu lume, em claridade, o dia...
No calor deste afago, a dor se derretia.
No mar de calmaria, escorre qual veleiro.

Amor, um lago calmo, embora traiçoeiro.
É vale mais florido, e pleno em poesia.
A fonte da esperança, alma em rebeldia.
Amor, em cada parte, universo inteiro...

No verde esmeraldino, a cor dessa esperança,
Acalentando ao velho, acorda uma criança.
Amor brandura e dor; amansa e depois trama.

Ao manso traz loucura, acalma em destempero.
Do amargo desta vida, amor é um tempero.
Mas, na luz de Lucília: amor, serena chama...

Qual triste borboleta vou a esmo,

Qual triste borboleta vou a esmo,
Nas gotas deste orvalho, sem paragem...
Amor que nunca mais será o mesmo,
Descansa, doce bálsamo, viagem...

Nas promessas divinas, me quaresmo,
Não quero nem permito estar à margem.
Por vezes, tão calado, me ensimesmo
É medo de trocar, nova roupagem...

Crisálida que dorme não se esquece,
A dor deste fantasma me persegue.
Não basta a conversão sequer a prece.

A mansa borboleta nunca nega,
Por mais que tantos mares eu navegue,
Como é pesado o fardo que carrega...

Perceba nosso céu tão constelado,

Perceba nosso céu tão constelado,
Perceba nosso amor, mansa cascata.
Perceba a nua lua, mar de prata.
Perceba todo o mundo iluminado!

Perceba como Deus apaixonado,
Nos trouxe a maravilha desta mata.
Perceba que a pupila se dilata
Na troca deste olhar enamorado...

Perceba refletir fosforescente
Nas águas teu olhar tão reluzente,
Estão plenas de lumes, de ardentias.

A lua se repete, tantas fases,
Perceba como amor repete frases,
A vida se repete em alegrias!

Os límpidos luares reticentes

Os límpidos luares reticentes
Em busca da total prosperidade
Lunáticos desejos dos dementes,
Vislumbram com grandeza e claridade.

Lua, minha comparsa, seus poentes
Repetem velhos ritos da saudade.
Meus olhos pobrezinhos penitentes,
Perderam, nos seus raios, mocidade...

Rainha das esferas siderais,
Tortura enamorados com desejos...
Te ergueram seus altares colossais...

Dilúvio dos amores, senhorita.
Testemunha sutil de tantos beijos.
Ao ver-te assim, nublada, uma desdita...

Meu verso é tão romântica quimera,

Meu verso é tão romântica quimera,
É dor que não consigo mais calar.
É templo da saudade, morte e fera,
É luz que sempre roubo do luar.

A cada novo canto a dor se esmera
Transborda no horizonte, seca o mar.
Meu verso de saudade reverbera
Supremo sentimento, louco amar!

Meu verso é tentativa de emoção.
É pélago que busco em alarido.
Mergulho totalmente da amplidão.

Espero um leonino manso afago...
É verso apaixonado de um vencido.
É resto deste copo, nenhum trago...

Nas margens desta estrada verdes ramos

Nas margens desta estrada verdes ramos
Das plantas arenosas e espinhentas
Recordam tantos sonhos que aparamos
Em meio a tempestades violentas...

Por vezes, as palavras virulentas
Com as quais sem pensar, nos torturamos,
A nos destruir formas mansas, lentas...
À margem desta estrada, não paramos...

As urzes esquecidas nos caminhos,
No corte tão profundo dos espinhos
Morrendo o nosso caso, devagar...

Ao ver as margens desta triste estrada,
Percebo na clareza de um luar
Por que entre nós dois nunca restou nada!

A vida me permite tal grandeza

A vida me permite tal grandeza
Nos atos onde busco majestade?
Quem dera conhecer felicidade,
Poder dispor enfim de tal riqueza!

Voando por teus braços na leveza
Da pluma que traduz imensidade.
Oscilo tantas vezes, na saudade,
Como medo da cruel fatalidade...

Meus olhos pobrezinhos, rasos d’água
Lotados, carregando tanta mágoa,
Buscando a claridade... Foi embora...

Me lembro de momentos mais felizes,
A vida se desfez, tantos deslizes...
A noite me promete nova aurora?

A luz da rutilante e bela aurora

A luz da rutilante e bela aurora
Transforma todo o dia em um mistério.
O brilho que depois se revigora
Promessa de esperanças lá d’etéreo.

Esplêndida manhã surge sonora
Por sobre todo o mundo, vasto império;
Toda a natura vibra mundo afora
Aurora radiante, sem critério...

As bênçãos divinais não discriminam,
A todos os humanos traz a luz.
Aos pobres e aos ricos iluminam.

Aos loucos namorados, aos dementes,
Aos que carregam mortos, pesa a cruz,
Aos sátiros profanos, aos descrentes!

Nas amplidões fantástica sereia

Nas amplidões fantástica sereia
Recende todo o brilho sideral.
O canto que desfila forma areia;
Areia que penetra neste astral!

Na chama delicada que incendeia,
Esboça tanta forma colossal.
Embevecido deus nunca refreia
Os sonhos da sereia marginal.

Da cósmica poeira constelar,
Escultora sutil faz os planetas.
Netuno, tão vaidoso, vê do mar

As mãos habilidosas. Maravilha!
Embarca sutilmente nos cometas,
Persegue a bela artista e sua trilha!

Não poderei ouvir o canto desta mata,

Não poderei ouvir o canto desta mata,
Nos frutos que preparo, as mãos da deusa Flora.
Nas hastes desta flor, no véu desta cascata,
A mãe natura em vão, ao homem tanto implora.

A lua traz decerto o brilho desta prata.
Percebo essa promessa, a natureza chora.
Quem ama não destrói, namora em serenata.
Quem sabe não discute agora, faz a hora.

Vestígios de queimada, anseios de vingança.
A fonte da vitória afoga essa esperança.
O mote que me deste enfeito nesta trova.

A mão que te tortura, um peso amargo e triste
O fogo te devora e mais tudo que existe.
Um homem não repara e cava a própria cova!

Estrela tão distante, espero tua vinda...

Estrela tão distante, espero tua vinda...
Recebo um tíbio raio, aviso de chegada.
Na noite do meu sonho, é muito cedo ainda.
O resto da promessa aguarda a madrugada.

Vida de minha vida, a noite não se finda
Enquanto não chegar o fim desta jornada.
Espero toda noite, estrela jovem, linda.
Nas guias desta estrela os brilhos de uma fada!

Estrela graciosa, em vão tanto te quis..
Na graça do teu corpo, os mapas da esperança.
No iluminar deste astro, aguardo ser feliz.

Vazante deste rio, as águas em cascata.
O canto desta espera, a noite em serenata.
Ao som de tal folia, a natureza dança!

No teu olhar aberto a sina dos poetas...

No teu olhar aberto a sina dos poetas...
O mar que procurava aguarda um horizonte.
A vida representa as curvas e as retas,
Mergulho todo o medo em cima desta ponte.

A minha sina trouxe esmeros destas setas,
Matar a minha sede em toda pura fonte.
As curvas que já fiz são todas incompletas
A sorte em minha vida, espreita-se defronte.

Na tela que hoje traço as cores são disformes.
Procuro por teu rastro, aguardo uma saída.
Desejos de viver, por certo são enormes!

Não quero tanto brilho, ofusca meu olhar,
Eu quero solução que salve minha vida.
Eu quero simplesmente a certeza de amar!

Minha terra distante do teu mar

Minha terra distante do teu mar
Nos montes e nas veias, puro ferro.
A lua nunca deixa seu luar
Saudade no meu peito, sempre encerro...

Guardei a fantasia do lugar
Bem perto donde a lua mostra o cerro
Nas noites que começo a namorar.
Cantoria do gado, nesse berro...

Ouvindo as serenatas que não fiz,
Dormindo sob estrelas e poemas...
A noite sempre encontra-me feliz.

Nas cordas deste pinho, um desafio,
Saudades que deixei, velhos cinemas,
O canto da araponga: não! Me diz...