terça-feira, novembro 07, 2006

ALICE: a verdadeira.

ALICE: a verdadeira.

Eu bem sei que jamais tu mentirias,
Verdade é aliada e companheira...
O medo destas noites, longas, frias,
Por certo perseguiu-te a vida inteira...
Nas mãos tão carinhosas, ventanias,
Orgulho te servindo de bandeira...
Na chama das mentiras não te ardias,
Na vida, sempre foste verdadeira!
Não há um ser humano que cobice,
Nem queres os engodos da riqueza.
Sem reino tu és mais que uma princesa,
És dona da verdade, cara Alice.
Embora tantas dores isto traga.
Um Deus tão benfazejo já te afaga!

ALEXANDRA: defensora da humanidade.

ALEXANDRA: defensora da humanidade.

Nas mãos tão delicadas novo brilho,
Nos olhos esperança destacada.
Desejo teu amor como estribilho,
As noites que passamos, na calçada.
Surgiste do infinito, já me pilho
Em loucas fantasias sobre o nada.
Por certo, tantas vezes eu me humilho,
Na incerteza cruel, desesperada!
Em vias de loucura, cara amiga,
As tuas mãos são bênçãos divinais.
Ajudas a aplacar a dor antiga,
Daqueles que precisam deste cais.
Alexandra ,também da humanidade,
Faço parte, me tenha caridade!

ALDA

ALDA: sábia e rica.

Te imagino no brilho da manhã...
Aurora boreal, um rico encanto...
És fonte de ilusão, num louco afã,
Amanhecer sonoro, lindo canto...
A vida sem te ter, é pobre e vã;
É rio que derrama um mar de pranto.
A vida não será triste e malsã,
O mundo não trará somente espanto.
És sábia, disso sei e te venero,
As mãos derramam tapas de pelica.
Amor que desconheces quando fero,
Na dor que silencia, não desfralda,
Por certo tantos erros nada explica,
Perdoe meus enganos, sábia Alda!

ALCIONE: nome de uma estrela muito brilhante da constelação das Plêiades.

ALCIONE: nome de uma estrela muito brilhante da constelação das Plêiades.

Uma brilhante estrela sobre o mar...
Distante, num saveiro peço cais...
Num ritual insano, te adorar,
Embalde! Me disseste: nunca mais!
A vida que perdi, quero encontrar,
Mas como, se em tristezas, tudo jaz...
Estrela brilha mais do que o luar,
Procuro teu caminho, sou audaz,
Mas a noite responde: estás insano!
Nas Plêiades perdida nunca volta...
Meu peito, magoado, se revolta.
O mundo gigantesco num ciclone,
Meu barco naufragando, meu engano...
Distantes dos teus braços, Alcione!

ALCINA: de mente forte.

ALCINA: de mente forte.

Não posso resistir ao teu desejo,
Na força que se emana, poderosa.
Nas tempestades, és um relampejo.
Perfume que tu tens, recende rosa.
A noite dos teus passos, sempre vejo
Na força que te faz tão orgulhosa!
Contigo não resisto nem pelejo.
És sábia mas, no fundo, carinhosa!
Meus versos procurando teu carinho,
Em busca destas luzes envolventes.
Te ter é conhecer a fina sorte.
Não posso mais me ver, nem vou sozinho...
Conselhos que me dás, tão competentes,
Tu és, Alcina, bela estrela forte!

ALBERTINA

ALBERTINA: ilustre.

Desculpe se te ofendo, minha musa;
Por vezes me esqueci do teu ciúme.
Não fiques assim tonta, tão confusa;
Não posso mais viver sem teu perfume.
A noite se demonstra cega, obtusa
Se não estás. Me perco num queixume,
Se foges de meus braços,. Ó cafuza
Meus olhos necessitam do teu lume!
Tens no sangue, beleza duma Iara,
De princesa africana esta linhagem.
Rainha dos desejos, da coragem,
A vida te ilumina, jóia rara!
Amar e desejar-te: doce sina!
E m’honras com teus beijos, Albertina!

ALBA

ALBA: branca, alva.

Noite de plenilúnio no sertão!
A lua se fazendo namorada,
Dispara um sertanejo coração.
Em busca da mulher, presença amada!
Por vezes imagino teu perdão,
Por outras vou olhar, não vejo nada!
O mundo se derrama na amplidão,
As mãos mais solitárias sem espada
Que proteja nos ermos do caminho.
Não deixe-me ficar sem o teu brilho,
És lua que ilumina alva e tão mansa
Não posso mais viver aqui sozinho,
Iluminas meu rumo onde vou, trilho.
Nesta brancura que Alba sempre alcança!

ALAÍDE

ALAÍDE: variação de Adelaide.
de linhagem nobre

Princesa sertaneja, meu desejo,
Estar entre teus braços, sedutores.
À noite de trazer num manso beijo,
As luzes que iluminam meus amores!
A fonte do desejo, sem ter pejo;
Envolta nos carinhos destas flores,
Trazendo pr’este peito sertanejo
A certeza da beleza destas cores.
Altiva e tão serena, meu amor.
Os versos que te faço, num momento,
São formas inconstantes do penhor
Que trago no meu peito. Não duvide!
Rainha não permite sofrimento,
Princesa com certeza és, Alaíde!

AIMÊ: do francês Aimée, significa amada.

AIMÊ: do francês Aimée, significa amada.
AIMÊ: do francês Aimée, significa amada.


Perguntas sem por que se és minha amada!
Por certo sempre tive esta esperança,
A noite quando espera a madrugada,
No fundo necessita da criança
Que vive no meu peito, apaixonada,
Resquícios belo tempo na lembrança
Depois de tanta dor, não sobrou nada.
A vida se perdendo sem bonança!
De repente, a vieste sem querer,
Amor, que adormecido tinha um quê
De tristeza, domina todo o ser.
Quem sabe, me conhece, enfim, me crê
Capaz de ser feliz. E pode crer
Que és por mim muito amada, cara Aimê!

AIDÊ.

AIDÊ: vem do francês Haydée e está associado a independência e ousadia.

Quem dera tua força, na batalha.
O brio de teus olhos, ó princesa.
A morte sem sentido nunca atalha
Os motes que cantaste, sem tristeza!
És livre e esse teu vôo nunca falha,
Dispara teus desejos, realeza...
Não há dor nem quimera, tens navalha
Pronta p’ra cortar essa incerteza.
Quem vive neste mundo e nunca vê
O brilho da rainha dos meus dias.
Não sabe nem conhece fantasias.
No fundo reconhece bem por que
Independência crias, nas coxias
Do teatro da vida... Forte Aidê!

AÍDA: próspera, feliz.

AÍDA: próspera, feliz.

A solidão, quimera mais atroz,
Havia me legado ao sofrimento.
A boca da saudade, mais feroz,
Mordia cruelmente; esquecimento!
Distante de meu peito, ouço a voz,
Sincera e tão venal do meu tormento.
Sou rio que não sinto minha foz,
Destino me deixou, solto no vento....
Embora mais sincero que já fui,
O medo na verdade, contradiz.
Minha alma sofredora, vai perdida..
O tempo da existência nunca flui,
Sou pássaro ferido, qual perdiz...
Só me encontro feliz, se estás, Aída...

AGNES

AGNES: significa pura.

Deitada num dossel, és virginal,
A deusa dos amores te deu luz!
Montado em meu corcel, no longo astral,
Caminho transtornado. Me seduz
O lume que emanaste neste umbral
Do castelo dos sonhos. Andaluz
Cavalo a me levar, na sideral
Trilha, o teu brilho sempre me conduz!
A vida, sem demora me deu vez,
O campo das estrelas no infinito...
A morte de meu mundo se desfez,
O tempo sem querer me deu seu rito.
Emocionado solto um berro, um grito,
Envolto em tal pureza, minha Agnes...

ÁGATA: bondosa.

ÁGATA: bondosa.

Vida densa, tristezas, minha sina...
Amores e mortalhas, companheiras..
A boca que beijei, fria assassina,
As noites que se foram, carniceiras...
Não quero recordar essa menina,
As horas dos amores, as primeiras,
Um peito juvenil, já desatina...
Vontade de pular, saltar das beiras!
Mas quando essa tristeza soberana,
Mais forte dominava sem carinho,
A sorte poderosa, não me engana,
A lua retornou de seu caminho,
Brilhando suas luzes, gloriosa,
Ágata, nome de mulher bondosa!

ADRIANA: escura, morena.

ADRIANA: escura, morena.

Nas praias, nos desertos, solidão...
Nesse medo de amar que me maltrata.
O sol que me incendeia, meu verão,
A doce solidão desta cascata...
Esse mundo não cabe coração,
Na noite que enluara, densa mata,
Nas horas mais difíceis , teu perdão.
Amor que traduziste cor de prata....
Mas a vida se refaz em cada cena,
A porta, paraíso não se engana.
A pele que me encanta tão morena,
É luta em que terei, por certo gana,
Na boca que me morde, tão pequena,
A sílfide sem par, bela Adriana!

ADINA: voluptuosa.

ADINA: voluptuosa.

Não me deixas sentir sequer o medo...
Não tenho tempestades, nem as temo...
Amar parece ser o teu segredo.
Nos mares que navego, és o meu remo...
Por vezes, se freqüento meu degredo,
A morte tão silente nunca eufemo,
Aguardo minha dores, simples, ledo...
A teu lado sequer, nunca me tremo...
Perfume e singeleza, tens da rosa,
Caminhas flutuando pelo céu...
Amada, teu caminho descortina,
Nas mãos desta mulher voluptuosa,
Delícias e luxúrias, carrossel...
És todo o meu amor: Ó minha Adina!

ADÉLIA: nobre.

ADÉLIA: nobre.

Querida amiga, quero teu perfume...
Não me escondas mais luzes sem promessa.
A vida me traduz tanto queixume....
Ser feliz é preciso e tenho pressa.
Estar ao fim dos dias neste cume,
Cordilheira do amor! Se tudo estressa,
Me acalmo nos teus beijos, de costume...
Nas dores e feridas, és compressa!
Nos nobres sentimentos, tua glória.
Nos belos pensamentos, meu futuro...
Nos mais tristes momentos, a vitória!
Das flores e dos frutos és corbelha,
Mas quando estou sozinho, o mundo escuro...
Encontro a claridade: nobre Adélia!

ADELAIDE

ADELAIDE: de linhagem nobre.

Mundo cruel, fizeste-me plebeu...
Quem dera se pudesses seres minha...
A noite esconderia o triste breu,
A vida não seria mais sozinha...
Meu coração, outrora vil, ateu,
Encontraria luzes, velas, linha.
Seguiria caminho todo meu,
Distante da gaiola que se aninha...
Ah! Como a solidão, medonha fera,
Esfrega suas garras no meu peito.
O mundo que sonhei se degenera.
Ao menos se pudesse ser alcaide,
Decerto, assim tivesse jeito
De poder vislumbrar bela Adelaide!

ADALGISA

ADALGISA: lança de nobreza.

Amor que me deu glória na verdade,
Espelha tanta luz, na calma brisa...
No peito me revela esta saudade,
As dores da existência me exorcisa.
O templo da paixão, a claridade,
Nas mãos desta divina poetisa.
É lua que me cobre de vaidade,
É noite que, de bela, me hipnotiza...
Embalde procurei outra beleza,
A vida não me deixa outro sentido.
Na marca triunfal desta nobreza,
A mão que me acarinha forte e lisa;
Quem dera nunca mais haver perdido,
A lança da nobreza de Adalgisa...

ADAIL: guia e defensora.

ADAIL: guia e defensora.

Nas lutas que travei na vida afora,
Sozinho, sempre tento prosseguir.
A noite das tempestas não demora.
O mundo sem vontade de existir...
Meu peito foi guerreiro mas já chora,
A luta que travei, morando aqui.
Cantiga imaginara, mansa, aflora,
Nos rastos das estrelas, foi daqui...
As guerras e batalhas nunca venço,
A solidão promessa de derrota.
Reluto, mas no fundo me convenço,
Retorna essa mulher que nunca fora,
Redime meus tormentos, vida brota,
Em Adail, a guia e defensora!

ADA

ADA: feliz, próspera.

Mulher dos meus delírios e defeitos,
Espero teu carinho e tua glória.
Não sigo por caminhos mais perfeitos,
A dor que me consome, na memória.
O verde de teus olhos, mansos leitos,
As matas que carregam minha história.
Persigo, nas vontades, tantos pleitos.
A luta que travamos, peremptória...
Amada que não queixa nem ciúme,
Amada que feliz, permite sonho....
Não posso ter de ti qualquer queixume,
Encontro-te nos olhos da esperança.
Futuro, nos teus braços, mais risonho.
És próspera mulher, meus sonhos, ADA!

Abigail!

Surgida entre estrelares amplidões,
As luzes que imagino já perdi...
As cores reproduzem soluções,
O mundo que sonhei, longe daqui.
Batendo incoerentes corações,
Esqueço tantas dores que vivi.
Não peço nem preciso teus perdões.
A dor de não me amares, esqueci...
Procuro pelos versos que não fiz,
Estrelas são cadentes, perdem céu.
No fundo, necessito ser feliz...
Um anjo dos espaços, já caiu,
Nos braços, minha chama e meu dossel.
É fonte do prazer: Abigail!

Ângela

Noite vem outra vez, me encontra só...
Os raios deste sol não me aqueceram.
A vida se refaz, retorno ao pó
A sorte e meus amores me esqueceram...
Destino tão cruel quanto o de Lot,
As rodas da fortuna se perderam.
Quem quis da vida festa e pão de ló,
Quem da flor, nem perfumes conheceram,

No fundo se perdeu, sem despedida...
Saudade que já tive não trarei.
A morte vem tecendo sua lei,
Desfeita a liberdade, morre vida...
No peito, o frio vago nega vela,
Só Ângela, num anjo se revela...

Andréia

O mundo não me trouxe tais respostas,
Aguardo calmamente, este desfecho.
Chicotes vão lanhando as minhas costas,
A luz dos meus amores, nenhum fecho...
Quem dera minha sorte, sem desleixo,
Quem dera meu destino, vida em postas,
O peso desta vida, não me queixo.
Queria só saber se tu me gostas!
Apostas que já fiz, perdi de vista.
Amar é conviver com panacéia...
Não creio em sentimento que resista
Aos ventos e tempestas da saudade...
A noite de meus sonhos, claridade
Encontra nos teus olhos, linda Andréia...

O que dizer destas mãos que me acarinham?

O que dizer destas mãos que me acarinham?
São sedas perfumadas, sem espinho;
São noites que as estrelas adivinham,
Delícias delicadas, fino vinho.
Por matas e vertentes se encaminham,
Encontram solitário passarinho,
Nos rumos mais tristonhos já se alinham,
Buscando, em tempestades, manso ninho!
Mãos de fada, enfadonhas as quimeras.
Nas flores que fecundam primaveras,
Nos olhos que me espreitam de tocaia.
Nas barras que seguro, tua saia,
Nos vértices dos céus, livre sonho.
As mãos tão delicadas... E eu, medonho!

Não sei se me permites ser sensível,

Não sei se me permites ser sensível,
Espero essa resposta por e-mail.
Amor que não demora , tão incrível,
Se encontra desvairado em pleno anseio.
Paixão que sempre estranha, inacessível,
Demora nas delícias do teu seio.
Eu quero teu amor, pois infalível,
Nas ondas deste amor, enfim vagueio...
Meus braços estarão sempre esperando,
A moça que não quer se complicar.
Não quero essas mentiras, não sou brando,
Eu quero me fartar desta ambrosia,
Nos lumes dos teus olhos, vasto mar...
A noite que vivi, anseia o dia!

Nas cores que alumia meu desejo,

Nas cores que alumia meu desejo,
Inúteis passarinhos quedam sós.
Se vejo não prevejo nem revejo,
Desejo, quero ouvir a tua voz...
Na sala do meu sonho, um azulejo
Quebrado, me prendendo tortos nós...
Se perco não me pelo nem pelejo,
Eu não quero ser algo nem algoz...
Caminho por teu ninho e tua senda...
Espero-te na curva do meu rio.
Nos desertos, ocara, taba, tenda,
Acabo tendo luzes sem amores...
Coração que não rebate bate cio,
Nos brilhos dos desejos, tuas cores...

Tanto prazer na chuva e nas tempestas,

Tanto prazer na chuva e nas tempestas,
Mistérios de divinas sensações.
O gosto das esperas, loucas festas,
Maltrata em arrepios, corações.
Vertiginosamente já me emprestas
Amores e mortalhas, teus perdões.
Deitando nas entranhas destas frestas
Que os tolos apelidam de paixões...
Rosto alvo de princesa, mãos macias...
As bocas carmesim, os arrepios...
Vestida de mentiras, fantasias,
Seriam mais sutis nos dias frios.
Amargo o sentimento da ilusão.
Me mate neste mate, chimarrão!

Não chegue de tardinha, já te peço.

Não chegue de tardinha, já te peço.
As horas mais gentis já não disponho.
Meus erros e consertos nem confesso.
Meu medo dos amores é bisonho!
Ferrabrás, Satanás, tanto faz, meço
Palavras e sentidos o meu sonho.
Doçuras e mergulhos! Endereço
Dos infernos: meu canto mais medonho!
Mordazes os sorrisos, são safados..
Vasculho nos teus bolsos, meu ingresso.
O mundo dos canalhas, seu congresso.
Permite decifrar sinas e fados,
Estremo temeroso, a podre unção.
Batuca melindroso, o coração!

A tua boca, esposa e fantasia,

A tua boca, esposa e fantasia,
Nos sabores ferozes dos teus beijos
As linhas cruéis: farsas, desejos...
Os ecos da discórdia em pleno dia...
Não sei de que me vale ou se valia,
O canto dos canários, tantos pejos,
O medo dos espinhos, vãos solfejos.
A porta das estrelas não se abria...
Linda e nua, remota e traiçoeira,
Os cardos e penúrias, podres urzes...
A mão que tortura, vez primeira.
Revejo estes cansaços e disfarces.
Mas posso te ofertar algumas faces,
Decerto encontrará as velhas cruzes!

Na tarde tão divina e rutilante,

Na tarde tão divina e rutilante,
Os brilhos se misturam com as cores...
Aberta sobre o mar, ó bela amante,
Os caminhos das nuvens e das flores
Definem tal beleza, delirante!
Persigo teus pendores, onde fores,
A vida se transforma neste instante!
As tuas mãos morenas, meus amores,
Deslindam-se na tarde delirante!
Nas praias, clara areia, mansas ondas,
Os medos se tornaram fantasias...
Nos leitos das amantes, tantas rondas,
Em cores milagrosas, primavera...
Nos sonhos e nas conchas, melodias,
A vida não permite tanta espera!

Eu sempre que te vejo, rutilante,

Eu sempre que te vejo, rutilante,
Horizontes abertos, tardes claras...
Um manto languescente, minha amante,
Trazendo pr’este céu as cores raras..
A vida se deslinda, neste instante.
Constelações divinas, jóias caras,
Elevam-se qual flor mais deslumbrante...
Espaços siderais, belas tiaras...
Magistral plenilúnio sobre o mar!
Olhos estonteantes, lírios alvos...
Estradas radiosas, caminhar...
No delta dos amores, milagrosas
E divinas mãos, sobre montes calvos,
Milhares e milhares, tantas as rosas...

Nas mãos serenas, sonhos e quimeras...

Nas mãos serenas, sonhos e quimeras...
Desejos e romances se entrelaçam.
Em tempos dolorosos, velhas eras,
Os olhos fragilizam-se, disfarçam...
Nestas horas que sempre foram feras,
As rendas e promessas nunca passam,
O que será jamais trará esperas,
Vazios corações, tontos, se caçam...
Nas alfombras, descansas o teu cio,
Azulejos divinos, meu prazer...
Caminhos mais selvagens negam frio,
Desejos apodrecem tão maduros...
Calores siderais, todo o meu ser
Invadem: violentos, mas escuros...

Não conhecia medos nem quimera.

Não conhecia medos nem quimera.
O tempo se esvaia, sem propósitos...
Meus invernos, outono e primavera,
Das dores simplesmente vãos depósitos!
Amor de tantas cores quem me dera!
Não sei, mas pretendi saber compósitos
Que formam os caminhos desta fera,
Me perdi nestes tolos despropósitos...
Mas, acalmado pelo carmesim
Da boca da pantera que me olhava;
A vida sem resumo e sem ter fim,
Fazendo das esperas, esperanças.
Teu olhar, meu olhar, nada restava...
Quimeras minhas curas e lembranças...

Romântico, romântico, romântico!

Romântico, romântico, romântico!
Rasgando o coração, esqueço a vida...
No canto, teu encanto, no meu cântico,
A lua dos amores, sei perdida!
Nos céus explodirei, sincero, quântico.
No mundo dos meus sonhos, preferida,
Nos mares dos meus mundos, onde, atlântico,
Espero tua volta, despedida...
Te procurei nas ânsias do viver,
A quimera expressando minha dor,
Singulares desejos num blazer
Que guarda esse infeliz como um vulcão;
Explode, sem vergonha, num tumor.
Meu peito, amargurado coração!

Tédio sem fuga, espera, estreito teu abraço...

Tédio sem fuga, espera, estreito teu abraço...
Não deixarei estrela esquecida no céu...
Meu acalanto triste, envolto no mormaço,
Aguarda simplesmente um novo e belo véu.

Promessas e mentira, eu sei deste teu laço...
Mudaste de paixão, sempre foste infiel,
A noite que te viu, morreu triste cansaço...
Num rompante lunar. Ah! Como foste cruel...

Tédio sem fuga, luz... Eu sempre quis teu beijo...
Não pude navegar, esqueço, então do mar...
Nas ondas que te trago, o gosto da ilusão...

O rio do meu sonho, as águas do sertão.
Palavras que esqueci, dizer que é bom te amar,
São coisas que esqueceste, estradas do desejo...

Meu amor traz completa sensação

Meu amor traz completa sensação
De universos vagando sem sentido.
Perdendo-se renasce na amplidão,
Inteiro é que se encontra dividido...
Imerso nos teu mares, convulsão,
No meios das estrelas vai perdido
Amor que não dispara coração,
É luz e treva, segue sem ter sido...
Nas horas mais tristes
Amor que não sei
No mundo encontrei
Saudades e risos,
Tormentas e praias,
Verdades e saias,
Nos céus, paraísos...
Meu amor traz cantigas infantis,
Cantinflas, Mazaropi, cines boates.
Todos sonhos medonhos, pueris.
É canto que encanta
Trazendo esperança
Olhar de criança
Verdades e lendas,
Heróis e fantasmas
Suspiros e asmas.
Desertos e tendas..
Esse amor minha seiva, rum e mel,
Serenatas, manhãs, ruas, mascates...
Nas ilhas dos seus sonhos, sou ilhéu...

Amor que não se pede, espere bem sentado,

Amor que não se pede, espere bem sentado,
Amor que não se cuida, a semente não brota...
Passarinho, prendi, ficou demais calado...
Meus sonhos de cristal, a lua é minha rota...
Não vou levar saudade, espero novo fado.
Perdido meu amor, jogado nesta grota.
Carrego meu cansaço, amor pobre coitado.
Felicidade enfim, cumpri a minha cota...
No riso que vigora, a vida toda chora....
Espero meu passado, aguardo meu futuro,
Morena por favor agora não é hora,
Se fores não terei, uma simples mortalha,
A vida que não tive, num alto e grande muro,
É corte que se dá no fio da navalha...

Invernosa, minha alma adormecida...

Invernosa, minha alma adormecida...
Os sonhos cristalinos : aflições!
Infernos que renascem, minha vida...
Tantas vezes luares e sertões,
Agora simplesmente vai perdida,
Longe das auroras e verões.
Derretem-se geleiras nesta brida.
Sina, caldeirão pleno de ilusões!
Canário que cantou nesta gaiola,
O coração não sabe dos amores...
Amor nunca se aprende nesta escola...
Minha alma adormecida, noite fria...
Minha Nossa Senhora, minhas dores,
Na triste madrugada, uma agonia...