terça-feira, julho 04, 2006

Liberdade, ainda que tardia...


Venezuela formaliza sua adesão ao Mercosul

A entrada da Venezuela no Mercosul, cada vez mais um bloco que se torna fortalecido e com aspectos de independência com relação às potências européias e aos EUA, demonstra que o caminho tomado pelos líderes latino americanos, é o correto.
Não quero discutir Chavéz, quero falar sobre a Venezuela, país de importância econômica e estratégica fundamental para o engrandecimento do bloco.
A unidade latino americana, assim como a União Européia, é de vital importância para o desenvolvimento de um novo mapa econômico mundial. Somente ela poderá fortalecer os países ao sul dos EUA, com problemas comuns e soluções urgentes.
A cada dia, vemos o quanto é importante, na globalização, a união entre povos para o fortalecimento em debates e nas ações conjuntas contra ou a favor de interesses comuns.
O Mercosul, contrapõe-se à ALCA, cuja finalidade primária é o subjugar o continente latino aos interesses da superpotência ao Norte.
Em uma entrevista, Geraldo Alckmin se declarou favorável à reabertura das negociações visando a construção da ALCA, idéia extremamente infeliz e contrária ao rumo da história.
Esse caminho não pode ser desviado e não se pode negar o rumo natural da humanidade. A subserviência aos EUA, através da ALCA, é desastrosa para todos nós, latino americanos.
Sob a desculpa de que teríamos que aumentar os mercados, muitos defendem a reativação dos discursos sobre ela. Qualquer um percebe que isso não passa de uma balela. O comércio Livre, sem a mínima proteção à indústria e à produção local, leva à destruição da indústria dos países mais pobres, ou a exploração cada vez maior de sua mão de obra, por preços irrisórios, com o fortalecimento das transnacionais que já dominam o mundo.
Outro aspecto de importância vital, é a política de monopolização de áreas agrícolas, visando a exportação, sempre a preços irrisórios.
Isso já vem ocorrendo em vastas áreas dos territórios das nações latino americanas, e a tendência seria o agravamento desta tragédia ecológica.
Um bloco mais homogêneo, em problemas e necessidades, fortalece a todos. Dando, inclusive independência aos seus associados.
A melhoria observada pelas economias européias mais frágeis, é exemplar. Não se observa, qualquer coincidência entre a União Européia e a ALCA.
A América Latina está cumprindo, tão somente, o seu destino histórico, idealizado por Bolívar, entre outros, de se tornar um importante partícipe desse novo mundo que se avizinha.
Com relação às lideranças atuais, elas são passageiras, e de importância relativa. Não podemos esquecer que Bush, também o é, para sossego do mundo.
Não interessa o declínio dos EUA mas, principalmente, o fortalecimento de um continente explorado, historicamente, desde a descoberta.
Trocar ouro por bugigangas deve se tornar, cada vez mais, uma simples imagem de retórica. A destruição do patrimônio natural, pela substituição das riquezas naturais por monoculturas, o contrabando de patrimônio genético, entre outras coisas, são uma garantia para os povos da América Latina, de sua sobrevivência e dignidade.
Não á ALCA é um sim à Independência e ao futuro.
Bem vinda, Venezuela.
Fortalecendo o sonho de Bolívar, fortaleceremos todo o continente. Dando um passo importantíssimo rumo à liberdade, ainda que tardia.

O retorno a casa. longe da pátria que os pariu!

Decepção da Copa, Ronaldinho "festeja" com comida, dança e balada

SÉRGIO RANGEL
Da Folha de S.Paulo, em Barcelona

Um
dia depois da eliminação do Brasil na Copa, o meia Ronaldinho deixou a tristeza de lado. Maior decepção do Mundial, o jogador do Barcelona aproveitou o primeiro dia de férias com muita dança, comida e balada. E só foi dormir após as 5h da madrugada de ontem.

Logo após chegar da Alemanha, Ronaldinho organizou, no final da tarde de domingo, um almoço em sua casa em Castelldefels, cidade vizinha a Barcelona. Ao som de pagode e hip hop, o camisa 10 do Brasil recebeu amigos e parentes nos jardins de sua residência. À noite, seguiu para a boate Sandunguita, onde dançou até amanhecer.

Ronaldinho teve como convidado especial Adriano, da Inter de Milão, que também fracassou na Copa da Alemanha. O atacante acompanhou o meia até o final da balada. "Eles fizeram uma festa grande. Fui dormir depois da meia-noite, e a música ainda estava tocando", disse Carmen Martinez, uma das vizinhas do jogador.

Ela mora em frente à casa do ídolo do Barcelona. Depois da recepção em seu jardim, Ronaldinho foi para a boate com um grupo menor. Além de Adriano, alguns amigos de Porto Alegre.

"Ele mostrou a alegria de sempre. Dançou muita música brasileira, samba, funk, além da salsa", relatou o garçom João Marcelo Filho, um dos brasileiros presentes na boate, especializada em ritmo latinos.


Não se pode crucificar os atletas acima citados, nem qualquer outro que tenha a visão profissional sobre qualquer profissão.

O médico que acaba de ter um insucesso em uma cirurgia, com a morte do paciente não entra, necessariamente em crise.

Muito menos o engenheiro que tenha um prédio assinado por ele que desabe, mesmo que cause centenas de vítimas.

O advogado que perca uma causa, mesmo que o seu defendido seja condenado à pena máxima, não deve, necessariamente entrar em crise de consciência.

O mundo mudou em alguns aspectos, mas no futebol, principalmente no Brasil, ainda temos a visão amadora sobre o esporte. É um jogo, nada mais que um jogo.

Uma Copa do Mundo é um torneio qualquer, com aspectos majoritariamente econômicos. Nada além disso.

Os dois “fenomenais” craques de futebol têm a carreira profissional garantida. Não precisam de mais nada, a não ser de si próprios para a sobrevivência.

Os salários a que fazem jus, são exorbitantes mesmo nos países de primeiro mundo.

A mídia endeusa a cada dia, os feitos fantásticos desses craques do mundo. Não podemos mais ter a idéia de país e nação, a não ser que queiramos falar dos povos “atrasados” como os europeus que, para nossa estranheza, comemoram com glória as vitórias e lamentam, fervorosamente, as derrotas.

Isso se repete, mesmo em selecionados do terceiro mundo, como as comemorações dos países africanos, como Costa do Marfim, mesmo na derrota. Isso ficou exemplar, quando jogadores marfinenses comemoravam a vitória contra Sérvia e Montenegro.

A vontade de vencer estampada nas seleções da Argentina, da Itália, da França, da Alemanha são de orgulhar qualquer amante do desporto e da vida.

Um outro aspecto que percebi foi, ao ver um povo como o inglês e o alemão, sofrendo e a face de desolação de seus atletas. Os sorrisos estampados, a princípio tímidos e depois eufóricos, como vemos acima demonstram que o brasileiro foi enganado.

Terrivelmente enganado por todos, da mídia até os milionários e falsos “fenomenais” que foram passear na Alemanha.

Recordo-me de jogadores afirmando ser extremamente cansativo ficarem num castelo luxuoso, em concentração.

Realmente, deve ser muito cansativo ter que permanecer em um local luxuoso, sendo tratado com o que há de bom e de melhor, sendo bajulados por uma imprensa servil e endeusadora, sob os olhos fascinados de um povo como o nosso, imbecil.

Esse fenômeno foi pura e exclusivamente brasileiro, e isso é o que me irrita.

Não se devem usar desculpas como as de que “são jogadores profissionais e que não estão mais no Brasil”. Isso ocorreu com quase todas as seleções, e não pode ser colocado como fator diferencial.

Outra coisa, tivemos jogadores famosos, ricos, etc e tal, como os ingleses, os espanhóis, os argentinos, lutando fervorosamente e com uma vontade de vencer exemplar.

Nossos “deuses”, acharam melhor o passeio, deslumbrados pelos elogios. Quando, no começo da preparação, o obeso Ronaldo e outros foram vistos “tomando uma dose” nos bares alemães e disseram que o “problema era deles”, imaginava-se que, realmente, o problema era deles.

Agora, ao final de tudo, demonstraram que o “problema foi deles” e , que se danasse quem esperava um pouco de honradez nas atitudes “deles”.

Desculpem-me, mas eu não torço mais para esse time, não merecem.

Sou do tempo em que, Renato Gaúcho, ao ir a uma festa na casa de amigos flamenguistas, numa final de campeonato brasileiro, foi expulso, sob aplausos da torcida, do Botafogo.

Lembro-me do orgulho de Zico de vestir a camisa flamenguista, e de Nilton Santos com o amor eterno ao time botafoguense.

Romário, na última Copa, foi às lágrimas, na tentativa de participar da Copa. Faria mais do que o obeso e o “imperador” fizeram nesta, com quarenta anos!

Portugal, Itália, França e Alemanha. Quatro seleções do mundo civilizado, onde o futebol, com certeza, não é o “ópio do povo”, em nenhum desses lugares, existe uma “pátria de chuteiras”.

Dizer que somos subdesenvolvidos e que o futebol é nossa válvula de escape, é pouco.

A bem da verdade, essa auto-suficiência demonstra a distância entre os nossos “gênios” e a realidade. Filhos de brasileiros pobres, se tornaram profissionais e só, somente isso, profissionais.

Profissionalmente, a partir de agora, a minha indiferença será a mesma com que um sonho de um povo, assim como o sonho do inglês, do argentino, do alemão, foi tratado.

Os jogadores do Barcelona, da Inter de Milão, do Milan, do Real Madrid, entre outros retornarão aos verdadeiros ninhos, onde estarão em casa, bem longe da pátria que os pariu!