sábado, junho 10, 2006

ROTINA E DESESPERANÇA

Aquele dia não seria diferente dos outros, a vida vai em ondas como o mar. Vai e volta, ondula e, embora não se repita, sempre retorna para o local de onde veio. Da terra, da água, dos elementos todos, continente e conteúdo.
A mão cansada de tantas escritas, de tantas labutas, da força bruta e da esperança curta.
Capaz de fazer sol ou talvez de chover.
Chuva na alma é lágrima na certa. Mas é bom que limpa os olhos para poder ver melhor o novo dia.
Fantasias e ilusões se despedem da realidade, mas logo essa vem e desabam-se todos os castelos. A areia volta a ficar disforme e repete-se o mecanismo intrincado que leva do nada ao nada.
Dia comum, homem comum, com um sonho comum, como um outro qualquer.
Qual quer que seja a causa, os percalços cansam os pés descalços e machucam. Resultado: calçar de novo a bota. Embotam os pensamentos, mas nada mudaria.
Nada mudará.
A rotina que a retina absorve, conserva viva toda espreita, toda espera, mas nada.
Mais nada poderia transtornar mais do que a ausência. Nem a presença.
Ele agora tinha certeza de que ela fora embora. Embora a cama desfeita denunciasse a companhia.
Entre saudade e alívio, a opção era dupla, ou tripla, tripas expostas do relacionamento que se partira, extirpado, estripado, expulso de maneira comum, portanto sórdida.
Sabia que ela não o amava mais. Nem ele, tampouco. Nem a ela e nem a ele mesmo. A mesmice, mumificara o que ficara dos murmúrios de amor.
A meia idade, a meia luz, a meia vida, a meia esperança, as meias soltas ao lado da cama. Meio de vida de pobre, classe média, média com pão e manteiga. Vida pingada como o pingado do boteco, no teco-teco que nunca decola.
De cola firme, colada ao peito, calada no peito, na calada da noite.
O te quero nem mais nem tento, invento, no mesmo intento.
Preferia o tento a contento no mesmo canto sem encanto, desencanto.
Destilando o destino, ir embora.
Mas nada adiantaria, ele bem sabia que nada adiantaria.
O porto aberto, meia garrafa, o porto distante, a porta escancarada, aportando e portando a mesma sensação.
O vazio, o vão, o chão da casa, e o não repetido.
Vestiu a camisa, a brisa esfria e provoca a tosse. Nas troças da vida, as trocas e traças, estraçalhando os traços pretensos.
Na parede, um olhar sem sentido, o mesmo olhar perdido, denunciava que, realmente, aquela vida não seria diferente das outras, quanto mais o dia...

AMA SECA

Nunca gostei de cães, nunca. Sempre tive certa ojeriza a esses animais barulhentos, com suas manias absurdas, como arranhar a casa toda, sujar todos os ambientes, essas coisas...
Todos os cachorrinhos do mundo, em contrapartida, eram adotados por minha irmã, Andréa Cristina.
Deveria se chamar Francisca, tal a mania de trazer filhotes de animais para casa.
Lembro-me de pelo menos uns dez cães e outros tantos gatos. À noite, durante um belo par de noites, ninguém conseguia dormir direito com a sinfonia dos filhotes .
Andréa era cuidadosa e isso fazia com que a maioria sobrevivesse aos primeiros dias, crescendo amamentados pelas mãos carinhosas e meigas de Andréa.
Mãos cristinas, verdadeiramente cristinas.
Porém, depois de alguns dias, quando já estavam aptos à sobrevivência, misteriosamente desapareciam.
As “fugas” noturnas só nos foram esclarecidas depois de muito tempo, quando meu pai confessou ser o misterioso alforriador dos bichinhos.
Mas um dia, em Mirai, quando estávamos visitando nossa amada avó, fato que se repetia nas férias escolares ou nos feriados prolongados, Andréa abusou.
Àquela época, lá pelo final dos anos sessenta, ainda não havia essa conscientização com relação aos animais silvestres, portanto o estilingue ou atiradeira, era um dos brinquedos mais usados pelas crianças, além da espingarda de chumbinho.
Os ovos e pintinhos da casa da minha avó estavam desaparecendo, deixando marcas indeléveis da presença de algum “nefasto” visitante noturno.
O diagnóstico foi firmado e confirmado – Gambá.
Para quem não sabe, esse bichinho, além do hábito de comer ovo e pequenos pintinhos e frangos, tem a incontrolável obsessão por cachaça.
Gosta e gosta muito, bebe até cair e, depois disso, ali fica, rindo e satisfeito.
Feito isso, é só dar uma paulada na cabeça e a ninhada agradece.
Um belo dia, após terem sido executadas, com êxito absoluto, as táticas de guerra, meu tio anunciou a morte do fedorento animal.
Passados alguns instantes, eis que surge a minha irmã com uns cinco ou seis pequenos animais rosados nas mãos.
Não era gambá, era gamboa. E estava com uma ninhada dentro da bolsa.
O marsupial deixa o filhote na bolsa até completar o crescimento desses.
E, por sorte dos filhotinhos, isso estava para acontecer a qualquer momento quando houve a execução.
Pois bem, a franciscana Andréa, para assombro de todos e repugnância de alguns, menos do meu pai, resolveu adotar os bichinhos.
Esses cresceram e, desta vez, sem ajuda do abolicionista Marcos Coutinho Loures, deram vazão a seus instintos selvagem e fugiram, deixando minha irmã extremamente tristonha.
Ama-seca de gambá, primeira e última de que tenho notícia.

MENOSPREZO E TRAIÇÃO

O dia estava lindo, um sol maravilhoso num céu de brigadeiro.
O rio convidava a nadar e, como sempre fazia desde menina, ela resolveu ir até a prainha que se formava numa curva do rio, em sua fazenda.
Colocou seu biquíni e foi, aproveitando as férias escolares que se iniciavam naquele dezembro abrasador.
Sabia que, naquela hora, os meeiros e campeiros estavam trabalhando e, filha de coronel, ninguém ousaria perturbar o seu banho de sol.
Bastava uma palavra para que o pai resolvesse o problema do bisbilhoteiro.
Deliciosamente deitada, com aquela preguiça salutar e reconfortante, olhava a esmo, como que namorando a interminável corrente que trazia e levava as águas do rio, nesse suave escoar...
Lembrara-se de seu aniversário, maioridade atingida, agora era dona do nariz.
Aliás, sempre fora. Amazona aos doze anos, cavalgava maravilhosamente bem, com os lindos cabelos louros soltos, montada a pelo sobre o seu cavalo manga-larga. Bela cena que a memória do vilarejo fez questão de registrar no único foto da vila.
Dezoito anos, faculdade próxima, ano que vem vestibular. Medicina era o sonho, poderia fazer, o pai garantiria tudo.
Vida boa, liberdade.
Quando, ao longe, na estradinha de lavoura que cortava o morro mais próximo, sentiu um movimento estranho no bambuzal.
Reparando bem, percebeu que o movimento se repetira algumas vezes.
Pegou o binóculo e, para sua surpresa, reparara nos vultos de uns meninos, adolescentes e quase crianças lá no alto.
Pensou logo que estavam observando-a, presa da curiosidade e da sensualidade que aflora na adolescência.
Isso era o cúmulo. Ia dar o flagra nos meninos e entregá-los ao pai e que se danassem estes pestinhas.
Silenciosamente, se levantou e como se fora nadar, mergulhou no rio.
Exímia nadadora, sabia como fazer para surpreender os moleques.
Após ter nadado uns cem metros e sumido do campo visual dos meninos, voltou à margem e, subindo célere o morro, se preparava para repreender os safados.
Qual o quê, para sua surpresa não era nada do que imaginava.
Parada, quieta submissa, uma mulinha estava na estradinha.
Passiva, recebia os “carinhos” de um moleque de mais ou menos treze anos.
E, depois dele, uma fila se formara.
Cada um aguardando a sua vez...
Ao ver tal cena, sua ira redobrou e, tomando um pedaço de pau na mão, começou a espancar a esmo, todos os meninos, aleatoriamente.
Pior do que ser observada e desejada pelo bando dos moleques, era isso.
Quando viu os meninos desejando a mulinha, sentiu um enorme vazio no peito e uma terrível sensação de menosprezo e de traição!

PICOLÉ E PÉ FRIO

CASCAVEL - O pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, Geraldo Alckmin, passou por um grande susto na madrugada deste sábado, no final do "Entrevista Coletiva", programa da TV Tarobá, em Cascavel. O motivo foi um incêndio num estúdio próximo onde ele estava, a transmissão foi interrompida antes do final. Ninguém ficou ferido, apesar do tumulto.
O incêndio começou no estúdio 21 e não atingiu as dependências onde Alckmin estava. A causa ainda não foi apurada. A energia foi cortada e houve um corre-corre das pessoas que queriam deixar rapidamente o prédio da televisão.
O pré-candidato saiu e foi levado para o aeroporto, partindo para São Paulo por volta da 1 hora da madrugada. O retorno já estava marcado antecipadamente para esse horário.
O único pedido que se ouvia no meio da confusão era o de calma. Mas todos que estavam no estúdio queriam sair o mais rápido possível. Caminhões do Corpo de Bombeiros foram chamados e o incêndio controlado depois que Alckmin já tinha ido embora.


Quando as coisas não dão certo, tudo parece contribuir para isso.
Logo agora que o candidato tucano disse que precisaria colocar lenha na fogueira para tentar incendiar a eleição, acontece isso.
Alckmin, depois de ter sido barrado no forró, agora incendeia literalmente os estúdios de um canal de televisão.
E olha que seu apelido é picolé de chuchu, algo bastante gélido para ter efeito tão devastador.
Além do que, pelo desenrolar dos últimos acontecimentos, já se espalha sua fama de pé-frio.
Imaginando a cena, tento transcrever para o papel, embora saiba o quanto que isso é difícil. Vamos a ela:
Repórter – Estamos aqui, direto de Cascavel com o candidato à Presidência da Republica, senhor Geraldo Alckmin. E aí Dr. Geraldo, o Sr. acha que as Copa do Mundo pode esfriar um pouco o calor da disputa eleitoral?
Candidato – Caros telespectadores acredito que se o Brasil não for campeão, a culpa deve ser investigada e, garanto que o fato do Presidente Cínico ter chamado o Ronaldo de gordo, pode ter um aspecto bastante negativo, podendo gerar uma insatisfação no elenco, o que pode causar a perda do Hexa, e isso será por culpa do Lula.
Repórter – O que o senhor achou da invasão do MLST ao Congresso?
Candidato – Isso mostra a ineficiência do Governo Federal e o clima de desgoverno criado pela impunidade, a partir do mensalão que demonstra o grau de corrupção desse Governo, o maior da história do Brasil.
Repórter – E sobre o PCC?
Candidato – Não sei do que o senhor está falando. Pergunte isso ao Lembo, afinal ele está lá para isso.
Repórter – É verdade que o senhor foi avisado de que haveria uma revolta e esse massacre do dia das mães?
Candidato – Eu não sei de nada, não vi, não ouvi, não sei de nada!
Repórter – E a respeito do desvio de dinheiro da Nossa Caixa para deputados da base aliada.
Candidato – O quê que eu tenho com isso? Isso é coisa do Palocci.
Repórter – Não, Governador, eu não estou falando da Caixa Econômica não, falo da Nossa Caixa de São Paulo.
Candidato – Ué, eu não sabia que São Paulo tem esse banco não, se desviaram é coisa do Maluf...
Repórter – E as roupas da dona LU?
Candidato – Isso é mentira da oposição! O que eu sei é que apareceram lá em casa uns trapos, que a mulher estava doando para um grupo de costureiras para fazer uma colcha de retalhos. Daí a dizer que eram roupa de costureiro caro, eu não sei. A moda muda a cada dia...
Repórter – E o fato do senhor ter sido barrado no baile?
Essa foi demais, a cabeça inchada, quente, já começando a se exasperar Alckmin responde;
- Me recuso a responder. Eu não tenho culpa do segurança ser analfabeto?
Nessas alturas do campeonato, o repórter anuncia preocupado.
- Não fique tão nervoso, Sr. Geraldo, estou sentindo um cheiro de alguma coisa queimando, e não é cheiro de chuchu cozido não.
Irritado, Alckmin ameaça encerrar a entrevista, quando se ouve o corre corre.
Gente gritando para todos os lados e a fumaça espalhando no estúdio.
Nesse momento, a assessoria do candidato invade a cena e retira-o, mesmo sob os protestos do próprio candidato.
Afinal picolé e pé frio não precisa temer incêndio não. E, afinal, tucano voa, mesmo que não seja nas pesquisas, voa...

DA LUA VERMELHA E DA LUZ ESVERDEADA

Na noite fria, o vento passando pelas gretas da porta, assoviando como a tosse da mãe, dolorosa tosse.

A morte rondando a cidade, à bala e à fome, armas constantes apontadas sobre o morro.

Os irmãos, todos os nove, dormem abraçados e seminus. O cobertor não dá para todos, os menores sofrem mais, descobertos.

A irmã mais velha, barriga grande, esperando mais um para completar a dezena, mas desta vez outra geração será inaugurada.

Nova geração, miséria antiga, fome constante.

A garrafa de cachaça pela metade denuncia que o pai está em casa. Ainda bem.

O pai em casa, coisa rara, é sinal de comida amanhã.

O arroz e o feijão no prato, minguado prato do dia-a-dia, poderia com certeza estar acompanhado de algo mais, quem sabe um naco de carne ou de frango.

Vida dura, durando muito para quem mais teima que vive.

Barriga d’água, cheia das lombrigas de sempre, os cabelos amarelados pela fome, contrastando com as pernas finas, perebentas.

O cheiro podre de vala e de suor, misturados no único cômodo do barraco.

A porta parcialmente trancada, a tramela não adiantava mais.

A polícia, na última vez que viera nada encontrara, mas a porta não resistira.

Os pontapés assustaram, ninguém sabia dizer por que tinha que ser assim.

A mãe tuberculosa, a cada dia ia minguando. Remédio até que tomava, mas a comida pouca; amor de mãe é fogo, das parcas colheres, nada colhia. Alimentar os meninos.

A morte talvez resolvesse os problemas. Mas a luta era diária e o medo maior que tudo. Agora ia ser avó, precocemente envelhecida, os trinta anos batendo na porta. A filha de treze agora era duas.

A magreza dos meninos assustava.

Os meninos, ao revirar o lixo, muitas vezes se saciavam com as podres delícias.

Um dia, o mais velho encontrara um lote de iogurte vencido. Delicioso, coisa de rico.

Como poderia esperar algo, além disso?

Invejara, muitas vezes, os urubus. Esses tinham colheita certa e comida abundante.

Num local onde a morte é lugar comum; fartura de alimento somente para eles.

O rosto dos meninos, sem direção, sem nexo nem sentido, denunciava a luta voraz destes para chegar o dia seguinte, e assim por diante.

Ano passado, quase que o Mariozinho morreu. Não fossem as rezas da vizinha, adeus!

Comida, saúde, escola, essas coisas que todo mundo promete, ilusão.

A fome é cruel, muito cruel. Não se pode falar de fome se não a conhecer.

Não é essa fome de madame querendo emagrecer ou a ocasional, a de um dia, não.

A fome de uma vida, de uma vida após outra vida, nessa semi-morte que arrasta a todos para o lixão.

Outro dia, sem que ninguém soubesse por que, o dono do morro pediu a casa “emprestada” para esconder uns camaradas que vieram de outra favela. Fazer o quê?

Levaram o rádio de pilha e a televisão, últimos contatos com a vida no asfalto.

É difícil essa vida entre o bem e o mal, entre a polícia que quebra a porta e o traficante que leva a televisão.

Fazer o quê?

Voltar para Minas, uma boa idéia, mas cadê Minas?

A fome na roça também era terrível. Aqui pelo menos tem o lixão. A comida é mais farta, embora rala.

Sua mãe tivera quinze, sobraram quatro. Dos quatro era a mais velha.

Pelo que soube dos outros três, um estava preso, a menina caiu na vida e o outro enlouquecera, o sortudo.

A mãe morreu ano passado. Da velhice que carrega aos 50 depois de ter morado mais de 20 nas costas do cidadão.

Marido bom até que era, batia pouco, bebia muito.

De vez em quando sumia. Falam que tem outra, a velhice precoce a tornara feia.

A outra deveria ter a carne ainda dura, os peitos mais rijos e os dentes na boca.

Além de tudo, não devia estar tísica. Danada dessa tosse, dessa febre, o sangue espalhara no colchão tantas vezes que colorira de vermelho o amarelado do mijo das crianças.

Emagrecendo e se esvaindo, o frio daquela noite estava de lascar.

A tosse de Joãozinho estava denunciando que a tísica estava criando raízes no barracão.

Levar para o médico, marcar ficha, mês que vem se ainda estiver vivo ou se não tiver curado.

Curado?! Doce ilusão, mais fácil ter morrido que se curar.

Joãozinho, menino sempre foi fraco dos peitos, ao contrário da mais velha, peitos grandes para os treze anos. Agorinha mesmo mais um. Depois outro, outro... contagem mórbida, triste...

O silêncio da noite é interrompido pelas balas, balas e mais balas.

As balas de confeito estão nos sonhos dos meninos, a de aço perfura as paredes de zinco e de compensado. Barraco todo furado, chuva traz lama e goteiras. Vida complicada.

O marido está sobre ela, as pernas confundidas depois de uma noite de sexo. Coisa que foi boa, hoje suplício. É melhor que ele fique com a outra.

As costas doem muito e o prazer é impossível. Tem que fazer preventivo.

As doenças do mundo estão brigando por espaço pra poderem crescer no corpo miúdo. A mãe do corpo está toda sangrante, numa eterna regra.

De repente, percebe que as balas estão mais fortes que sempre.

Um barulho arromba a porta. O namorado da filha, menino ainda, entra na casa.

Transtornado pela cocaína e pelo álcool.

As balas se aproximam e procuram lugar macio. Barriga grávida, local macio. Fácil de entrar, penetram, abortando o futuro e o presente. De uma vez só.

Quem sabe foi melhor assim?

O companheiro se levanta e xingando o namorado da menina morta, empurra-o para a saída. Saída do barraco. Saída da vida, saída.

Mal sabe ele que não há mais saída.

Mas a teimosia, logo o dia nasce, o corpo sepultado, a teimosia sobrevive.

No céu, uma lua avermelhada a tudo assiste, e comovida abraça todo o barraco, inundando o barraco, a favela, a cidade e o país com uma estranha luz esverdeada e avermelhada.

Quem sabe essa seja a saída?

Uma lua vermelha, uma luz esverdeada e um brilho descomunal sobre tudo e sobre todos...