sábado, novembro 11, 2006

Textos vários 2

Daniela



Felicidade, sonho que naufraga
Nas ondas deste mar imaginário.
A vida se devora qual a draga
Que me transformará, pobre cenário...

Fragata sem destino, busca plaga
Onde ancorar. Encontra meu aquário,
Roto, qual fora, simplesmente, praga...
Felicidade, sonho solitário!

Em meio a devaneios, aquarela
De cores infindáveis, rutilantes...
Na busca dos prazeres inconstantes,

Um sorriso emoldura toda a tela.
Nascendo dos meus medos, triunfante,
Espelha uma esperança, Daniela!





Darlene



Minhas cismas vagueiam, vão a esmo...
Confusas tempestades doidivanas...
Amor que se pretende ser o mesmo,
Não pode se esconder destas ciganas...

A sorte está lançada não quaresmo,
Nem tento descobrir as espartanas
Vontades. Tantas vezes me ensimesmo
Calado, minha ermida... Não me enganas!

Os olhos embuçados negam céu...
Explodem meus amores, tantas cismas...
Não quero que ninguém, louco, me apene...

Vênus adormecida em meu dossel...
A vida se explodindo em aneurismas,
Esperanças? Encontro em ti, Darlene..





Débora




Mulher que me entolece com olhares
Sutis e penetrantes qual um raio...
Em meio a cataclismos estelares,
Deponho meus desejos. Tonto, caio...

Levando meus anseios, corcel baio,
Desesperadamente, lejos mares...
Ausculto teus cantares nos altares
Ofusca-me este lume, então desmaio...

Mulher que me entristece se não vejo!
Emblemático manto do futuro.
No canto que decifro, meu desejo.

Uma abelha rainha , sou zangão,
Esperando esta morte, com apuro,
Débora, me devora o coração!



Débora: Abelha






Denise




Lua nova, nos claustros e nos mares...
Meu sonho peregrino te procura.
Flamejas entre breus, trevas, olhares;
És guia, fosforesces noite escura...

Qual deusa rediviva nos altares,
Transcreves, nos caminhos, toda alvura
Encontrada somente nos luares...
Sombreias qualquer uma criatura!

Lua nova, comparsa dos meus planos!
Companheira de todos os enganos
E promessas que nunca cumprirei!

Aceitas, sem pensar, qualquer deslize
Pois sabes, teus desejos são a lei.
Lua nova, me traga, enfim, Denise!




Desirreé




Em flocos invernais, meu sentimento...
Desmorona-se a cada tempestade...
O medo que comporta o frio vento,
Amaro gosto, sangra a saudade...

As falhas pressupõem longo tormento.
Meu arrependimento, veio tarde.
Inverno derramando violento,
A morte se mostrando, na inverdade...

Nos pinheirais flocados pela neve;
A sombra estonteante, porém breve,
Me traz as esperanças de viver!

É fronde que promete-se tenaz;
Desejo bem mais forte, renascer,
Desirrée, desejada, traz a paz...

Desirreé: Desejada
Marcos Loures





Diana




Tantas vezes reveses e derrotas...
Pássaros que chilreiam meus lamentos;
Nas gaiolas, os pávidos tormentos...
Torturas, sofrimentos: plenas cotas!

Constantes meus martírios não derrotas.
Em plena insensatez, tais sentimentos
Revigoram-se, fortes como o vento.
Perdidos passarinhos caçam rotas...

Liberdade, refém de vil pantera
(saudade). Temerária noite engana.
Ataca a formidável, rara fera,

Nas mãos somente, versos, sou poeta...
Uma deusa surgindo mira a seta,
Me libertando. Salva-me Diana!






Dinah:


Ao trazeres teus louros da vitória,
Nevrálgicos sentidos me revelas.
Na vida sempre foste meritória
De todas as belezas destas telas

Que pintam artesãos à tua glória!
As flores me negaste, mais singelas.
Teus planos invadiram minha história,
Faróis que sempre ofuscam pobres velas...

Liberdade resulta em tanto pejo.
Enojada, me mostras os teus feitos
Sabendo que jamais terás cortejo.

Mas amo tua forma de brilhar!
Teus olhos e teus cantos são perfeitos...
Dinah, resplandecente qual luar!







Dinorah



Ao musicalizar teu nome amada,
Pressinto uma canção maravilhosa!
Homenagens te faço em verso e prosa,
Dedico uma cantiga apaixonada

Recendendo a pureza de uma rosa,
Trazendo bela noite enluarada.
Sentado aqui, na beira da calçada,
Em serenatas canto a terna fada!

Um simples andarilho na incerteza,
Encontra teu castelo iluminado.
Ao longe num respiro de princesa,

Mostrando que o palácio era encantado.
A voz linda se ouvia... Em tal beleza,
(Dinorah, Dinorah),iluminado!



Dinorah: Luz





Dirce




Meu rumo sem teu rastro morre cedo.
Buscando por prazeres e delícias,
Na espera de viver contente, ledo,
Gozando de perfeitas mãos, carícias...

A vida me omitindo seu segredo,
Tortura-me feroz, duras sevícias...
Trazendo-me fatal, cruel medo.
Não deixa-me sequer outras notícias

Do tempo em que, felizes, encontramos
Os olhos e seus brilhos confundidos...
Do tempo onde sinceros, nos amamos.

A fonte do prazer adormecida...
Fonte da juventude já perdida.
Procuro minha Dirce, tempos idos...



Dirce: Fonte





Diva

Um dia me sentindo tão cansado
Das dores mais diversas desta vida;
Sonhei com novos campos, belo prado;
A paz, enfim, sonhada e conseguida.

Meu verso, tantas vezes disfarçado
Num canto agonizante de partida;
O fardo do viver, recompensado,
Nos braços desta deusa enlanguescida.

Um sonho tão perfeito, feito em paz;
Depois de ter lutado insanamente,
O barco finalmente, chega ao cais...

Minha alma sem grilhões, antes cativa,
Liberta, me remete a tanta gente!
Só meus olhos, ‘stão presos em ti, Diva...




Diva: Deusa







Divina


À vida, não me prendo, pois é frágil.
Minha alma, sim, eterna caminhante...
O tempo de viver, esse é tão ágil,
Transcorre num segundo delirante.

A dor que te consome e que palpita,
Por certo findará, tenha certeza.
Toda tristeza passa, pois finita.
Manhã quando renasce traz leveza.

A amarga solidão, seu desconforto,
O látego ciúme, tudo passa...
Os males procelários acham porto...

A vida se refaz, tão cristalina...
Minha alma anda feliz e não disfarça,
Pois encontrou, enfim, seu par: Divina!


Divina: De Deus






Dora




Andava tão tristonho, tantas urzes...
Buscando um sentimento que pensara
Estar adormecido sem ter luzes
Que pudessem luzir jóia tão rara.

Mal sabia, entretanto, que produzes,
Emanando dos olhos luz tão cara.
Me acalmando tal qual os alcaçuzes,
Ao mesmo tempo, forte, me antepara.

Essa força gentil, tão procurada,
Tantas vezes passou despercebida;
Quantas vezes pensei: não será nada!

Somente bem depois, há pouco, agora,
Percebendo a rudeza desta vida,
Descobri esta dádiva que é Dora!



Dora: Presente, dádiva de Deus



Dóris


Netuno, num momento de paixão,
Encontrou no seu mar bela sereia.
Revoltoso oceano: ebulição!
Em tsunamis desmancha-se na areia!

Um amor gigantesco quando arpeia
Um fantástico deus, seu coração,
Todo o mar, num momento, se incendeia;
Num segundo, este mar vira sertão.

Da beleza do encontro deste deus,
Com a linda sereia, encantadora,
Uma chama flameja, cessam breus.

A sereia engravida-se dolente...
Semi-deusa encantando toda gente,
Meu amor, em teus braços Dóris, mora...



Dóris: Filha do oceano






Dulce



A encontrarei tão calma na alvorada
Dos dias que serei bem mais feliz.
A sua alma serena, iluminada,
Uma cor radiante em seu matiz.

Pois você tem tal dom locomotriz
Que não permite medo nem parada,
É de todas as forças, a raiz
É início e rumo desta estrada.

Como posso viver sem a ternura
Que emana de você, meiga e tão pura
É o fulcro que tanto procurei...

As feridas, com calma, já demulce
Aprendi a viver em sua lei,
É tão terna e tão doce, meiga Dulce...



Dulce: Meiga, doce, terna



Lagrimando com estrambote
Lagrimando saudades prateadas,
Às expensas das loucas intempéries.
Os vates já previram madrugadas
Em silêncio e amores vindo em séries...

Não mereço, por certo que pilhéries
Destas dores nefandas, vãs, caladas,
Corações pirilampos depaupéries
Bem antes das manhãs mais orvalhadas...

Sentindo este coral venal, harmônico,
Esperava por certo, um novo acorde.
Mas ao nascer, amor resta mecônico,

Não há luz nem carinho que o acorde.
Viverei tão incerto, pois afônico
Não ouvirás um canto que discorde.

Coração desespera e bate manso,
O teu colo podia ser remanso,
Em meu sonho sem paz, nunca te alcanço






Bradicárdico
Meu coração chagásico, disforme,
Aflorando-se em pétalas anidras...
Em meio a tempestades sempre dorme,
Aguardando as terríveis, venais hidras...

Num suicídio brando, dor enorme,
Como comemorasse, festas, sidras...
Bradicárdico, pulsando filiforme,
Embalde procurando doces, cidras...

Doces amores, plagas impossíveis.
Díspares seus sonhares, realidade...
As dores não recuam, impassíveis.

Jardins já não dispõem variedade.
As flores se tornaram virulentas,
Sístoles e diástoles... Tão lentas..






Alma prisioneira com estrambote


Minha alma vai ebúrnea, proscrita.
Virginal esperança lamuria...
Entre estreitas cimalhas, vai restrita,
O cansaço do vôo tanto exauria

A sonhadora em abóbadas se atrita...
Quem, entre tantas festas, luxuria;
Presa, atada, morrendo assim, constrita...
Lutando, em desespero já se hauria...
(Alma ebúrnea, marmórea, tristes cenas)

O céu que te atraia, cores plenas,
Parece-te impossível, tão distante...
Pois como o alumbramento p’ras falenas,

Da luz inebriante, sua amante,
Minha alma se escraviza, tantas penas...
Aprisionada, morre nesse instante...



Desilusão!



Desilusão! Maldita companheira!
Por vezes procurei cura de própolis,
Nos meus sonhos helênicos, acrópolis,
Embalde, te mostraste por inteira.

Tua face mostrando verdadeira
Pequenos vilarejos às metrópolis,
Sonhos imperiais, bela Petrópolis,
Desilusão dos sonhos de uma freira

Apaixonada. Serás meu sepulcro!
Pois me acompanharás ao cemitério...
Tantas vezes perdido, vou sem fulcro,

Carregando pesado fardo, vida...
Delírio que imagino, vou funéreo,
Até que a morte, enfim, venha e decida!



Adeus...



Quando, ao dobrar dos sinos, percebi
Que quem durante tempos fora minha,
Eu nunca mais veria;então senti
O medo e desamparo da avezinha

Engaiolada: nunca mais saí...
A solidão, da morte má vizinha,
Depois de tantos anos, ei-la aqui.
Minha alma vai morrendo, pobrezinha...

Amores e saudades, com certeza,
Irmanados; devoram totalmente...
A vida se passando, sem tristeza,

Num átimo, se torna sem sentido...
Todo bem que levava, de repente,
Se vai neste naufrágio, estou perdido..





Edwiges


Nas guerras e batalhas siderais,
As expansões celestes num cortejo
Criando batalhões mais irreais,
Desfilam deslumbrando meu desejo.

Entre estrelas, planetas os sinais
Que demonstram verdades num lampejo.
Em tropéis gigantescos, canibais,
O céu perde, um momento, o azulejo...

Nas flamejantes lanças, holocausto!
Toda a dor explodindo neste infausto...
Miasmas e matérias se confundem...

Por um instante louco, uma viseira
Se ergue. Meus olhos noutros olhos fundem,
Meu amor, Edwiges, a guerreira!



Edwiges: Guerreira rica

textos vários

Amor outonal


Prelúdio deste amor que não previa,
Os beijos e triunfos glamourosos...
A vida, procurando uma harmonia,
Não tinha esses cismares mais garbosos.

Cansado de tentar acrobacia,
Em busca de destinos mais honrosos,
Vadio coração se debatia.
Germina-se dos sonhos vaporosos!

Os meus olhos erguidos caçam lumes...
Montanhas dos desejos, vastos cumes.
Expectativa clara de vitória.

Triunfos tentadores, novos cantos...
Nos prelos da esperança, teus encantos.
No outono, minha vida: extrema glória!
Marcos Loures



Verbena


Bonina delicada, tua alvura
Graciosa e tão sutil, enfeita a vida!
Melífero desejo traz doçura
Da boca que julguei estar perdida.

Abelha seduzida pela pura
Inocência emanada, decidida,
Procura-te em total e sã loucura.
Menina, aonde vai assim florida?

Nos campos, nos pomares, no jardim,
Suave borboleta sobrevoa.
Pura felicidade vive em mim.

Aos raios deste sol, uma açucena,
Bonina, doce amada vai à toa,
Meus olhos já não têm cor de verbena...




Luxúria 2


Nas alcovas procriam-se luxúrias!
Sedentos sedutores sorvem sexo.
As bocas invasivas, tantas fúrias...
A noite reproduz-se perde nexo...

Nem preces, rogos, medos nem as cúrias
Sossegam junção: côncavo, convexo!
Viajam-se loucuras: Roma, Astúrias...
Hormônios derramados, nos meus plexos...

Pernas titubeantes, reentrâncias,
As sedas e perfumes se confundem.
Nas fomes e desejos, as ganâncias...

Polinizando alcovas, borboletas...
Delírios e carícias loucas, fundem.
Nas bocas e nas coxas, mil cometas!




Lúbrica 2

Vestida de imortal desejo e nua,
Estende-se cruel por sobre a cama.
Um passageiro alado já flutua,
Acende fervorosa e louca chama.

Visagem tão fantástica de lua
Exposta totalmente em bela trama,
Escultural figura, densa e crua,
O passageiro, tonto, não reclama...

Ávido desta lúbrica escultura,
Esgueiro por debaixo da coberta
A boca exploradora me tortura,

A seta redentora e sua flecha...
A gruta delicada, porta aberta,
Num átimo, teimosa, já se fecha!



Máscara


Por vezes te pareço até acídico,
Deveras me detenho em tantos ermos...
Os erros que cometo, nem causídico
Defenderia. Tétricos, enfermos,

Desejos se transbordam. Pico, ofídico.
Embora tanto amor assim não termos,
Bem sabes que pretendo ser fatídico.
Palavras tão venais são simples termos...

Sobre este amor, sincero, meu tripúdio.
Empáfias e falácias, simples medo...
Bem sei quanto me dói o teu repúdio!

A dor de amar demais é meu segredo,
Sou qual sonata morta no prelúdio.
Amor, em teu carinho, meu degredo...



Rajadas


Passos calmos procuram harmonia,
Em teus gestos esfíngicos, quimeras...
Devoras a vetusta fantasia
Que se acampara desde priscas eras

No peito solitário. Melodia
Esquecida em felizes primaveras...
Amor de tanto tempo não queria,
Sentidos anciãos já me adulteras...

Nos juncais da saudade, perco o rumo...
Espreita-me a serpente, firma o bote;
Minha alma se esvaindo, leve fumo.

Renovas sensações mais arrojadas.
Prazeres e delícias vêm em lote,
No peito, as emoções vibram rajadas..



Quimeras


Qual vate dos destinos que persigo,
Trazendo teus olhares magnéticos.
Por vezes, indeciso, não consigo,
Bem sei que te figuram anestéticos

Os versos que burilo. Mas nem ligo...
Em êxtases diversos, tão ecléticos,
Percebo-te qual colmo deste trigo,
Deslumbrando-me. Amores são patéticos!

Mefistófeles! Nunca serei Fausto!
Ermitão, viverei sempre sozinho.
Amor que sempre trouxe tanto infausto,

Escusa-se dos versos e das sombras...
Vagando pelos campos perco o linho,
Quimeras, com certeza não me assombras!



escombros

Vagando meus caminhos por escombros
Entregues pelas mágicas penumbras...
A vida carreguei, pesa nos ombros
Tal qual ferocidade que vislumbras.

Meus sonhos se transformam em assombros,
Nas dores que me trazes, me penumbras...
Percalços que transponho, vários combros...
Persigo nova luz onde translumbras...

Homérico desejo: ser feliz!
Bendito quem consegue tal proeza...
A vida morre em palcos, pobre atriz...

Nos pélagos profundos, morro mar.
Quem dera reviva esta certeza,
Outros braços poder, enfim, amar!





Antiqüíssimo amor


Antiqüíssimo amor, recendes frígio!
Vestal e quase implume sentimento...
Conflitos inerentes ao litígio
Que vives; a causar tanto tormento.

Conservas das quimeras tal vestígio
Que forma cicatrizes: sofrimento!
Viver sem ter ciúmes: um prodígio.
Amores nunca são disperso vento...

Às vezes, convulsivos, outras manso,
É verbo que adjetiva minha vida...
Sentido vero e pleno não alcanço.

Contornos femininos, mas tão másculo;
Forma testosterônica traz básculo
Nas dores que carregas. Louca brida!



Cataclismo orgástico


Em cataclismo enorme, titânico,
Em busca de frementes espetáculos.
Amor que sempre fora tão tirânico,
Se mostra mais sutil, como em oráculos

Onde premissas: sorte, morte, pânico;
Freqüentam infernais, iguais cenáculos.
Carícias e desejos, conceptáculos...
Sentimento carnal, quase mecânico!

Inebriantes flâmulas, histéricas.
Sacrofagicamente canibal.
Buscando as epopéias quase homéricas,

Transfunde colossais pressentimentos,
Ungindo-se em torpor, qual animal,
Perpassa meus vadios pensamentos.


Daisy


Amor se prometendo mais sincero,
Em busca de teus olhos, vago o dia...
Por vezes te encontrei, sentido fero,
Nas outras me embalava a fantasia...

Sozinho, por teus lumes sempre espero
Na brusca indecisão sem valentia.
Amor, simples palavra que venero,
Embalde te esperei com galhardia...

Agora, com meu tempo se esvaindo,
A tarde se mostrando mais feroz.
No dia que renasce, claro, lindo;

Escuto teu cismar pela montanha.
Remoendo-me inteiro, vem veloz,
Explodindo-se em Daisy, força estranha!


Daisy: Olho do dia




Dalila



No colar perolado do meu sonho,
Encontrei tal sereia em devaneios...
Pensei que novamente mal medronho
Viria destruir belos anseios...

Entretanto, ao sentir-me mais risonho,
Carinhos mergulhei, teus belos seios...
Cansado do viver tão enfadonho,
Penetro por teus mares, rios, veios...

Relances imprecisos, meu passado,
Um beijo tão sutil, amor destila.
Reflete-se em teus olhos verde prado,

Como a me convidar a ser feliz.
Floresce neste campo a flor de lis;
Maviosa, com delícias de Dalila!




Cantares


Procuro por estradas sem desvios...
Recebo teu poema com vigor.
A noite se reparte trama cios,
Ouvindo tais palavras, traço amor!

Misturo sentimentos com vazios,
Espreito nesta curva, calo a dor.
Umbrais que se fecharam, sem estios.
Gralhando, minhas dores invernosas.

Recebo minhas velas, meus pavios.
As horas sem perfumes, pedem rosas,
Nas plêiades navego, são brilhosas,
Decifro teus cantares, meus navios...



Libertária


Pérolas que carregas, seus poemas,
Alvíssaras e paz, levam consigo.
Recendem esperanças, tantos temas,
As alamedas belas que prossigo...
Nebulosos destinos, os reverte.
Única pérola, liberta o mar;
Resume-se em sereia, que o converte
Incrustando o desejo de voar...
A luz se prometendo incendiária,
Cabendo dentro deste sonho: amar!
As algas, os marulhos.... Procelária
Revoa livremente, sem parar.
Lume se revigora, fonte vária,
As estrelas não podem reclamar!
( a poetisa é sempre libertária)