domingo, agosto 06, 2006

Soneto

Não quero, tão somente ser feliz,
Quero mais, conhecer teu pensamento,
Nessa vida ser sempre aprendiz,
Não temer nem as dores, nem tormento.

Quero viver, intenso, esse momento,
Guardar essa tão bela flor de lis,
Nunca temer, sequer o sofrimento.
De cada poesia, pedir bis.

Quero o tempero forte da saudade,
Amaciando o peito das rudezas
Que formam, de metais, as fortalezas,

Que me darão, sem medo, essas certezas;
De não penetrar, nunca, a crueldade,
Cultivar, nessa vida, a eternidade...

Soneto

Eu queria saber onde te vejo,
Em que mundo estarás, depois de tudo.
Te rever, novamente, é meu desejo.
Disso preciso tanto; senão, mudo,

Me restará somente, esse lampejo
Do que fora tão forte mas, contudo
Será somente como relampejo
Que percorreu meu céu, mas não me iludo.

Nem sei teu nome, nunca desejara,
Conhecer teus lábios, sempre bastou,
Mas meu prazer, agora, é coisa rara,

E meu peito ressurge em quem amou,
Necessito saber onde encontrara,
O remanso macio onde deitou...

Trova

Meu filho corre, na sala,
Brincando qual passarinho,
Toda minha dor se cala,
Seu canto enfeitando o ninho...

Trova

No meu copo, já vazio,
Sua imagem, traduzi.
Na beira desse meu rio,
Nas margens eu me perdi...

Trova

Quis seu nome: Bem te vi,
Procurando por você,
Nessa mata me perdi,
Não me pergunte por que.

Trova

Olhando bem teu retrato,
Descobri tua verdade,
Tanta beleza, de fato,
E só restou a saudade...

Trova

Relógio tá maltratando,
Machucando o coração,
O tempo já vai passando,
Eu esperando o perdão...

Trova

Não quero o gosto da fruta
Nem o sabor do desgosto,
Amor, com força tão bruta,
Nada feito, nada posto...

soneto em redondilha

Nada mais me importaria
A não ser o que não sei,
Nosso amor eu viveria,
Sendo nessa vida, rei.

Temo temer alegria,
Temo o nunca saberei,
Cantando essa poesia,
Nos versos que decorei,

Mal sei ser seu ou não ser
Serei teu breve cantar,
Nos horizontes, verter,

Minhas fontes, devagar,
Nos teus montes percorrer,
Sem pressa nem de chegar...

Um coleirinho e uma sina...

Santa Martha, pequeno distrito da cidade de Ibitirama, no sul do Espírito Santo, é o cenário desta história.
Entre os seus pouco mais de cem habitantes, havia um que era amado por todos, conhecido por José Coleiro. Tinha herdado esse apelido pelo simples fato de ser apaixonado por passarinhos; a bem da verdade, passarinhos não, coleirinhos para ser mais especifico.
Desde menino, sua presença podia ser associada a gaiola que levava, inseparável, para todos os lugares onde fosse.
O coleiro é um grande cantador e, por isso admirado por quem gosta de criar passarinhos; sendo, inclusive utilizado em torneios de canto.
José Maria, pois esse era o nome do jovem, cuidava dos seus pássaros com todo carinho que podia. Sendo que, durante vários dias, a comida podia escassear para José mas o alpiste e o jiló maduro nunca deixavam de freqüentar a gaiola de um pássaro sequer.
Nos últimos dias, José estava extasiado pois, havia conseguido um coleiro raro, excelente cantador, o melhor que poderia imaginar ter encontrado na vida.
Esse seu companheiro fazia inveja a todos os que conheciam a arte inata dos pequenos animais.
As propostas de compra se sucediam mas José, certo de que ninguém cuidaria com tanto cuidado daquela jóia, não se desfaria dele por preço nenhum era, simplesmente, inegociável.
João Polino, dono dos seus oitenta verões de sabedoria e sensibilidade, falara comigo deste amor gigantesco do João Coleiro por este passarinho especial.
Eu havia percebido, desde algum tempo, que João estava diferente; já não demonstrava a alegria de antes, mesmo motivado pela raridade que possuía.
Aliás, tal pássaro era o motivo de tanta tristeza e apreensão. A partir do momento em que vira a cobiça dos outros aumentando sobre o animalzinho, as noites tranqüilas de José passaram a ter o caráter de pesadelos.
Qualquer barulho ou sinal de movimentação no quintal, deixava o sentinela em prontidão. Várias vezes se viu acordado lá pelas duas, três horas da manhã, alertado por um gato que esbarrara em algum latão, ou por outros alarmes falsos.
Com o interesse demonstrado por Jesuíno pelo pássaro, a situação complicou.
Jesuíno tinha sido uma espécie de jagunço, ligado ao Coronel Farias, mitológico fazendeiro da região, muito mais conhecido por suas lendárias histórias do que por fatos verídicos. Conta-se que matara mais de vinte pessoas no interior da Bahia, onde morara por uns tempos, na fazenda de um doutor, médico, e político.
Mas essas historias nunca foram comprovadas, cabendo mais na imaginação do povo de Santa Martha do que nos anais da justiça baiana, o certo, entretanto, é que Jesuíno metia medo em todos, sentindo um enorme prazer em ver as crianças fugindo a sua presença e as portas se fechando quando saía pelo povoado.
José Coleiro flagrara Jesuíno, num domingo à tarde, com os olhos parados sobre o coleiro e, ainda tivera tempo de ouvir um comentário sobre o passarinho.
Jesuíno interrogara a João Polino se era aquele o famoso coleirinho campeão, ao que João confirmara.
Um adendo, João Polino era um dos poucos habitantes de Santa Martha que não temia Jesuíno. Também, para quem dera uma surra no Saci Pererê e montara na mula sem cabeça, isso era café pequeno...
Ultimamente, os temores de José começaram a se transformar em verdadeira paranóia.
Qualquer comentário sobre o bichinho, ao invés de agradar, começou a deixar nosso herói em estado de tensão absoluta, irritadiço ao extremo.
Começara a agredir quem quer que fosse, desde que esse, inadvertidamente, elogiasse o coleirinho.
Passara a dormir com a gaiola dentro de casa, para desespero de sua mulher, dona Rita, a quem dedicava, por certo, muito menos atenção e carinho do que ao animal de estimação.
Dona Rita, embora se sentisse ofendida no começo do casamento pela clara predileção de José aos animais, com o tempo se acostumara e até ajudava-o na difícil arte de cuidar dos pequenos passarinhos.
Como Deus lhe tinha dado um útero estéril, passara a ver as avezinhas como se fossem verdadeiramente os filhos que a natureza negara.
Dona Rita nem reclamava mais, conformada com a sina de estar, na maior parte do tempo, sozinha, sem a companhia do marido.
Mas, desde que o marido passou a se sentir ameaçado em seu bem mais precioso, dona Rita sentira o peso do mau humor de José; sempre pronto a agredi-la com palavras e, dizem, até fisicamente.
No pequeno distrito, um menino é o dono do mundo. E uma das coisas que mais atraem uma criança é uma bela mangueira carregada de frutas maduras.
No quintal de José, havia uma das mais profícuas mangueiras do distrito. Manga espada, grande e docinha. Deliciosa!
Tenorinho, filho do seu Jurandir, era um dos moleques mais audaciosos daquele reinado. Não respeitava nada e nenhum muro ou cerca.
As marcas que tinha nas pernas e nádegas demonstravam os dentes dos cães e os tiros de sal, troféus da sua heróica meninice.
José fora dormir, como sempre, às sete horas da noite, um ouvido no ronco da mulher e outro atento aos barulhos do quintal.
Mas, nessa noite, estava mais sensível do que nunca; e o ouvido de tuberculoso denunciou um barulho maior no quintal.
Gritara e repetira, diversas vezes para que quem ali estivesse foi embora.
Uma sombra enorme, denunciava que, desta vez, não era um gato ou um outro animal qualquer que o viera visitar, a sombra era de um homem...
Com medo de Jesuíno, mandou que este se retirasse, no que não obteve resposta.
Como a sombra se agigantava e vinha em sua direção, José sacou, rapidamente da garrucha e atirou.
As mangas encontradas no chão, espalhadas próximas à poça de sangue denunciaram, tardiamente, o mal entendido...

soneto em redondilha

Ah! Como essa saudade me maltrata,
Lembrando de teu beijo, me desfaço,
Nessas recordações, vida arremata,
E pouco a pouco vem, surge esse cansaço.

O cansaço da vida que me mata,
A lembrança suave, teu abraço,
Do que tive feliz, tu foste a nata.

Agora, nessas ruas que trafego,
Não vejo nada além de tua marca,
Nas sombras que traduzes, me apego,

Perdi nesse dilúvio, rumo e arca,
E quando me perguntam, tudo nego.
Temendo minha sina, triste parca...

Soneto

Recebo teu perdão, como um sorriso,
Errei, e na verdade, me confesso,
Tudo que tenho, tudo que preciso,
Por meus erros, eu quase que tropeço,

Em coisa tão pequenas, indeciso,
Amor, o teu perdão, tudo que peço,
Saber que, dessa vida, todo o riso

Vem de ti, minha amada companheira,
Dos meus pecados, todos por amor,
Não quero mais, errar a vida inteira.

Nem violar segredos, por pudor,
Nem fazer dessa dor, minha bandeira...
Pois o coração bate, sofredor...

Soneto

Eu nunca poderia te querer,
Nem tampouco viver tal fantasia...
Não consigo nem quero te esquecer,
Voltas a cada instante, cada dia...

Teimosamente, quero perceber
Onde errei, pois jamais eu poderia,
Amar assim por nunca merecer,
Beijar teus pés, sentir tua alegria...

Me desculpe essa noite sem estrelas,
Me perdoe esses olhos; lacrimejo...
Todas minhas angústias, vou vencê-las,

Sentir o sofrimento do desejo,
Nessas noites, tentando não ardê-las,
Nas chamas que me queimam, tanto pejo...

Tiro no próprio pé.

Os “analistas políticos” não conseguem, mais uma vez, entender o óbvio.
O crescimento de Heloisa Helena se faz em cima do eleitorado de Alckmin e isso não é nada mais nada menos do que a constatação de uma realidade muito estranha para tais analistas e para os “formadores de opinião”.
Quem convive com a pobreza e a miséria sabe que o Governo Lula está cumprindo, muitas vezes além do esperado, as suas promessas com relação a essa camada da população.
Há quem credite essa manutenção dos elevados índices de aprovação do governo entre os mais humildes à bolsa família.
Essa afirmação denota, também a total ignorância de quem fala isso com relação à realidade brasileira.
Mais de noventa por cento da população ativa brasileira trabalha, sim senhor!
Os salários são extremamente baixos, muitas vezes menores do que o mínimo.
Quem tem a sensibilidade de conhecer e ouvir a grande maioria dos brasileiros, pode perceber o quanto melhoraram as condições de vida dessa gigantesca parcela da população brasileira.
O crescimento do poder de compra do salário mínimo foi visível e robusto, paralelo a uma queda do desemprego que, em conjunto, dão uma melhora na qualidade de vida dos “descamisados”.
Outra coisa que não pode ser esquecida, é a melhoria das condições de competitividade dessa camada trabalhadora e honesta da população. Nas zonas rurais e urbanas, temos os programas de economia popular com taxas de juros baixíssimas, o que estimula a formação de pequenas empresas e mantêm o homem no campo, essas taxas, antes somente ofertadas aos grandes produtores, dão uma condição de sobrevivência melhor às classes sociais mais baixas.
Outra realidade se dá em relação ao PROUNI e ao FIÉS, que acenderam a luz no final do túnel de milhares de brasileiros.
Muito me espanta a total ignorância de Cristovam Buarque quando diz que os pobres deste país não seriam beneficiados pela políticas de cotas, já que a maioria não completa nem o ensino fundamental. Essa realidade está mudando numa velocidade superior à capacidade de compreensão do Senador, infelizmente...
Lula não está governando nem para a classe média e nem para as elites, diretamente. Mas, indiretamente, a melhora das condições de vida do proletariado faz com que essas elites sejam beneficiadas.
Num país onde as classes mais humildes aumentaram e em muito o poder de consumo, nada mais esperado que o aumento dos lucros do sistema financeiro.
Os juros estão muito altos, mas são os menores dos últimos vinte e cinco anos, embora ainda tenham muita gordura para queimar.
O crédito consignado e os empréstimos aos pobres e aposentados ainda são extremamente lucrativos para os bancos, mas o que dizer dos juros exorbitantes aplicados no passado?
O pior de tudo é que, como afirmou Lula, ainda assim, tínhamos que pagar pelos “prejuízos” dos banqueiros.
O índice de inadimplência era menor, mas é óbvio, se a maioria da população brasileira não tinha nem acesso ao crédito, como poderia ser maior esse índice?
Um exemplo: nos anos negros dos tucanos, o preço de uma televisão de catorze polegadas, sonho de consumo do proletariado consumia mais de dois meses de trabalho; hoje custa menos que um salário mínimo.
O sonho de consumo da classe média passou a ser a televisão de plasma e a o dos pobres, a televisão de 29 polegadas.
Parece muito difícil para se entender isso, para quem vive dentro dos gabinetes com ar refrigerado e não têm contato com a pobreza e, muito menos com a miséria.
Obviamente, o eleitorado de Alckmin é o dos que se sentem prejudicados pelo governo Lula, ou são induzidos a pensarem assim.
Quando falo induzidos, falo da grande imprensa, altamente comprometida com os governos passados, ou por dívidas “abrandadas” às custas do dinheiro público com financiamentos estranhos ou por interesses outros.
Lula não está me decepcionando, aliás, está me surpreendendo positivamente, pois não acreditava em uma melhora tão rápida das condições de vida dos mais humildes.
Já Heloisa Helena, com sua maneira agressiva de falar sobre tudo e não dar solução para nada, irá crescer, e muito, em cima do eleitorado tucano.
A grande imprensa que apostava no crescimento dela para garantir um segundo turno terá que conviver com a possibilidade da senadora minar o eleitorado tucano.
A apresentação de Heloisa Helena como a terceira via, poderá gerar um fenômeno estranho: a classe média e as elites, se aliarem a um grupo, teoricamente, mais radical de esquerda, para combater um governo social democrata.
E o Dr. Geraldo, caminha célere para ter que escolher entre Lula e o PSOL/PSTU. Situação um tanto quanto desconfortável, convenhamos...

O que não será destaque na Imprensa 8 - de uma coisa básica, a comida

Mercado Mineiro (04/08/06)
Gasto com cesta em BH é de 48,5% do mínimo, o menor desde 79
O custo da cesta básica em Belo Horizonte exigiu, em julho, o menor comprometimento do salário mínimo para sua compra desde que o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) começou a pesquisar mensalmente a cesta, em 1979. No mês passado, a cesta custou R$ 156,75, o equivalente a 48,50% do rendimento líquido do salário mínimo (R$ 323,22), já descontada a parcela referente ao INSS. Houve queda de 2,01% em relação ao mês anterior e de 4,93% no comparativo com julho de 2005. Das 16 capitais pesquisadas pelo Dieese, 14 registraram retração. ‘É um comportamento histórico. Temos uma tendência de queda contínua e sistemática em BH e na maioria as capitais pesquisadas. Na década de 90, o custo da cesta muitas vezes foi superior a 100% do salário mínimo.

Pelos dados acima e que pode ser constatado no dia a dia, o preço da alimentação para as classes sociais mais pobres do país teve uma retração histórica, sendo que a cesta básica, atinge o menor índice da história, desde que começou a ser pesquisada, em relação ao salário mínimo.
Esses dados me permitem dizer uma coisa: O Governo Lula está sim, governando para aqueles a quem se propôs sua eleição.
Isso se reflete nas pesquisas eleitorais, onde sua aprovação entre os mais pobres ou seja, a imensa maioria da população brasileira, continua constante às expensas do crescimento de Heloisa Helena.

Tucanolândia - capítulo 32 - da justa aplicação dos impostos


Mantendo a coerência, Dom Gerald Aidimin, numa atitude exemplar, extinguiu um programa absurdo: o Pró –Universitário.
Vamos e venhamos, nada mais injusto do que um curso pré vestibular gratuito, independente de ser para quem quer que seja.
Quem tem competência que se estabeleça, e o sol nasceu para todos.
O sentido igualitário de Dom Gerald serve de exemplo para todos; as injustiças começam aí;
Por que a classe média e os súditos mais abastados que, na verdade, são os maiores contribuintes em impostos no reino ,deveriam pagar as mensalidades caríssimas cobradas pelos cursinhos particulares e aqueles que, por um simples fator econômico, que não pagam os mesmos impostos, teriam cursinho de graça?
É um abuso isso. Se pararmos para pensar, os impostos devem retornar em benefícios para o cidadão, confere?
Pelo raciocínio lógico de Dom Gerald, quando o rico paga impostos, esses nunca poderiam se reverter para contribuir com o aumento da competitividade dos que pagam menos impostos com os filhos dos que pagam mais.
Esse negócio de pagar para o “adversário” ficar mais forte não cabe na cabeça de ninguém com bom senso.
Além disso, se observarmos que isso implica num gasto anual de três milhões de reais, que criariam somente cinco mil matrículas, a relação custo e benefício seria muito baixa.
Afinal, para um Reino pobre como o da Tucanolândia, três milhões de reais aplicados em Educação é muito, se compararmos com o que foi gasto com outros setores, como a cultura e a facilitação para a sobrevivência do setor produtivo; muito mais importantes para os súditos tucanolandeses...