quarta-feira, junho 14, 2006

Ode Às Mães de Maio

Penso no maio das mães,
Com seus filhos massacrados
Pior que fossem mil cães
Nos gritos desesperados
De quem tombou na batalha
Os mortos pela navalha

D’incompetência d’estado
Deixando esse povo refém
Do grito desesperado
Respondido por ninguém
Desse povo abandonado
Tratado qual fosse gado.

Penso nas camas vazias
Nos olhos sem amanhã
Nas teresas e marias
Vivendo a vida malsã
Esperando por seus filhos
Perdidos, fora dos trilhos.

As mães dos soldados mortos
Sem perdão e sem por que
Na visão dos homens tortos
Tentando sobreviver...
As mães que sempre sofreram
Que as esperanças perderam.

Sem poder nem apontar
Os olhos para os culpados
Que vivem para ocultar
Os desmandos desgraçados
Que tentam sempre esconder
Teimando no negar ver

Que os erros mais singulares
Cometeram, sem perdão.
Assassinando seus pares
Provocando a reação
De todos quantos conhecem
As dores que elas padecem.

As mães desses inocentes
Quatrocentos que tombaram
Nas ruas, pelas serpentes.
Que no fundo assassinaram
A todos sem exceção
Por terrível omissão.

Penso no pranto sofrido
Dessas mulheres perdidas
No terror tão desmedido
Que carregou tantas vidas
Me diga meu Deus por que
Tanta dor pra se viver...

Nos uniformes vazios
Dos soldados e operários
Nos olhos, trágicos fios.
Que ligam aos mandatários
Dos criminosos cretinos
De todos os assassinos.

Dos Pilatos que, omissos.
Permitiram tal chacina
Com seus olhos tão mortiços.
Trouxeram lá da Argentina
A visão das mães da praça
Nessa dor que não disfarça.

Nossas pobres mães paulistas
Também carregam seu fardo.
Procurando pelas listas
Onde esteja assinalado
O nome de seu rebento
Carregado pelo vento...

Se, nesse dois mil e seis,
Teceram essa mortalha;
Última, seja essa vez.
Que não repita a batalha
que nossas mães brasileiras
não merecem tais bandeiras.

soneto em redondilha

Meus companhero perdoa
As minha lamentação
Se falo não é à toa
Vem vindo do coração

Na boca o gosto da broa
Da vida nesse sertão
Meu pensamento mais voa
Dexando a lamentação

Pros que perfere a sodade
Eu perfiro nem dizê
Na vida, sinceridade

É perciso pra vivê
Mas cum amô e bondade
Mió pra mim e procê !

soneto em redondilha

Esperanças conjugar
Os verbos desta canção
Que permitem cravejar
Com amores e perdão

O brilho deste luar
Maltratando o coração
De quem quisesse sonhar
Anunciando o verão

Nas matas tantas promessas
Das flores em profusão
Tentando ser às avessas

Do que fora escravidão
Nestas luzes que professas
Profetizas compaixão!

soneto em redondilha

Quando me lembro de ti
Nas noites mais solitárias
Me recordo que vivi
Nessa vida, vidas várias.

Tantas coisas que perdi
Minhas dores vivem párias
Nos teus braços tanto li
Teus olhos por luminárias

Quero saber da saudade
Que maltrata, sem perdão.
Por tanto quanto que invade

Tragando-me em teu pendão
Ofuscando a claridade
Que vem do meu coração.

soneto em redondilha

Meus olhos na despedida
Do que tão pouco queria
O amor rasgando essa vida
Num tempo que não viria...

Tempo de tanta partida
Que nunca mais saberia
Poder encontrar saída
Vida que não viveria

Amores sempre são nada
Para quem, na madrugada,
Espera pela manhã.

De tanta vida malsã
Já traz velha alma cansada
Sem conhecer amanhã!

DOS PECADOS DE JUDAS E DE MADALENA

Por indicação de Geraldo Alckmin, o advogado Miguel Reale Jr., ex-ministro da Justiça na gestão de Fernando Henrique Cardoso, vai integrar o comitê tripartite que cuidará das finanças da campanha presidencial do PSDB. Os outros dois nomes podem ser indicados pelo PFL.


Lembram-se da homenagem feita na OAB ao, no mínimo escroque caseiro?
Pois é, o homenageante era esse camarada que agora demonstra por que fez aquele ato, no mínimo antiético.
Uma homenagem ao traidor, ao dedo duro, ao fofoqueiro que, sem apresentar provas não fez denúncias relacionadas à corrupção, que não foi comprovada e nem relacionadas ao que se pode afirmar como improbidade administrativa o que também não foi confirmado.
Fez simplesmente uma fofoca, dizendo ter visto o ex-ministro em festas onde haveria prostitutas.
Quem homenageia esse tipo de gente consegue ser, moralmente e eticamente mais frágil do que o fofoqueiro.
Nada contra as denúncias que possam vir acompanhadas de provas ou mesmo de suspeitas sobre atos que lesem o povo brasileiro.
Mas não podemos nos tornar reféns de pessoas que, em busca de fama ou de dinheiro, ferindo a ética social, mercê de suas atividades, venham a público “denunciar” fatos de foro pessoal de outrem.
Não quero admitir que isso seja perdoável, quanto mais louvável.
Os donos e donas de bordéis ou prostíbulos têm uma noção de moral e de ética bem superior a quem age desta forma.
As camas e saunas dos motéis de todo o mundo guardam segredos que não podem e não devem sair deles.
As traições do dia a dia não podem ser louváveis, mas a utilização destas como armas política é INDECENTE, muito pior do que o próprio adultério.
O PECADO DE JUDAS É MUITO MAIS GRAVE DO QUE O DE MADALENA, OU ALGUÉM DUVIDA DISSO?
Não estou discutindo se o caseiro recebeu ou não dinheiro de quem quer que seja; afirmo que suas atitudes foram hipócritas e canalhas.
E se isso foi louvado, quem louvou não merece melhores adjetivos.
Quem de nós não cometeu pequenos pecados que, no íntimo, nos envergonhamos e que tentamos manter sob o sigilo, socialmente aceito e necessariamente aceito; posto que podem, inutilmente, gerar crises existenciais e desestabilizar a própria família tão citada pelos “moralistas”?
Ah se meu fusca falasse!
O que pode-se dizer de alguém que age desta forma?
E quem aplaude isso?
Vejamos que, a CPI dos Bingos termina sem nenhuma PROVA contundente da participação de Palocci em nenhum ato lesivo ao país.
Contudo, a crise econômica que poderia ser desencadeada com esta palhaçada toda, seria extremamente lesiva ao povo mais pobre e humilde.
As atitudes irresponsáveis de quem “denunciou” as possíveis trepanagens do ministro e de quem as aplaudiu como ato de heroísmo mostra do que será capaz essa turma no poder.
Desfio a quem quer que seja que me mostre alguma prova contra Palocci que envolva dinheiro público, a não ser que dinheiro público tenha sido gasto para financiar o caseiro.
Um dos melhores presidentes americanos há pouco tempo, quase caiu por causa de um felatio.
Palocci caiu, por uma denúncia feita sem comprovação, por atos sem comprovação, e sob aplausos de quem comprovadamente permitiu as lambanças feitas com dinheiro público no Espírito Santo, à época de José Inácio e Gratz. Sob os auspícios de FHC. Quem não se lembra?

Lírica Dimitri

Brincando quieto na sala
Se não grita ou se não fala
Se fica muito calado
Já me deixa preocupado.
Arteiro, muito levado.
Quieto, lá vem novidade.
Dimitri muito parado
Sempre causa ansiedade.
Tá com o nariz melequento
Mamãe já fica ansiosa
Se em lá um pé de vento...
Mais também fica bem prosa
Com cada palavra nova
Olhando, contente aprova.
As “novidades” do moço
Se come bem no almoço,
Mamãe agradece tanto
Fica feliz com o fato
Mas quietinho no seu canto
Tá rasgando seu retrato...
Correndo lá pro quintal
Mexendo na terra suja
“Vai ficar “passando” mal”
E doente de lambuja
Pensa mamãe preocupada
Mas no final dá em nada.
Dimitri é muito sapeca
Levado para chuchu
Quando coloca a cueca
Depressa já fica nu
Arranca logo a calçola
“Menino, cê vai pra escola!”
Vô Jão Polino bem sabe
Das artimanhas do neto
Na casa ele já não cabe
De tanto amor e afeto
Diz com muita precisão
“Manda no meu coração!”
Vovó Rita fica rindo
Feliz com esse arteirinho
“Como é lindo esse meu neto!”
Por ele tenho carinho
Mas quando fica doente
Preocupa, toda a gente...
Tia Virginia também
Sabe que ele é novideiro
Não tem mais para ninguém
Só presse menino arteiro
Que reina aqui nessa casa
Que vive mandando brasa.
Tio Betinho coitado
Sofre com as armações
Desse garoto levado
Que vale por dez leões
Mas é feliz de verdade
Nessa bela flor da idade...

REDONDILHAS

Quando falo de saudade

Logo me vem tua imagem

Percorrendo esta cidade

A cada rosto miragem

Vejo essa boca pequena

Em cada curva da estrada

Minha vida, de serena.

Transformou-se revoltada

Numa grande tempestade

Que não tem mais paradeiro

Dolorosa de verdade

Te procuro o tempo inteiro

Quando acordo tão sozinho

Vou procurando te ver

Já não tenho meu caminho

Já não consigo viver

Quero te ter bem comigo

Pra me dar alento e amor

Pois sem ti eu não consigo

Encontrar mais o calor

Do que foi feita essa vida

Vida minha em tua feita

Minha vida vai perdida

Sem a tua nessa espreita

Nem espero mais ter vida

Se não tiveres por mim

Vida minha triste lida

Sem tua boca, carmim.

Quero o sol da madrugada

Quero a lua desta tarde

Vou morrendo sem ter nada

Vou vivendo de saudade.