sexta-feira, junho 16, 2006

À Juventude...

Na eternidade desse momento, onde invento novo tempo que não sei se habitarei. Nos versos vermelhos verdadeiros, verdes, verifico as vertentes que tentam minha alma, a calma que não acalma nem conclama.
A chama que esfumaça, me embaça e embaraça no abraço onde tento e me contento, conter todo o universo.
Vou de banda, vou inverso, contra tempo, contra peso sem contra ataque.
Sou perdido estou perdão.
Tento o ido, encontro o vão.
Vou vago, cego sigo, gago engulo a gula e me engano.
Tenho traquejo pra sofrimento, queijo podre, invejo o coldre e o revólver.
Revolver cada momento, onde minto e me omito; portanto consinto.
E sinto o amargo gosto torpe. Fui facínora quando ignorava o aval de cada vala aberta e infecta.
Fui cruel, tendo o céu e o senão, tendo o sim e o talvez. Minha vez de ter voz foi passado. Ultra passado, ultrapassando todos os meus passos, passeios em seios e belas pernas. Apenas as penas de tantas santas e putas.
Prostrado no estrado dessa cama, que chama e inflama, queima e mata.
Calado nesse mesmo tormento, meu manto e meu mento, mormaço e aço, sofreguidão.
No guidão dessa engrenagem que caio e caiado fico, calado sigo, submisso.
Amei-te, liberdade, foste minha cidade e meu mundo. Hoje imundo, inundado e abismado, sinto o absinto que pressinto e necessito.
No abuso do uso confuso de cafuso beijo. No desejo desta pele, que me compele e me repele.
No sentido levrógeno, no medo do amor, na gênese do átomo, no hiato no iate, na parte que nunca me coube, onde soube que estarias.
Nas estrias da alma malsã, nas colinas distantes as mesmas salinas de antes, as mesmas lágrimas salgadas, as algas, as águas, o nada...
Tua boca, rouca voz. Tua louca, franca mente. Aérea, etérea, venerada e venérea.
Mercúrio sem alas, Atena sem nexo, Vênus sem sexo, complexos amores...
Querida, a ferida fertiliza os sonhos. Meus medos são medonhos, teus olhos, meus guias. Maravilhas e partos. Compotas e portas abertas, as mesmas a esmo, o sentido sem tino, sem tato, sem tanto, entretanto sobrevivo.
Meus filhos perdidos nos trilhos da vida. A mão delicada da mãe que, distante. O instante somente onde tudo cometo, onde nada prometo, me meto no espaço.
Professo esperança, dança e circulo vago.
Círculos vagos ao âmago amargo e amigo, onde prossigo, sem nada mais pra lutar.
Trago a morte e a sorte amarradas, atadas e nada me faz descansar.
Quero o inverno da vida, quem sabe verá primavera. Primeira e única verdade. A vera cruz, a luz de Vera, verão os meus olhos...
Deveras deverá o verão solar, o sol o ar, o solar onde moravas, amada primária, primeira e eterna. É terna a mão, armas mansas, nos remansos onde dançavas nua.
Amada juventude, onde, qual a amplitude de tudo o que trazias e, hoje não trazes. As fases da lua, tantas vezes vistas, as luzes e frases, as visitas ao amanhã, prometidas e esquecidas, ocultadas pelos fios prateados e raros, de meus ralos cabelos. Novelos onde se perderam os veios de onde veio e vieram os meus dias de luz. Lucidez chegou e com ela a morte.
A sorte está lançada na lança armada do tempo. Veneno e alimento.
Amada juventude, onde estás, que há de... Tende piedade, de mim...

Frorianópolis

Ele estava tranqüilo, o serviço fora muito bem feito.
Serviço profissional, desde o roubo do carro até as falsificações dos documentos. Não era a primeira vez que passava por isso, afinal, vivia disso.
O comprador do carro já esperava, especialista em recepção. Dali ao Paraguai era um pulo. Passar a fronteira, moleza...
Já contava com o dinheiro no bolso, grana alta. O carro importado tinha venda certa.
Recordava do começo de sua vida, os pequenos furtos, os pequenos golpes...
Olhava para os lados e se sentia imbatível. Era fera, cobra criada...
Passara por duas guaritas da Polícia Federal, sem nenhum incômodo.
Atravessar a fronteira entre Santa Catarina e Paraná foi moleza.
Agora era ir até Foz, atravessar a fronteira e serviço terminado.
Mais um dia, mais um carro; rotina...
Mas um carrão daquele valia um passeio, afinal o tanque estava cheio e deu vontade de visitar a tia que morava em Maringá.
Aquela sua priminha era deliciosa. Lourinha dos olhos esverdeados, verdes da cor do carrão.
Ainda podia tirar uma onda com os parentes. O menino pobre ficou rico!
E poderia zoar o primo babaca, professorzinho de merda, metido a inteligente; trabalhando o dia todo para ganhar aquele salariozinho...
Estrada bonita, um friozinho maravilhosamente agradável, poder aquecer-se nos braços da prima...
A fome estava começando a incomodar. Sabia daquele restaurante na beira da estrada, comida caseira, suculenta...
Parou, estacionando o carrão bem na porta do restaurante, orgulhoso do belo automóvel.
Chegou cantando marra : “Me dá o que você tem de melhor, o melhor vinho, a melhor mesa, o melhor melhor...”
Comendo tranquilamente, degustando aquele vinho importado, chileno, fantástico.
Era feliz e sabia, muito feliz...
Porém, de repente, sentiu uma mão sobre o ombro.
Quando ia se virar para tirar satisfação com aquele estranho, um susto.
O que estava fazendo esse cara fardado aqui?
“O que deseja meu senhor?”
A voz de prisão o assustou. Preso por quê?
“Roubo de carro...”
Como? Roubo de carro? Meus documentos e os do carro estão aqui, e estão em dia...
Piorou mais ainda a situação.
O carro era de “FRORIANÓPOLIS”.
E daí? Capital de Santa Catarina, ora bolas!
Depois, em cana, ao chamar um advogado, é que percebera a lambança.
Naquele momento, ficou morrendo de inveja do primo professor.
Pela primeira vez na vida começou a perceber o quanto a educação faz falta...

E agora José...

Lista de Furnas é autêntica, diz PF
De Rubens Valente na Folha de S. Paulo, hoje:

"A Polícia Federal confirmou ontem a autenticidade da chamada "lista de Furnas", documento de cinco páginas que registra supostas contribuições de campanha, num esquema de caixa dois, a 156 políticos durante a disputa eleitoral de 2002. No total, eles teriam recebido R$ 40 milhões.
Segundo a assessoria da direção geral da PF, em Brasília, perícia do INC (Instituto Nacional de Criminalística) concluiu que a lista não foi montada e que é autêntica a assinatura que aparece no documento, de Dimas Toledo, ex-diretor de engenharia de Furnas, empresa estatal de energia elétrica.

A PF informou, contudo, que não tem como atestar a veracidade do conteúdo da lista. Os papéis citam empresas que teriam colaborado para um caixa dois administrado por Dimas Toledo."


E José, a festa acabou...
Com a comprovação de que esta Lista é autêntica, temos duas opções:
Ou Dimas Toledo é louco, totalmente imbecil, canalha ao ponto de colocar seu filho entre os que receberam DINHEIRO PÚBLICO DE ESTATAL; ou tudo isso é verdade e canalhas são todos os envolvidos.agora
Como creio na sanidade mental do mesmo, a segunda hipótese me parece ser a mais crível.
O envolvimento de Geraldo neste caso, assim como o de Serra dão a dimensão da gravidade deste fato.
Os ataques desvairados do PFL e do PSDB à candidatura popular são evidências do desespero do tucano pego com o rabo de fora, o bico serve para disfarçar o evidente delito.
Muito sintomático isso tudo.
É hora de se fazer coro ao que dita a sociedade brasileira, PUNIÇÃO PARA TODOS OS ENVOLVIDOS EM ATOS DE CORRUPÇAO COM DINHEIRO PÚBLICO, OU SEJA, TODOS AQUELES QUE MAMARAM DINHEIRO DE FURNAS PARA UTILIZAREM EM CAMPANHA POLÍTICA, A COMEÇAR PELO GERALDO ALCKMIN E PELO SERRA.
INEGELIBILIDADE JÁ E CADEIA PARA ESSA CORJA.
É O QUE EXIGE O NOSSO POVO!
O crime cometido com o dinheiro público não pode passar impune.